quarta-feira, 14 de março de 2012

Histórias de Peão. Parte VII

Noiva em fuga, madrinha em ação.



Minha saúde ia às mil maravilhas. Os dias se passavam e estava chegando duas datas importantes, o rodeio e o casamento da Vitória.

Acabei me enturmando melhor com ela e as amigas. Ela não falava muito do noivo, sempre que eu perguntava, ela dizia que ele estava no trabalho. Mas parecia feliz. Bem, não tão feliz quanto se espera de uma noiva, mas...

Certa tarde fui até a casa dela e a encontrei se arrumando para ir a cidade.

-Quer uma carona?
-Hum, você caiu do céu.-Ela suspirou.-Vou fazer a última prova do vestido. E vou fugir um pouco dessa bagunça.
-Vitória, você ta bem?
-Claro.-Ela pegou a bolsa.-Vamos?

Saímos nas pontas dos pés. Quando alcançamos à varanda, havia um homem bonito perto da fonte na entrada. Ele segurava uns papeis, quando os dois se viram, eu me senti nos bastidores de uma novela mexicana.

Para bom observador, um olhar basta. Eles tinham, tiveram ou teriam um caso.

Entramos no carro quietas, quando passei pelos portões com o carro, resolvi acabar com minhas duvidas.

-Sabe prima, eu vivi na cidade grande a minha vida inteira. Via diariamente na escola, na rua, na vizinhança.
-Via o que?
-Isso que eu acabei de ver agora.-Ela ficou tensa.-Você gosta daquele peão, não gosta?
-Ele é capataz da fazenda.-Ela recostou no banco.-Foi uma loucura.
-Sei, daquelas loucuras gostosas que você não quer deixar de fazer?
-Passamos dos limites.-Ela começou a chorar.-Eu não acredito que fui capaz.

Parei o carro em um cantinho e me voltei pra ela, a puxei pro abraço. Uma consolando a outra.

-Ele a obrigou a algo?
-Não.-Ela se afastou rápido e secou as lágrimas.-Aconteceu há muito tempo. Coisa de uns três anos.
-Tudo isso?
-É.-Ela suspirou.-Eu tinha acabado de completar dezoito anos.-Ofereci um lenço a ela e ela respirou fundo.-Ele me levou para dar uma volta de barco, já havíamos nos beijado em diversas ocasiões. Então aconteceu à beira do lago. Foi lindo, ele foi atencioso e carinhoso. Também estava apaixonado e me pediu pra fugir com ele.
-Ah que romântico.-Eu fiquei imaginando meu peão propondo a mesma coisa. Sonhar era possível uai.-E por que você não vai?
-Você já ouviu a história dos meus pais?-Ela tentou manter a calma.-Meu pai ao menos tinha uma profissão, era formado em engenharia e tinha um apartamento no rio, para onde podia levar minha mãe.
-E ele é só um peão.
-Eu não estava preocupada com dinheiro.-Ela desembestou a chorar de novo.-Mas meu pai iria nos matar quando nos encontrasse.
-Você ao menos tentou falar com eles, sobre os seus sentimentos?
-Não. E o pior, fui estúpida o bastante para engravidar.-Meu coração deu um coice.
-E o que você fez com o bebê?
-Na primeira vez, caí do cavalo.-Ela sacudiu a cabeça.-Eu estava zonza, o cavalo aumentou o galope e eu não consegui me segurar. Minha mãe manteve segredo com meu pai.
-E por que você disse “na primeira vez”? Aconteceu de novo?
-Estou grávida.-Ela soltou o cinto e deu pra ver a voltinha que o ventre fazia na roupa.
-Você vai enganar ao seu noivo, a essa criança, a sua família e ao homem que você ama?
-Não tenho escape.-Ela concertou o cinto.-Vou me casar no próximo fim de semana e acabar com essa história de uma vez. É o melhor a fazer.
-Menina, você está arrumando um problema pra sua vida.-Suspirei, pensando que era o sujo falando do mal lavado.-Mas não sou ninguém pra dizer isso. Só acho que, se eu tivesse uma confissão dessas do homem que eu amo, se ele me pedisse pra montar em sua garupa e meter o pé na estrada, eu ia sem pensar duas vezes.
-Eu também gostaria muito de ir, mas meu pai arranjou o casamento. E também, já dei uma escapada com ele e ele pensa que o bebê é dele.
-Vitória, quem te aconselhou a fazer essas coisas?
-Ninguém. Você é a primeira pessoa com quem me abro, sobre esse assunto.
-Bem, vamos pra cidade esfriar a cabeça.-Coloquei o cinto e liguei o motor.-Vocês vão morar por aqui?
-Sim.-Ela limpou a maquiagem borrada e refez.-Mas você é apaixonada por alguém impossível também?
-Não. É possível, mas ele não quer.
-Bem, conheço alguém que iria gostar muito de te oferecer uma garupa.
-Quem?
-É segredo, não posso contar.

Meu coração ficou apertado. Queria tanto acreditar que fosse Gabriel.

Na sexta eu fui à cidade à noite. Comprei algumas coisas no armazém e encontrei Miguel saindo do bar, abraçado a uma garrafa de cachaça pura.

Ele me viu e tomou as bolsas das minhas mãos.

-Aonde estacionou o carro?
-Mais à frente. Está conseguindo se manter em pé?
-Sou bom de copo.-Ele me acompanhou até o carro, colocou as compras no banco de trás.-Então moça, não quer ir dar uma volta?
-Você está fedendo a bebida.
-Eu tomo um banho.-Ele sorriu.-Ou melhor, o que acha de irmos pra cachoeira?
-Há essa hora?
-Está cedo. Está calor. Me acompanha?
-Certo. Mas comporte-se moço.

Ele riu e entrou no carro. Peguei a estrada de volta, parei em frente à fazenda, levei as compras e voltei.

Miguel estava com a camisa aberta, era um peão bonito e gostoso. Tinha os olhos expressivos e uma boca carnuda e deliciosa.

Chegamos à cachoeira, ele saiu do carro, abriu minha porta e me arrancou lá de dentro.

Nos envolvemos em um abraço de cobra bem enroscado, enquanto as bocas se comiam. Ele me imprensou contra o carro, mostrando a ereção já latejando contra meu corpo. Com um tanto de brutalidade, ele abriu minha blusa. Os botões voaram. Por sorte estava com uma blusa coladinha por baixo.

As mãos dele desceram pro meu cinto, Me sentei no carro enquanto ele arrancava minhas botas e as meias. A calça foi à próxima vítima.

Ele começou a tirar os sapatos com movimentos dos pés, tirou o cinto e a calça. Eu fiquei somente observando. Acho interessante quando os homens se despem. Eles se preocupam em libertar os órgãos genitais primeiro. A camisa foi à última coisa que ele tirou.

-Então, vamos pra água?
-E se estiver fria?
-Eu te esquento.
-Hum, vou acabar pegando uma pneumonia assim.-Arranquei a blusa e a joguei dentro do carro, a calcinha foi à próxima. Ele sorriu e me pegou no colo.

Caímos na água fria e doeu na alma. Mas não demorou, estávamos enroscados em outro abraço. Dessa vez, minhas pernas enroscadas na cintura dele, os lábios dele exploravam minha garganta, ele deu uma mordida encima da pulsação e foi descendo pelo colo até encontrar meus seios.

-Ah moça, estava com uma saudade de você.
-É mesmo?-Ele me levou pra margem e me deitou sobre a terra vermelha.-Você andou sumido.
-Estava resolvendo umas pendências.-Ele descia as mãos espalmadas pelo meu corpo, veio das costas, passou pela cintura e parou nas cochas.-Já disse que tem um corpo lindo?
-Já me chamou de gostosa.
-Pois é.

Ele veio me beijando a barriga e descendo, até encontrar minha boceta.

A língua dele foi fundo, ele a abriu bem e começou a sugar meu grelinho. Cada sugada me dava um choque de prazer. E se ele continuasse eu iria afogá-lo em breve com meu gozo.

Ele lambeu, chupou e lambeu e chupou. Os dedos dele penetraram em mim e eu enlouqueci de vez.

Meus olhos marejaram de prazer, me arrepiei por inteiro. Era delicioso sentir o hálito quente quando tanta água fria nos cercava.

Eu rebolava e ele segurou meu quadril, apertava meu bumbum e chupou de uma forma que me fez gozar.

Eu estava ofegante ainda, quando ele me soltou e colocou o pau na entradinha da minha gruta. Hum, ele entrou de uma vez e eu tremi de surpresa e tesão.

A lucidez sumiu e agora, eu me masturbava, enquanto o peão enfiava o pau com vontade. Gozei no pau dele. Já estava sem forças, quando ele me trouxe pra dentro da água, me virou de costas, me abraçou e voltou pra dentro de mim.

As mãos dele apertavam meus seios. Ele arremetia com força, fincava até o fundo e sugava minha orelha, beijava meu pescoço.

Miguel urrou quando foi atacado pelo gozo. Ficou abraçado a mim, o murmúrio da noite eram os únicos sons. Mergulhamos para lavar o corpo e saímos da água. Ficamos deitados a margem do rio
namorando.

-Eu tenho que ir.-Falei enquanto começava a me vestir.-Amanhã é o casamento da minha prima. Vou cedo pra fazenda.
-Certo.-Ele pigarreou enquanto se vestia.-Amanhã nos vemos então.
-Bem, amanhã estarei ocupada o dia inteiro...
-Iremos nos ver assim mesmo.-Ele segurou meu rosto e me beijou.-Sabe moça, é uma mulher e tanto. Se eu a conhecesse antes, com certeza, iria arrastá-la até o altar.
-Miguel, você está bem?
-Melhor agora moça.-Ele me beijou e sorriu.-Até amanhã.
-Até amanhã.-Entrei no carro e ele ficou do lado de fora.-Hei, você não vem?
-Vou andando pra esfriar os ânimos.

Saí dali estranhando o jeito com que ele me olhava.


O casamento foi no sábado pela manhã, em uma tenda armada na fazenda. 

Estava calor, eu cheguei cedo à fazenda, havia me comprometido a ajudar com a maquiagem e o cabelo da mãe da noiva. Já que toda atenção foi pra noiva naquela manhã.

A Chloe não estava tão feliz quanto se esperava de uma mãe de noiva. Pra mim, aquele casamento não daria certo nem um ano.

-Tia, tem certeza que vai deixar esse casamento seguir em frente?
-O que você está sabendo?
-Tudo.-Estávamos sozinhas e me senti mais confiante, em conversar com ela.-A sua história com o Nando foi tão louca e deu tão certo. Por que não a apoiou também?
-Fiquei com medo.-Os olhos dela também marejaram.-Mas minha menininha está tão infeliz.
-Você se oporia se ela dissesse não, na frente do juiz?
-Claro que não. Ia ficar mais aliviada. Só que o Nando...
-Consegue conte-lo?
-Claro. Mas o que está tramando, menina?
-Só sou a favor do romance e gosto de ver casais felizes.-Terminei de prender os cabelos dela.-Pronto, agora pode pegar o chapéu.
-Sabe menina, quando vejo você com meu Gabriel, eu volto no tempo. Parece que me vejo na época em que namorava o Fernando.-Fiquei vermelhinha e ela riu.-Eu era igualzinha a você. Uma adolescente apaixonada e encrenqueira.
-Mas...
-Sem mas. Você parece ter um plano, vá executá-lo e diga quando tenho que agir.
-Obrigada tia.

Saí dali correndo, encontrei o capataz na entrada, com uma prancheta na mão, conversando com um garçom.

-Hei moço, preciso da sua ajuda.
-Estou ocupado moça.-Ele bradou nervoso.-Como eu ia dizendo...
-Escuta seu desaforado, você sabe com quem está falando?-Empurrei o garçom.-Vai servir bebidas e nos deixe a sós.
-Com licença.
-O que quer, menina atrevida?
-Tem um cavalo branco aqui na fazenda?
-Tem o da noiva. Por quê?
-Você vai selá-lo e espero que ele esteja limpo e bonito, porque você não vai deixar a Vitória se casar.
-Como é que é?
-Você escolhe. Ou rouba a noiva, ou deixa ela se casar com outro.-Falei baixinho.-Já imaginou, daqui a poucas horas, ela será a senhora fulana de tal e a noite, estará se entregando a outro homem. E ele irá vê-la naquela lingerie branca linda que ela está usando agora por baixo do vestido.
-Escuta moça, ela fez a escolha dela. Não vai querer mudar agora.
-Bem, já que é assim.-Dei de ombros.-Sabe, se um homem viesse montado em um cavalo branco, me impedir de me casar com o homem que não amo... ah, eu ia sem medo.
-O pai dela...
-A mãe dela nos deu carta branca. Vai segurar a fera.
-Isso é loucura e se ela não vier?
-Você nunca vai saber, se não tentar. E depois do casamento você vai se perguntar, por que eu não tentei?
-Você tem razão. Melhor eu ir preparar o cavalo.
-Certo. Vou mandar tirar aqueles arcos que tem na entrada do tapete.-Sorri imaginando a cena.-Qual é o seu nome?
-José Felipe.
-Certo Zé.-Ele riu.-Vê se toma um banho ta, você está fedendo a cachaça.

Saí dali correndo, voltei para o quarto da Chloe e a encontrei com o marido.

-Desculpe.-Ela sorriu enquanto arrumava a gravata do marido.-É... está tudo pronto, o cavalo, a festa...
-Certo querida, acho que o Gabriel está te procurando.
-Bem, com licença.

Saí dali e fui bater no quarto do Gabriel. Ele estava com a irmã, ambos olhavam pela janela.

-Vocês estão fazendo o que?
-Conversando.-Ela falou, enquanto abraçava o irmão e sorria pra mim.-Bem, vou deixar vocês a sós.

Esperei a Vitória sair, pra fechar a porta.

-Por que está me olhando dessa forma?
-Você esteve com Miguel ontem à noite.
-Gabriel, o que você quer com isso?
-Vocês saíram juntos de carro.
-Sim e daí?
-E daí que você está trepando com ele.
-E quem disse isso pra você?
-Ninguém.-Ele estava com os olhos de gavião, me acusando mais uma vez.-Só queria saber se ele está pagando.


-Escuta aqui seu idiota.-Parti pra cima dele, podia ser pequena, mas não era de levar desaforo pra casa não.-Você pensa que está falando com quem? Essas brejeiras com quem está acostumado a trepar?
-Não, é com você mesma que estou falando.-Ele me apertou ao abraço e me jogou na cama, indo pra porta.-De todos os peões da fazenda, pro que justamente o Miguel?
-Eu não transei com o Miguel ontem!
-Mas nos outros dias fez.-Fiquei calada e ele riu.-Claro, sempre que vou procurá-la, tem sempre uma desculpa daquela empregada que diz que você saiu. E você some justamente quando o Miguel some.
-E você está com ciúmes?-Sentei na cama, recostando na cabeceira.-Não gosta de me imaginar abrindo as pernas para o Miguel? Ou para os outros peões da fazenda? Contente-se Gabriel, foi você que me transformou nessa puta.
-Não a transformei em nada.-Ele começou a se irar.-Você tem dois caminhos. Fica com só um homem, ou dá pra todo mundo. Aconselho que cobre, caso queira seguir o segundo.
-E você?-Me ajoelhei na cama, engatinhando até o meio dela.-Prefere que eu fique só com você? Vai me expor como um troféu e depois sair com as brejeiras dessa cidade imunda?
-Eu nunca te expus.-Ele olhava pras minhas pernas e subia pro meu decote.-Você está trocando as coisas.
-Não Gabriel, você está trocando as coisas. Está me cobrando o que? Fidelidade? Quer ser o único a brincar e quando aparecer outra virgenzinha inocente, vai me jogar na caixa de brinquedos de novo?-Me levantei da cama e fui até ele devagar.-Lembra Gabriel, da nossa primeira vez? Lembra que eu disse que era virgem e você não me ouviu?
-Por acaso não gostou?
-Gostei sim.-Sorri tocando no peito dele.-Mas você tinha dois caminhos também. Me seduzir e fazer as coisas com calma, de forma que eu só tivesse olhos pra você, ou trepar comigo de qualquer forma, dando ouvidos ao seu desejo, me deixando assim, insaciável.
-Está dizendo que você está trepando com qualquer um, por minha culpa?
-Não Gabriel, estou dizendo que todos temos escolhas.-Voltei para a cama, me sentei e cruzei as pernas.-Você fez as suas, eu as minhas. Com quem transei, ou ainda vou transar, é problema meu. Nós não temos um relacionamento, você esqueceu de pedir minha mão em casamento.
-Eu?-Ele riu.-Pedir você em casamento? Um modelo de lealdade.
-Eu sou leal Gabriel.-Eita que o sangue estava começando a esquentar de novo.-Eu pensei que você era melhor do que aqueles idiotas da cidade. Mas você é igualzinho a eles.
-Só por que sou sincero?-Ele se aproximou e me fez levantar.-Minha sinceridade ofende?
-Me deixa passar Gabriel, não tenho mais nada pra falar com você.
-Vem aqui mulher.-Ele me prendeu pela cintura e me beijou.-Você fica linda irritada.
-Me solta.
-Estou pensando em prender você na cama.-Ele sentou e me puxou pro colo.-Gosta da idéia?
-Claro que não!-Ele desceu o zíper do vestido, soltou as alças.-Gabriel!
-Vai brigar comigo? Adoro mulher braba.

Enfiei a mão na cara dele. Ele me olhou com “aquele” olhar de assassino frio e calculista. Me tombou no chão com uma rapidez que só me deixou perceber, quando ele estava por cima.
O pau latejava preso dentro da calça. Ele segurou minhas duas mãos acima da cabeça, enquanto roçava em mim.

-Gabriel, não estou brincando. Se continuar, eu vou gritar.
-Grita.-Ele lambeu minha boca, sugou meu lábio e sorriu.-O que foi? O gato comeu sua língua?
 
E me calou com um beijo desentupidor de pia.

Pronto, não era mais eu naquele corpo. Era ele o invadindo em uma penetração única e profunda. E o safado ainda riu, quando me sentiu molhada e pronta pro coito.

Meus peitos estavam presos na boca e mão dele e eu já estava descobrindo de novo o caminho da felicidade. E lá vinha um orgasmo daqueles explosivos.

Rapidinha é uma delícia, depois de uma briga, é maravilhosa, agora, com direito a orgasmo, ah não tem preço.

Ele me beijou com vontade e terminou de arrancar meu vestido. Agora ele estava ajoelhado e me puxava pela cintura e abria caminho como só ele sabia fazer.

Meu corpo acolhia ao dele e deliciosamente era bem recompensado.
Gabriel me calou com um beijo, o abracei, enfiei os dedos entre os cabelos dele enquanto as línguas dançavam uma contra a outra. Ele penetrou com força e pressão mais algumas vezes e gozou. Quando se recuperou, ele me levou nos braços até a cama.

Ficamos aninhados encima da cama, eu sentada no colo dele, em um abraço suado. Apenas ouvindo nossos pensamentos.

Ele sorriu quando ergueu a cabeça. Aquele sorriso sacana que me deixava mole.

-Sabe que eu adoro deixar você irritada?
-Você não presta Gabriel.-O empurrei pro lado e fui atrás do meu vestido.-Fez essa cena toda, só pra transar comigo?
-Claro! Acreditou mesmo que eu estava com ciúmes de você?-Ele riu de forma debochada.-Você é maior e dona do seu corpo. Faz o que quiser.
-Você é um idiota.-Parei em frente ao espelho, enquanto ajeitava o cabelo e o vestido.-Um peãozinho metido à gente importante, pensa que pode me manipular quando bem entender.
-Miguel é um cavalheiro, não?
-Esquece o Miguel.-Respirei fundo pra tentar me acalmar.-Essa foi à última vez Gabriel. Nunca mais você vai brincar comigo assim.

Saí dali batendo a porta, me enfiei no banheiro pra tentar me acalmar. Estava com raiva, frustrada e triste. Queria muito enfiá-lo de cabeça na terra, ou colocá-lo em um caldeirão de água fervendo e fazer sopa de peão safado.

Respirei fundo, me sentei no meio do banheiro, estiquei os braços pra cima, ouvia só minha respiração, nada mais existia. Fui até o chão, contei até cinqüenta e voltei.

Pronto, equilíbrio reestabilizado, abri a bolsa e retoquei a maquiagem. Saí do banheiro e dei de cara com ele saindo do quarto, ajeitando a gravata.

-Pode me ajudar, pelo menos?
-Claro.-Puxei a gravata, enrosquei, virei, coloquei por dentro do nó e o puxei até enforcá-lo.-Prontinho.

Saí dali e o deixei com a missão de ajeitar a gravata. 




Vi um cavalo branco amarrado perto da fonte. Aquilo ali seria interessante. Ainda bem que havia um cinegrafista. Fui falar com ele, informei sobre a surpresa e pedi para ele não perder nada. Adoraria ver isso até o resto da minha vida.

Quem disse que a vida real não pode imitar a ficção?

Fui pra sombra, peguei uma taça que passava encima de uma bandeja e sorri. Aquilo seria muito interessante.

Em um certo momento, senti pena do noivo. Eu nem o conhecia e estava tramando para arruinar o casamento dele. E se ele amasse a Vitória também? Bem, ela amava o capataz e ele também a amava. Iriam ter um filho juntos. Uau, isso daria um livro.

À hora passou correndo. Me posicionei ao lado de Gabriel na entrada da tenda. Algumas moças estavam emburradas pro meu lado. E eu pro lado dele. Perfeito, se alguém quisesse trocar, era só falar comigo.

A música de entrada soou. E para minha surpresa, Miguel passou ao meu lado de fraque, com uma flor branca na lapela.
Minha pressão baixou. Ele estava entrando na tenda acompanhado por uma senhora. Ah meu Deus, ele era o NOIVO!

Era disso que o Gabriel tanto falava. Esse era o segredo que Miguel guardava. Ele era noivo da minha mais nova amiga. Meu Deus, eu havia transado com ele na noite passada! Que crápula! Fui só sua despedida de solteiro.

Quantas ali também não tiveram essa honra? Por isso ele era um túmulo. Ele estava defendendo seus interesses.
Gabriel pigarreou quando chegou nossa vez, ofereceu o braço com um sorriso sugestivo no rosto.

-Por que não me disse?
-Isso deve ser uma desilusão não?-Ele debochou enquanto entrávamos.-Você parecia tão interessada nele.
-Gabriel, me poupe do seu sarcasmo.
-A verdade dói?

Miguel baixou a cabeça quando passamos por ele. Se olhar matasse, ele estaria mortinho da Silva agora. Gabriel estava rijo ao meu lado, me puxou para seu lado e segurou minha mão.

-Pode ficar tranqüila, a Vitória não vai saber do que se passou com vocês.
-Não se passou nada.-Meus olhos marejaram.-Também acho que ela não vá se importar muito.
-Nenhuma mulher gosta de saber que seu homem ficou com uma amiga sua.-Ele ficou sério quando uma lágrima escorreu pelo meu rosto.-Desculpe, esqueci que está apaixonada por ele. Só mais uma iludida.
-Não estou apaixonada por ele.
-Então finge muito bem.-Ele beijou meus dedos e sorriu.-Mas sorria, tem cerca de cinqüenta peões na fazenda do seu avô. Se quiser, aqui também tem um monte.

Fechei os olhos quando as lágrimas me cegaram. Doía tanto ouvi-lo falando aquilo.

Minha mãe me encarava da segunda fileira. Quando a vi, ela falou de forma que só seus lábios se moveram devagar.

“Fica calma”.

Claro que eu estava calma. Só estava com o coração esmigalhado. Queria sair correndo dali, me enfiar embaixo das cobertas e esquecer da vida.

Vitória apareceu na entrada da tenda, de braços dados com o pai. Ensaiava um sorriso falso. Seus olhos verdes estavam molhados. O pai dela suspirou, antes de entregá-la nas mãos do Miguel e ir de encontro à esposa.

A cerimônia foi rápida. O Juiz falava desenfreadamente enquanto Vitória balançava de um lado a outro.

E veio a pergunta!
-Você Miguel Dias, Aceita Vitória Villar como sua legítima esposa?
-Aceito.
-E você, Vitória Villar, aceita Miguel Dias como seu legítimo esposo?
-É claro que não.-Ele veio na hora certa. Como eu previ, montado no cavalo branco.-Essa moça já é minha.
-Como é?-Fernando bradou e a esposa o segurou pelo braço.
-Vem comigo Vitória.-Ele ergueu a mão.
-Vai Vi.-Chloe falou.-Fica com ele.

Ela olhou pra ele e pra mim. Olhou em volta, soltou a mão de Miguel e montou o cavalo com a maestria de uma amazona.

Os dois saíram dali no galope, passaram pela porteira e tomaram literalmente o caminho da roça.

Eu assoviei, duas amigas dela gritaram. Algumas pessoas murmuravam. Miguel estava atônito ainda, nem sabia direito o que havia acontecido.

-Você teve parte nisso, não é?-Gabriel cochichou no meu ouvido.
-Sua irmã será mais feliz com o peão dela.
-E o noivo fica pra você?
-Gabriel, vai plantar espinafre.

Pisei no pé dele com o salto e saí dali. Miguel veio na minha direção, eu estava com o sangue quente, o esmurrei no nariz e continuei andando. Era a minha vez de extravasar.

Já passava das cinco da tarde, quando Gabriel me encontrou na cachoeira. Ele vinha com um cavalo marrom. A égua dele estava prenha. Era isso que eles tanto resolviam com meu avô. Queriam a mistura da égua grega, com o meu mestiço.

-Finalmente.-Ele desceu do cavalo.-Meu pai quer torcer seu pescoço.
-Ele não é o único.-Tirei o fone do ouvido e deitei na toalha estendida à beira da água.-Como foi a festa?
-Está rolando até agora.-Ele amarrou o cavalo e se aproximou.-Você quebrou o nariz dele.
-Ele mereceu.
-Ninguém entendeu o motivo.-Ele enfiou as mãos no bolso.-A Vitória ligou e mandou te agradecer pela idéia.
-Ela falou para onde iriam?
-Eles vão pra serra.-Ele sentou ao meu lado.-Peguei pesado com você, não?
-Me deixa em paz Gabriel.
-Não dá.-Ele apoiou o corpo nas mãos e se voltou para a água.-A culpa é sua, você me atrai.
-Que culpa tenho eu?
-Quem mandou ser gostosa?-Ele se voltou pra mim.-Eu estive pensando, acabei te julgando pelo que eu mesmo faço.
-O que quer dizer?
-Eu também te usei.-As aulas de etiqueta e as horas de ioga, me deram força pra não virar o cão naquele momento.

-Explique-se.
-Eu também tenho uma noiva.-Ai meu coração. Será que só tinha homem comprometido nessa droga de cidade?
-Por que nunca me disse?
-Porque não achei necessário.
-Por que eu fui só o chamado “caso relâmpago”?
-Não é nada disso. Só que... ela não vive aqui...
-Mas você prometeu casamento a ela.-Enfiei o i-pod na bolsa e respirei fundo.-Um dia ela vai cobrar.
-Mas eu...
-Olha Gabriel, foi muito bom enquanto durou.-Me levantei, o fiz se levantar da minha toalha e a enfiei na bolsa.-Mas já estava mesmo na hora de parar. Agora, com licença.
-Não quer aproveitar a festa?
-Não. Tem prova de equitação amanhã cedo. O rodeio é à noite. Tenho que descansar.
-Flor...

Saí dali, montei no cavalo e o deixei parado a beira do lago. Quando cheguei à fazenda, arremessei a bolsa na varanda e fui pro campo correr. Distração melhor do que treinar com o cavalo? Nós éramos amigos, era como um cachorro de um metro e noventa, que me deixava montá-lo.





(LINK PRA PARTE OITO)
http://kantinhodoscontos.blogspot.com/2012/03/historias-de-peao-parte-viii.html 

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