quinta-feira, 2 de junho de 2011

Meu irmão e eu. História não verídica.

Nota:  Essa assunto não é dos meus favoritos
apenas escrevi um texto para a Fantasy Island 
e resolvi postar aqui.
Críticas serão aceitas, mas fora daqui.


Meu nome é Ana, tenho vinte e dois anos, há algum tempo fiz uma coisa na qual tenho até vergonha de lembrar. No entanto, quando lembro sinto tanta vontade de repetir tudo de novo.

Deixa eu explicar como aconteceu.


Meu irmão Tiago tem vinte e cinco anos, ele se formou em educação física e tem uma academia em sociedade com um amigo. Eu estava namorando esse amigo dele, Tiago nunca gostou desse namoro, vivia enchendo minha cabeça contra o Douglas. Até que um dia eu vi o safado saindo da academia com outra mulher.


Meu irmão chegou em casa umas duas horas depois de mim. Me viu na sala com os olhos inchados de tanto chorar e veio logo saber o que estava acontecendo comigo.


Abracei ele e deixei me consolar, contei o que vi e pedi desculpas por não acreditar nele. No final, ele disse algumas sacanagens pra me fazer rir.


Começamos a jogar conversa fora na sala, eu deitada com a cabeça na perna dele. Nossos pais chegaram do cinema, e foram logo pro quarto. Eles pareciam dois adolescentes, passavam o tempo todo no cinema, em barzinhos ou no quarto.


Continuamos ali e o assunto envolvendo sexo veio à baila.
-E qual vontade você já realizou?
-Trepar com dois homens ao mesmo tempo.-Ele fez uma cara de espanto.-O que foi? Pensou que eu ainda era virgem?
-Não... mas também, não imaginava.-Ele riu.-E tem alguma que você quer realizar?
-Ah, uma que nunca dei sorte de realizar, é trepar com um homem caralhudo.
-Sério?-Ele riu um riso sacana.-Você nunca pegou um bem dotado?
-Nunca.
-Nem o Douglas?
-O dele tem que procurar com lupa.-Ele riu.-Vamos parar com esse assunto, que eu já to com tesão.
-Hum, posso resolver seu problema.
-Como assim?
-Me dá sua mão.-Levantei a mão direita e ele a colocou por cima da bermuda, senti o tamanho e a grossura daquele caralho.-Então, desse tamanho serve?
-Tiago, você escondeu esse monumento por todo esse tempo?-Ele abriu a bermuda e sacou o pau pra fora.-Hum, é lindo, dá vontade de colocar na boca.


-Vai em frente então.-Ele balançou o pau e puxou a minha cabeça.-Abocanha ele todo que eu quero ver.
Caí de boca na mesma hora, nem conseguia colocar inteiro na boca. Era bom demais. Ele segurou meus cabelos e foi forçando na minha boca, me fazia engasgar, eu já estava com a boceta babando de vontade.
Ouvimos alguém descer as escadas, foi o tempo de colocar uma almofada encima e deitar a cabeça no colo dele de novo.


-Meninos, vocês não vão dormir?-Meu pai perguntou quando nos viu na sala.
-Está cedo ainda.-Eu falei.-E você? Trabalha amanhã cedo, não vai descansar?
-Ã? Vou sim. Eu só vim pegar um copo de água pra sua mãe.
-Ta.-Ele foi pra cozinha, momentos depois voltou escondendo uma lata de chantili.-Boa noite pai.
-Boa noite crianças.
Levantei a cabeça quando ele sumiu escada acima. Ri da situação. Tiago levantou, ainda estava com o pau duro, apontou pra minha cara.
-Chupa mais vai.


Caí de boca mais uma vez, minha calcinha ficou toda molhada, não agüentei e tesão e enfiei os dedos dentro da calça, apertei meu grelinho com força, queria aliviar e gozar na cabeça daquela piroca.


Tiago se afastou e me levou pro banheiro. Colocou a banheira pra encher pra abafar o barulho. Começou a tirar minha roupa, me beijou na boca, a língua dele era decidida, invadiu minha boca de uma forma que em fez esquecer completamente que ele é meu irmão.


Ele me sentou na borda da banheira e caiu de boca na minha boceta, eu não agüentei, era muito bom sentir a língua dele na minha xana, ele sugava decidido, lambia e enfiava os dedos em mim.


Eu ainda era bem apertadinha, afinal, os namorados que tive não fizeram muita diferença. Eu pensava naquele caralho grosso, só conseguia imaginar ele entrando e me rasgando. Não agüentava mais de tesão e ele lambia meu grelinho inchado me fazendo sufocar os gemidos. Eu não podia fazer barulho e estava louca pra gozar.
Deitei na borda da banheira, Tiago se levantou e quando vi que finalmente ele ia me foder, fiquei na expectativa. Ele colocou a cabeça e enterrou devagar. Eu queria gritar, estava ardendo, mas era tão bom. Eu queria mais, queria forte, devagar, queria aquilo à noite toda. E sem poder dar um pio, eu ficava só fazendo cara de quem estava sendo torturada. Tentei me mover, era impossível, parecia que ele estava me rasgando. Ele também gemia e a todo momento dizia que era louco pra me foder há tempos.


Ele enterrou e enterrou, eu não conseguia mais segurar, tapei a boca pra não gritar enquanto gozava.  Ele empurrava cada vez mais forte, eu não agüentava mais. Ele segurava minha cintura e me puxava enterrando mais fundo, batia no útero e eu queria gritar ainda mais. Meus olhos estavam ardendo de tanto marejar e eu não conseguia mais ficar com eles abertos. Tiago falou que ia gozar, tirou ele de dentro de mim e pude sentir o quão arrombada fiquei. Ele punhetava o pau devagar, até gozar encima do meu corpo.


Depois disso, caímos na banheira e aproveitamos um banho morno. Cheio de carícias e chupões nos seios. O pau dele ficou duro de novo. Saímos do banho, fomos pro quarto e caímos na cama. Dessa vez, minha boceta relaxou quando ele me penetrou. Ele me fodeu de costas, em pé, sentada na penteadeira, de quatro machucou um pouco. Mas não me importei. Naquela noite, trepamos três horas direto sem parar. Já eram duas da manhã quando ele se levantou sem dizer nada e saiu do quarto.


Tiago saiu de casa e só o vi no outro dia. Ele anunciou que tinha alugado uma casa e ia se mudar. Nunca mais ficamos sozinhos em um lugar por muito tempo. Tiago ainda me olha cheio de tesão e eu ainda tenho o maior tesão nele. Queria muito repetir tudo de novo, mas ele não deixa brecha pra me aproximar.
Por um lado isso é bom. Vai que ele resolve me enrabar com aquela piroca toda.









quarta-feira, 1 de junho de 2011

Primeira Noite




-Enzo, assim dói.
-Calma meu amor, logo passa.
-Não, para.-Ela o empurrou.-Eu não quero mais.
-Prefere que outro a tome Natália?
-Não, mas...
-Acalme-se meu amor, logo passa.-Ele segurou o rosto dela.-Confia em mim?
-Sim. Sempre.-Ele forçou entre as pernas dela.-Não!

Enzo ficou parado, imóvel. Ela virou o rosto, os olhos estavam cheios.

-Quer que eu pare?
-Agora, que o estrago está feito?-Ela esfregou os olhos com as mãos.-Termine logo isso, antes que meu pai chegue.
Enzo tentou ser delicado. Mas delicadeza não era lá a maior qualidade de um ferreiro. Enquanto devagar se movia entre as pernas dela, observava o corpo esguio, a pele branca. Era toda sua. E sua vontade, era de não se casar, para não correr o risco de outro homem tocar nela.

Mas nunca trairia a confiança de Natalia daquela forma. Ela estava lhe dando uma prova de amor. E o casamento seria realizado no outro dia. Se Deus quisesse, o imperador não iria aparecer no casamento deles amanhã.




***
Música alta. Se podia ouvir de longe, a alegria e animação dos camponeses.
Era dia de festa. O casamento do filho do ferreiro, com a filha do mercador de ovelhas. Todo o vilarejo estava lá.

Ao se aproximar com sua tropa, Daniel observou toda aquela alegria. Alegria esta, que estava prestes a se converter em guerra.

Quando chegaram à festa, a música parou. O casal que dançava animado, parou e se voltou para os intrusos.

-Festa bonita.-Provocou o capitão da tropa.-Mas está na hora de cumprir com certas “obrigações”.
-Enzo, eles vieram me buscar.-Natália segurou com força no braço do marido.-Por favor, não lute.
-É direito do meu senhor, passar a primeira noite com a dama.
-Vocês não vão levar minha mulher.-Enzo colocou Natália atrás de si.
-Prefere lutar contra o imperador?
-Não!-Interrompeu Daniel, enquanto apeava do cavalo.-Ninguém aqui vai lutar contra ninguém.-Ele se aproximou de Enzo.-Mas a moça vem comigo.

Ele se aproximou mais ainda do casal, o povo, prevendo uma luta, se afastou e os deixou no meio de uma roda. Aproveitando-se disso, Daniel baixou o tom, para falar com Enzo.

-Estou em dívida contigo. Por isso, não irei tocar em sua esposa. Mas preciso levá-la. É questão de honra.
-Não posso deixar levá-la. Como ficaria a honra dela?
-Isso vai ser esquecido em poucos dias.-Ele fitou Natália, quando enxergou os olhos azuis, se arrependeu da promessa.-Voltaremos com nossas vidas.
-Enzo, me deixe ir. Ele tem um bocado de homens, você está sozinho. Ninguém nesse lugar medíocre, se meteria em uma briga entre você e a guarda do imperador.
-Sensata sua esposa.
-Prefiro arriscar.-Enzo estufou o peito.
-Não seja por isso.

Daniel olhou para trás um momento, quando se voltou para Enzo, levou consigo um soco preciso. Conseguiu deixá-lo desacordado com um só golpe.

-Com licença senhora.-Daniel jogou Natália no ombro e voltou para o cavalo.-Alguém acorde ele e aproveitem a festa.

Daniel acomodou Natália no cavalo e montou. Passou uma mão em volta da cintura dela e seguiu pela estrada de cascalho, direto para o palacete mais afastado da aldeia.

Natália tremia, mas não de medo. Era adrenalina, tensão. Tudo para ela, era uma aventura. Quando mais nova, embarcava em cada loucura. Adorava a sensação de ter borboletas no estômago, o coração saltar. Era uma garota sonhadora e seus pais diziam, que Enzo teria trabalho com ela.

A última noite, foi idéia dela. Sabia que o imperador iria querer tomá-la. Achava certo o homem a quem estava prometida, ter sua virgindade. E Enzo ficou com ela. Mas só isso. A emoção, aquilo que esperava sentir, nem passou perto.

Daniel a levou pela casa, até o quarto principal. Quando entrou, ficou deslumbrada. Era maior que a casa aonde iria morar com o marido. Tinha janelas enormes, uma cama com dossel. Tapete de pele de urso. Havia uma tina com água ali perto. Alguém havia preparado o banho do imperador. Também havia uma mesa posta com diversas iguarias.

-Você deve estar cansada.
-Hum?-Ela se voltou para ele.-É, um pouco.
-Tome um banho, coma alguma coisa. Vou mandar alguém lhe trazer roupas mais confortáveis que esse vestido de noiva.-Ele parou ao pé da porta e a olhou de cima a baixo.-Mais tarde retorno.

Ele saiu fechando a porta e ela arregalou os olhos. O modo como ele a olhou, como falou aquelas palavras. Será que ele iria cumprir a promessa?

Uma criada entrou no quarto para ajudá-la. E pelo que percebeu, ninguém ali se virava sozinho. Todos eram servidos. Sorte a da mulher que fosse escolhida para se casar com o senhor da casa. Teria uma vida de princesa.

Daniel se trancou no escritório com uma garrafa de vinho. Sentou atrás da grande mesa de carvalho e serviu-se de uma taça.

Detestava fazer promessas que não queria cumprir. Natália era a dama mais bonita que já havia visto na vida. Tinha uma pele macia, branca, curvas delineadas, longos cabelos negros. E aqueles olhos azuis, chamavam atenção. Os lábios vermelhos. Era uma ninfa.

E ele não a tomaria, por questão de honra. Devia sua vida ao marido dela. Detestava ficar devendo a alguém, sabia que na hora da cobrança, ele sairia perdendo. E não poder tomar uma mulher como Natália por questão de honra, era uma perca lastimável.

Nem se atreveu a espiá-la tomando banho. Isso só serviria para ampliar o desejo. E não queria quebrar sua promessa.

Luciana, uma criada jovem da casa, bateu e depois entrou. De cabeça baixa, encostou a porta.

-Ela já está pronta senhor.
-Não vou agora.-Ele completou a taça.-Venha até aqui menina.

A moça se aproximou e ele afastou um pouco a poltrona da mesa. Ele fez um gesto com a mão, que ela entendeu bem. Arrancou o pano que estava prendendo seus cabelos.

-Tudo.

Ela soltou o laço do avental que estava em volta da cintura e puxou a barra do vestido longo, descobrindo a pele morena e o corpo inteiro nú.

Ela se aproximou dele devagar, ajoelhou-se a sua frente. Sabia bem aonde Daniel gostava de ser acariciado. E foi direto ao ponto. Abriu as calças dele e encontrou o membro ereto, louco por carícias.

Se dedicou a sugar a cabeça. Enzo a segurou pelos cabelos e empurrou um pouco sua cabeça para baixo. A moça o engoliu inteiro. Também, tinha prática de meses. E em poucos minutos, ela o estava fazendo se esvair em gozo.

Ele a colocou de quatro encima da mesa, se posicionou atrás dela e a penetrou. Aquele corpo não parecia com o de Natália. E a cor da pele nem se aproximava. Mas era uma mulher, aonde podia descarregar sua frustração.

Pegou pesado com ela. Enterrou o pau fundo e bombou diversas vezes com força, chegando a tirar a mesa do lugar. A mulher gemia alto, ele adorava o som de uma mulher gemendo. Isso o deixava louco, o tesão ia nas alturas.

Não demorou, puxou ela de cima da mesa, a colocou de joelhos no chão com a boca em seu pau e tocou até gozar. Encostou na mesa enquanto gozava na boca da moça.

-Agora, volte ao trabalho.-Ele arrumou a calça e sentou-se novamente, em frente à mesa.-E prepare um banho pra mim.
-Sim senhor.

A moça saiu do escritório e ele voltou a sua atenção para a taça. Ao menos estava aliviado, seria mais fácil não tocar em Natália.

Ao entrar no quarto, viu Natália parada em frente à janela. A luz da lua tornava a pele dela ainda mais pálida, era linda, parecia feita de porcelana.

-Você não tem sono?
-Não.-Ela se voltou para ele.-Sente-se bem?
-Já estive melhor.
-O que passa?
-Estou cansado, só isso.-Ele retirou o casaco pesado.-Vou me banhar, você pode ir se deitar. Quanto mais rápido dormir, mais rápido voltará pra casa.

Natália foi para a cama. O viu entrando atrás do biombo, podia ver a imagem dele pela sombra. Ele se despia devagar, primeiro a casaca, depois as botas, a camisa, as calças. Ela observou tudo com a boca aberta.

Queria ousar e ir até lá, mas sabia que o imperador era um homem rude e estúpido. Tinha medo de se machucar. Era melhor estar obedecendo, do que contra ele.

Daniel relaxou dentro da tina de água, o quarto estava silencioso, ele nem mesmo notou a presença de Natália, mas sabia que ela estava ali. E estava colocando à prova, todo seu autocontrole e bom-senso.

Natália ouviu quando ele se levantou e fechou os olhos, como se estivesse dormindo. Não demorou muito, para sentir o colchão afundar com o peso dele.

Daniel respirou fundo, deitou embaixo das cobertas, sentindo a presença do corpo dela junto ao seu.

Apagou a última vela que iluminava o quarto e virou-se de costas para ela.

Natália abraçou o travesseiro e respirou fundo, antes de se entregar ao sono. Se ele não a queria, não seria ela quem iria forçar.

Enzo andava de um lado a outro dentro de casa, a irmã, a cunhada e uma amiga delas tentavam fazê-lo se acalmar. Mas ele estava a pouco de invadir a casa do imperador e tomar Natália de volta.

-Isso vai ser suicídio. Aquele lugar está repleto de guardas. Meu irmão, tente se acalmar, vá dormir...
-Dormir Ana? Como você me pede para dormir? Minha mulher está agora, na cama de outro homem. E pela lei, isso é correto! Eu não vou dormir, enquanto não tiver Natália de volta.

-Enzo, eu preciso voltar.-Mercedes, irmã mais velha de Natália se levantou.-Vem comigo Sofia?
-Não. Vou passara noite aqui com Ana.-Ela sorriu de forma descarada.
-Tudo bem.-Ela ajeitou o chalé em volta dos ombros.-Tentem descansar vocês. Natália vai ficar bem.

Mercedes conhecia a irmã. Sabia que ela tinha uma paixonite pelo perigo. E viu isso brilhar nos olhos dela, assim que o novo imperador, voltou à cidade para tomar o lugar do último que foi enforcado por traição à coroa.

Tinha pena de Enzo, ele não saberia lidar com o fogo dela. E acabaria sendo um péssimo marido. Enzo era ciumento e possessivo. Acabaria enlouquecendo ao lado de Natália.

Ana tentou tirar a garrafa e rum da mão do irmão, mas ele estava irredutível. Já que não podia ter Natália aquela noite, que ao menos afogasse suas mágoas.

-Eu também vou me retirar.-Ela se levantou.-Cansei de brigar com esse cabeça oca. Vamos Sofia?
-Hum?-Ela suspirou.-Não tenho sono. Ainda estou eufórica, pela confusão de hoje.
-Está na hora de dormir.
-Vou fazer companhia ao seu irmão por mais algum tempo. Depois eu vou.
-Mas...
-Deixe ela.-Enzo tocou na mão da moça.-Preciso de alguém que converse comigo e não me deixe fazer uma loucura.
-Está bem.-Ela se afastou.-Mas não demore.

Ana, assim como Mercedez, conhecia bem o irmão. Sabia que ele era apaixonado por Natália desde a infância, confiava que Sofia não iria conseguir o que ela planejava para aquela noite.

Sofia observou Enzo, fazia um tempo que Ana havia saído. E ela tinha intenções. Péssimas, para ser exata.

-Enzo, você gosta mesmo da Natália?
-Natália é minha vida.
-E... você tem outras mulheres?
-Não, Natália é a única.
-Entendi.-Ela se aproximou mais.-E, se outra mulher se oferecesse a você?
-Não estou entendendo.
-Se outra mulher fizer isso.-Ela colocou a mão na cocha dele e subiu um pouco.-Você resistiria?
-Sofia, já falei que não!-Ele tirou a mão dela de cima de sua perna e se levantou.-Vá se deitar.
-Mas Enzo, sua mulher está agora na cama com outro. E se ela gostar e não o quiser mais? Vai desperdiçar essa chance?
-Como é que é?
-Natália pode estar adorando os carinhos do imperador agora. Ela sempre comentou, o quanto ele era bonito. Quem sabe não estão rindo de você nesse momento?
-Mentira. Natália nunca olhou para outro homem.
-Olhou sim. E como olhou.-Ela se levantou e passou as mãos nas costas dele.-Por que acha que ela tanto quis adiantar o casamento?
-Natália me ama. Ela não faria...
-Ah faria sim.-Ela ficou a frente dele.-E você, não faria?

Enzo estava louco. Transtornado pela bebida, puxou Sofia pela cintura e esmagou os lábios dela com um beijo furioso. A empurrou pra cima da mesa, procurando se livrar das saias dela, deixando as pernas nuas.

-Isso meu amor, fica comigo essa noite.

Enzo a puxou pelas ancas, a prendeu contra seu corpo e a levou pelo corredor até o quarto aonde dormiria com Natália. Ela havia passado o dia anterior, arrumando suas coisas no armário e nas cômodas. O cheiro dela estava no ar. Isso o deixou ainda mais excitado.

Soltou Sofia sobre a cama e ergueu o corpo para arrancar o colete e a camisa branca. Se deitou por cima dela, os cabelos louros estavam soltos sobre os ombros, ele segurou o rosto dela, encheu seus lábios com um beijo e desceu a mão livre para os seios dela.

Devagar começou a abrir o espartilho dela, puxando os fios, tentando despi-la, apesar de estar embriagado, os movimentos eram precisos. Ele sabia bem aonde pegar e como pegar.

Sofia o ajudou bastante, desamarrando ela mesma os fios do vestido, subindo as saias, ficando apenas com a roupa de baixo.

Enzo se afastou dela, enquanto ela tirava os restos do vestido. Viu os seios pequenos de mamilos rosados, a cintura fina, arrancou ele mesmo as calçolas dela. Finalmente, inteiramente nua.

Lembrou quando viu Natália daquela mesma forma, a noite anterior, naquela mesma cama. Fora tão bruto e possessivo, enquanto ela merecia todo amor do mundo.

Sofia viu que ele estava muito pensativo, resolveu agir. Sentou-se na cama e o beijou. As mãos foram para as calças dele, as desabotoou e puxou o membro rijo para fora. Enzo grunhiu quando sentiu as mãos dela o estimulando, a segurou pelos cabelos da nuca e forçou para dentro de sua boca.

Sofia o sentiu invadir e invadir, até engasgar. Ele metia devagar, grunhia conforme ela o sugava e quanto mais fundo ia, mais ela salivava. Devagar ela se afastou dele, abriu as pernas, ele ficou louco quando ela levou a própria mão até o monte de pelos aloirados e os escorregou por ali.

Ajoelhou-se, esfregou o membro entre as pernas dela, até encontrar o caminho. A penetrou de uma só vez.

Sofia gritou quando ele a penetrou. Enzo tapou a boca dela com uma mão, enquanto seguia a penetrando com força, sem se importar com o desconforto dela. Queria Natalia consigo e como não a tinha naquele momento, descontou sua fúria entre as pernas de Sofia.

Ela arrancou a mão dele de sua boca, tentou empurrá-lo. Mas ele a segurou.

-Fica quieta.-Ele aproximou os lábios aos dela.-Você queria, então fica quieta.
-Mas você me machucou.
-Shh.-Ele a beijou, enquanto a segurava pelo quadril e se enterrava o mais profundo possível.-Vai parar de doer logo.

Ele ergueu as pernas dela até seu ombro e deitou-se sobre ela. Podia enterrar fundo nessa posição, e ela já estava relaxada, o abraçava, tentava se mover até ele, arranhava suas costas. Enzo estava possuído pela luxuria e dominado pela bebida. Revolta, ódio, paixão. Sentimentos que o moviam cada vez mais depressa, em busca de libertação. E a obteve quando explodiu em gozo dentro dela.

Natália acordou durante a madrugada com um pesadelo. Sentou-se na cama sentindo frio, as janelas estavam abertas. Ventava forte lá fora. Ela se levantou e foi fechá-las.

Sentiu uma presença atrás de si e quando se preparou para gritar, uma mão forte lhe tapou a boca.

-Sou eu.-Daniel tirou a mão da boca dela.-Desculpe se a assustei. Vi você se levantando e vim ver o que estava fazendo.
-Estou com frio.-Ela murmurou com a garganta seca.-Não vou fugir antes do sol nascer, pode ficar tranqüilo.
-Sei.-Ele a soltou.-Volte para a cama, vou acender a lareira.

Natalia voltou para a cama, se escondeu entre as cobertas, enquanto ele se movia para acender a lareira.

Ela notou que ele estava apenas de robe. Seu coração ficou ainda mais apertado. Ele era tão atraente. Tinha olhos verdes profundos, um rosto bonito, cabelos negros bem aparados. Não parecia rude como Enzo. Parecia ser gentil, saber tocar em uma mulher. E ela queria, estava ardendo de desejo por ele.

Era sua única chance. Por direito e uma lei sem pé nem cabeça, que foi implantada pelos senhores gananciosos.

Tirou as cobertas de cima de si e sentou-se melhor na cama. Ele se levantou, lavou as mãos e voltou para a cama.

-O que Enzo fez por você?-Ela perguntou, pouco antes de ele terminar de se ajeitar.
-Lembra do seleiro que incendiou semanas atrás?
-Sim, ele estava lá.
-Pois bem, uma peça de madeira caiu encima de mim. Ele estava lá ajudando a retirar os animais e me ajudou a sair debaixo dos escombros.
-Ah sim.-Ela respirou fundo.-Não teria saído sozinho?
-Não. Até mesmo porque, estava em desvantagem, a peça era pesada e quase me partiu as costas ao meio.-Ele se ajeitou para ficar sentado igual a ela.-Por isso não acho justo tomar a esposa dele. É um bom homem, merece ser o primeiro.
-Entendo.-Ela respirou fundo.-Mas... ele foi o primeiro.
-Como é?-Ele a olhou nos olhos, procurando entender.
-Já vimos tragédias acontecerem por causa desse tal direito de pernada.-Ela se arrepiou inteira.-O senhor que possuía as terras, vivia por atormentar os casais.
-Entendo. E vocês...
-Enzo queria ser o primeiro. Temia que essa noite acontecesse, então, fizemos um acordo.-Ela corou e baixou a cabeça.-Me entreguei a ele, para que não lutasse contra você.
-Mas ele estava disposto a lutar.
-Ele descumpriu nosso trato.-Ela cruzou os braços em frente ao corpo, toda arrepiada.-Enzo é ciumento demais.
-Você o ama?
-Como?
-Você o ama?-Ele a abraçou, para esquentá-la.-É uma pergunta simples, já que se casou com ele.
-Sim, eu o amo.-Ela fechou os olhos, aspirando o perfume dele.-Como um grande amigo.

Daniel gostou de ouvir aquilo. Talvez fosse pelo ego, ou porque estava desejando demais aquela mulher. Mas gostou de ouvir que ela não amava o marido.

Natalia deitou a cabeça sobre o peito dele. Sentiu-se aquecida e protegida, como nunca se sentiu na vida. Fechou os olhos, podia sentir o coração dele batendo. Respirou fundo e ergueu a cabeça, ficaram algum tempo se encarando, até que Daniel a puxou para um beijo.

Natalia parou de respirar por um momento, relaxou entre os braços dele, enquanto ele aprofundava o beijo. Aos poucos, ele a deitou na cama. Quando deu por si, já estava com metade do corpo encima dela.

-Natalia, eu dei minha palavra.
-Eu sei.
-Mas eu a desejo muito.-Ele acariciou o rosto dela.-Até hoje, nunca vi mulher mais bonita que você. Se fosse em outros lugares por onde passei, sua beleza seria digna de guerra.

Natália acariciou o rosto dele, desejou tanto aquele momento, que gostaria de poder congelar o tempo. Daniel estava praticamente se declarando. E ela queria tanto ouvir o que ele estava prestes a dizer. Que pensou ter ouvido coisas quando ele disse:

-Acho melhor eu dormir em outro quarto.
-Mas... por quê?
-Estou pondo a prova todo meu controle. Então, é melhor me afastar.
-Por favor, não vá.-Ela o segurou pelo colarinho, quando ele ameaçou levantar.-Eu preciso de você essa noite.
-Está louca mulher?-Ele soltou as mãos dela de seu colarinho.-Recomponha-se e vá dormir.

Ele se levantou e saiu do quarto, batendo a porta. Era tanto desejo que chegava a doer. Tudo isso em poucas horas.

Sabia que havia sido injusto com ela, mas se continuasse naquela situação, iria morrer de desejo.
Ficou algum tempo andando de um lado a outro da sala, tomou um drinque, respirou fundo. Era hora de voltar, enfrentá-la. E tomá-la de uma vez. Já estava cansado de se segurar, depois, daria um punhado de moedas ao miserável que salvou sua vida. Mas no momento, queria Natalia encima de seu corpo, gritando de prazer.

Quão grande não foi à surpresa, quando notou que ela não estava no quarto. Seu vestido continuava pendurado no biombo, mas ela não estava na cama. Aonde teria ido, agora que ele estava certo de que iria tomá-la?

Ouviu os cascos do cavalo no lado de fora. Quando abriu a janela, viu o manto de cabelo negros e o tecido branco voando enquanto ela se afastava da propriedade. Ele ficou indignado. Estava armando uma tempestade, tomara que ela alcançasse a vila antes da chuva.

Gotas pesadas começaram a cair logo em seguida. E ele foi obrigado a se trocar e ir atrás.

Natalia chegou encharcada na casa de Enzo. Estava com os olhos vermelhos, nunca se sentiu tão humilhada. Amarrou o cavalo na varanda e entrou pelos fundos. Ao menos seu marido não iria rejeitá-la aquela noite.

Ao se aproximar do quarto, ouviu uns barulhos esquisitos. Empurrou a porta, nem ao menos se deram ao trabalho de trancá-la. E quando viu o que estava acontecendo ali, sentiu a pressão baixar.

-Enzo?-Ela encostou no beiral da porta, quando viu que Enzo estava deitado agarrado com Sofia, ambos nus fazendo...-Enzo!
-Natalia?-Ele se voltou para a porta, viu que não era miragem.-Meu amor... eu posso explicar.
-Explicar o que?-Ela enxugou as lágrimas.-Não tem nada para explicar. Eu to vendo.
-Nat.-Ele se levantou.-O que está fazendo aqui?
-Eu fugi.-Ela respirou fundo.-Eu vou pra casa do meu pai.
-Não Natalia, fica.-Ele a segurou.
-Vista alguma coisa.
Ela soltou o braço e saiu batendo a porta. Saiu por onde entrou. A chuva havia aumentado. Trovões cortavam o céu. O cavalo parecia treinado, quando ela montou nele, ele quis tomar o rumo de volta, mas ela puxou as rédeas. Ouviu um cavalo vindo longe, no mesmo momento em que um trovão caiu ali perto, seu cavalo empinou para trás. Estava molhada, não esperava por aquilo. Acabou indo pro chão, bateu a cabeça com força, viu alguns vultos, antes de desmaiar.

Daniel viu o cavalo galopando em sua direção. Apertou o galope e viu Natalia caída perto do penhasco.

Um desespero o assolou. Medo de algo acontecer com ela. Apeou ali perto, tentou acordá-la, achou por melhor levá-la de volta, lá poderia cuidar dela. A colocou no cavalo com dificuldades, montou e voltou para casa.

Um empregado viu quando os dois saíram a cavalo. Imaginou que a moça havia tentado fugir do patrão e ele a trouxe de volta a força. O ajudou a desmontá-la do cavalo.

Daniel a levou escadas acima e a deitou na cama. Chamou uma empregada velha que dormia ali perto para servi-lo. Pediu cobertores, toalhas e uma sopa quente.

Enquanto a senhora cuidava do que ele havia pedido, Daniel se preocupou em despi-la da camisola molhada. O tecido havia ficado transparente. E ver aquela pele molhada e nua o deixou ainda mais louco.

Tratou de aquecê-la e fazê-la acordar inalando álcool. Natalia respirou fundo, antes de abrir os olhos.

-Graças a Deus.-Ele segurou a mão dela.-Você está bem?
-Com dor de cabeça.
-O que lhe deu pra sair daquele jeito embaixo da chuva? Está querendo se matar?
-Só queria facilitar as coisas pra você.
-Me deixando preocupado, tentando se matar?
-Não queria me matar. Foi o cavalo quem me jogou no chão.-Ela fechou os olhos, amparando as lágrimas.-Quero me divorciar.
-Como é que é?
-Isso mesmo que ouviu.-Ela se sentou, ignorando o fato de estar nua da cintura para cima, o que o deixou de boca aberta.-O que foi?
-Hum... você está... à vontade.-Ele sorriu quando ela corou e levantou o cobertor até os seios.-Desculpe. De que falava mesmo?
-Por que estou nua?
-Sua roupa estava molhada.-Ele levou uma mão ao rosto dela e colheu as lágrimas.-O que você tem? Te magoei tanto assim?
-Eu encontrei meu marido na cama com minha amiga.-Ela escondeu os olhos com as mãos.-Mas será que sou tão ruim assim, que nem meu marido me quer? Prefere outra mulher.
-Claro que não.-Ele a abraçou.-Tente entender, ele é homem.
-E você vai ficar ao lado dele, porque também não me deseja e entende que ele procure outra.
-Não, claro que não.-Ele segurou o rosto dela.-Acontece que ele ficou com o ego ferido.
-Eu quero me divorciar mesmo assim.-Ela cruzou os braços em frente ao busto.
-Tem certeza?-Ele respirou fundo.-Você pode tentar esfriar a cabeça.
-Não quero esfriar nada. Assim como você concedeu a permissão para que nos casássemos, quero que anule o casamento.
-Mas toda a cidade pensará que farei isso em benefício próprio. Isso é traição.
-Então vou ter que recorrer a forças maiores.
-Natalia.-Daniel foi interrompido pela empregada que entrou trazendo consigo a sopa.-Ah ótimo. Obrigado Maria, pode ir dormir agora.
-Sim senhor.

Natalia sentiu o aroma da sopa e suspirou, não havia comido nada o dia inteiro. O estômago chegava a doer. Ele viu que ela estava desconfortável e se levantou.

-Eu vou me trocar, coma. Isso vai mantê-la aquecida.
-Sim.

Daniel saiu do quarto se sentindo o miserável mais sortudo da face da terra. O marido dela era um imbecil. E ela o desejava, não faria nada aquela noite, ela estava abalada. Mas ela seria sua. Cairia em seus braços por pura paixão, sem pressão, sem vingança, nem nada para assolar seus pensamentos.

Quando voltou ao quarto, Daniel a encontrou deitada na cama, estava encolhida, com a mão na cabeça, ainda chorava.

-Natália, você está bem?
-Minha cabeça dói muito.
-Tome um pouco disso.-Ele deu um copo de água para ela.-Tente descansar. Amanhã estará melhor.

Enzo bateu na casa do sogro logo cedo, ele ainda não havia levantado. O viu preocupado, quando falou em Natalia.

-Natalia o que?
-Ela fugiu da casa do imperador de madrugada.-Ele estava transtornado.-Confira no antigo quarto dela, ela pode estar lá.
-E por que não foi pra sua casa?
-Tivemos um desentendimento.
-Espere um momento, vou conferir.

Enzo parecia um animal enjaulado. Quando ele voltou dizendo que ela não estava, ficou ainda mais nervoso.

-Aonde ela pode ter se enfiado?
-Por que brigaram? O que você fez com ela?
-Não é hora pra isso.-Ele saiu da sala.-Vou procurar Natalia a vila inteira se for preciso.

A manhã já ia avançada, quando o imperador cruzou a vila com Natalia na garupa de seu cavalo. Fez questão de desfilar pela praça, antes de seguir direto para a casa do pai dela. Aonde ela insistia que queria ficar. Quando lá chegou, todos saíram para vê-los. Enzo desceu as escadas da varanda irritado, quando viu Daniel a pegando no colo, antes de coloca-a no chão. E a forma como os dois se olhavam.

Quando se aproximou, estava disposto a voar encima de Daniel. Mas viu o olhar de repreensão de Natalia e parou no meio do caminho.

-Consegue sozinha?
-Sim.-Ela sorriu.-Não estou aleijada, só bati a cabeça.
-Então vamos entrar e conversar.-Ele viu Enzo.-Bom que esteja aqui, quero falar com todos.
-Natalia minha filha, você está bem?-O pai se aproximou e viu que ela tinha um hematoma na testa.-O que aconteceu?
-Caí do cavalo quando fugi de madrugada.-Ela passou por ele.-Mas estou bem, foi só um galo.
-E o que querem conversar?
-Vamos entrar papai. A conversa é longa.

Os quatro entraram na casa. Mercedes chegou pouco tempo depois e suspirou quando viu a irmã sã e salva.

-Você não quer vir conversar comigo no quarto?-Mercedes perguntou a ela, quando viu as caras zangadas.
-Não.-Ela apertou sua mão.-Sente-se aí e preste atenção.
-Pois bem.-Daniel começou a conversa.-Eu havia prometido a Enzo, que não tocaria na mulher dele. Só a busquei por mera formalidade. Mesmo assim, Natalia fugiu de mim essa noite e houve um desentendimento entre ela e o marido. Quando a encontrei, ela havia sofrido um pequeno acidente com o cavalo. A levei para minha casa e quando ela acordou, me abordou com um pedido inusitado.
-O que pediu a ele Natalia?-Enzo ficou nervoso. Em sua cabeça, só passavam maldades.
-A anulação do casamento.-Ela falou com o nariz empinado, cheia de atitude.
-Como é que é?-O pai dela se indignou.-Natalia!
-Ele estava na cama com outra!-Ela falou indignada.-Eu presa na casa do imperador e ele lá com a Sofia na nossa cama.
-Enzo!-Mercedes se indignou.-Eu não acredito.
-Eu estava bêbado.
-Mentira. Você soube reagir muito bem quando me viu. Não estava bêbado nada.
-Diante da situação, o pedido dela não pode ser negado. Já que o casamento não foi... consumado.
-Quem disse?-Enzo se excedeu e freou quando viu o olhar de repreensão dela.-Digo, se você não tivesse atrapalhado, nada disso teria acontecido.
-Minha filha, tente reconsiderar. Enzo estava de cabeça quente.
-E precisou ir pra cama com minha melhor amiga?-Ela ficou indignada.-E sempre que brigarmos, ele terá o direito de “esfriar a cabeça” com outras mulheres? Pois se é assim, prefiro que se faça a anulação agora.
-Não permito.-Enzo se levantou.-Eu não quero a anulação.
-Mas eu quero. E não volto atrás.
-Natalia.-Ele se ajoelhou à frente dela.-Meu amor, me perdoa. Não foi por querer. Eu queria você. Precisava de você. Mas você não estava. 
-E como Sofia estava...-Ela se levantou e se afastou dele.-Senhor imperador, espero que atenda ao meu pedido. Caso contrário, serei obrigada a encaminhar uma carta ao rei. Demorará mais, porém chegará. E sabe que o rei odeia que chegue qualquer tipo de reclamação do clero.
-Está certo.-Ele se levantou.-O casamento está anulado. Agora com licença, tenho muito o que fazer. Tenham um bom dia.
-Mandarei alguém buscar minhas coisas na sua casa.-Ela deu as costas para Enzo.-Agora, com licença, estou com dor de cabeça.

Os três que ficaram na sala, ainda estavam transtornados. Enzo sentou-se no sofá inconsolável. Mercedes foi atrás da irmã. Bateu na porta do quarto, entrou, a viu sentada em frente à janela. Trancou a porta por dentro.
-O que aconteceu entre vocês essa noite? Seja sincera.
-Nada.-Ela o observou galopando para a igreja.-Ele foi um perfeito cavalheiro.
-Não tocou em você?
-Nem mesmo ousou.-Ela apoiou os braços na janela e o queixo encima.-Me senti rejeitada por ambos. Ele não me quis e Enzo, não demorou em procurar outra.
-Você teve o que merecia. Afinal, queria se casar para passar a noite com o imperador.
-Ele nem olhou pra mim.-Ela baixou os olhos.-Eu sou feia minha irmã?
-Claro que não.-Ela lhe segurou as mãos.-Você é linda igual a um anjo. Se ele não te quis, é porque tem palavra. Ele prometeu que não a tomaria.
-Essa noite foi longa.-Ela suspirou.-Ainda estou exausta.
-Descanse um pouco, vou trazer algo para você comer. E tentar acalmar seu ex-marido.

Natalia deitou-se e fechou os olhos. O beijo dele era gostoso, o cheiro era delicioso. Tinha o jeito de um homem rude, mas era gentil. Ela suspirou e adormeceu.

Acordou minutos depois com Mercedes a chamando.
-Nat?-Ela parecia nervosa.-Aconteceu uma coisa.
-O que?
-Enzo contou ao papai que vocês estiveram juntos, antes do casamento.
-O que?-Ela levantou-se furiosa.-Aquele canalha, não tinha o direito.
-Acalme-se. Eles ainda estão conversando. Eu disse que você ainda estava mal. Coma e descanse. Sei que irá pensar em algo.
-Obrigada.-Ela segurou a mão da irmã com força.-Agora volte para seu marido. Ele gosta de almoçar com você.
-Eu já estava indo. Tente não aprontar mais.-Ela a beijou na testa.-E depois irá me contar essa história direito.
-Tudo bem.

Daniel procurou o padre para tirar algumas dúvidas sobre a cidade e questões religiosas. Pensava que trancado dentro da igreja, pensaria menos no que estava fazendo e aonde iria parar com Natalia. Mas a realidade o atormentava.

Natalia não saía dos seus pensamentos. E o velho padre, vendo que algo o incomodava, lhe ofereceu uma taça de vinho.

-Meu filho, existe algo o afligindo?
-Sim padre, uma mulher.-Ele falou admirando a taça de vinho.-Estou enfeitiçado.
-Ah não me diga que é Natalia.
-Como? O que Natalia tem a ver com isso?-Ele tentou disfarçar.
-É perigosa a beleza dela. A maioria dos homens da vila, já se “enfeitiçou”. Mas os olhos dela, estão voltados para o marido.
-Sei.-Ele suspirou.-Natalia é mesmo uma bela mulher. Acha que ama ao marido?
-Talvez você saiba de algo que não sei.
-Não senhor. Não sei de nada.-Ele deu de ombros.-Enfim, tenho que ir. Muitas contas para por em dia.
-Está certo.-Ele sorriu.-Vá em paz meu filho. Deus o acompanhe.

O velho padre esperou que ele saísse, para fechar o semblante.

-Você vai acabar morrendo por ela.

Natalia saiu do quarto quando finalmente Enzo foi embora. Sentou-se para conversar com seu pai. Ele não estava feliz, ela, muito menos.

-O que Enzo falou, é verdade?
-O que ele falou?
-Não se faça de sonsa, eu sei que sua irmã já foi lhe contar.
-Não, aquilo não foi verdade.
-Natalia...
-Eu juro papai. Enzo nunca pôs as mãos em mim.
-Pois bem. Vou chamar alguém que confira então.
-Pra que?-Ela se apavorou.
-Para confirmar se há virgindade.
-Não há.-Ela baixou os olhos.-O imperador mentiu.
-Como?
-Ele tinha uma dívida com Enzo.-Ela sabia que estava se aprofundando na mentira e acabaria encrencada.-E não conseguiu cumprir a promessa.
-E por que você mentiu?
-Ele estava com outra mulher.-Ela baixou os olhos.-Mereceu.
-Você não poderá ficar separada de seu marido.
-Poderei sim. O casamento já foi anulado.
-Natalia, você ficará falada. Acabará em alguma fogueira armada por essas carolas. O antigo imperador a defendeu inúmeras vezes, mas não sabe se esse vai.
-Eu fujo. Mas não volto para ele. Enzo me feriu Nunca mais quero vê-lo.
-Pois bem.-Ele se levantou.-vou para meu escritório. Pense bem, pois é sua vida que está em risco.

Natalia sabia sobre aquele problema. Muitos dos homens da aldeia, a desejavam. E suas mulheres enciumadas, diziam que ela os enfeitiçava. Que era uma bruxa. O antigo imperador a defendeu, porque esperava pelo momento em que ela se casasse para tomá-la. Era extremamente religioso, tinha medo de tomá-la antes do casamento e sofrer a “ira divina”

Por um golpe do destino, ele foi acusado de traição e decapitado a mando do rei.

No dia em que Daniel pôs os pés na cidade, Natalia se apaixonou a primeira vista. Diferente de como foi com Enzo. Ela sentia calafrios, o coração batia descompassado. Ela queria vê-lo sempre. E na verdade, teve a idéia de se casar, porque imaginava que ele nunca olharia para ela.

E estava certa. Ele não a queria. Não a tomou nem mesmo quando ela implorou. A vergonha tornou suas bochechas rubras. Mas a lembrança do beijo. Tão gostoso, tão erótico. Diferente dos beijos que ganhou de Enzo.

Natalia chegou até ali. Iria até o fim. Mas conseguiria cair nos braços do imperador. Nem que fosse sua última ação na terra.

Daniel estava disposto a atrair Natalia para sua cama. E por isso, convocou todos os cidadãos da cidade de Amaratta para um banquete em sua homenagem. Fez um convite especial e mandou que entregassem a Natalia em mãos.

Era sua chance. No próximo domingo, Natalia seria sua.

Convite para uma festa?-Natalia olhou bem para a cara do lacaio.-Assim, encima da hora?
-Meu senhor mandou entregar esse especialmente a senhorita.
-Ah sei.-Ela debochou.-Aposto que em sua carruagem, existe mais uma centena de “convites especiais”.
-Se a senhorita quiser conferir.
-Não. Pode se retirar.
-Com licença.

Ela entrou em casa e guardou o convite na gaveta da penteadeira. Estava na dúvida. Iria, ou não iria? Até o próximo domingo, ainda havia uma semana inteira para decidir-se.

Enzo aproximou-se da casa de Natalia pela madrugada. Como já imaginava, a janela do quarto dela estava aberta. Se aproximou e a viu deitada, os cabelos negros espalhados pelo travesseiro, o corpo semi-nu, coberto apenas pelo lençol. Não se conteve e pulou a janela. Se aproximou como um leopardo, lento e firme.

Era sua mulher, independente do que o imperador disse, ela era sua. E ele não aceitava perdê-la.

Tirou as roupas devagar, deitou-se ao lado dela com cuidado para não acordá-la. Queria saber que desculpa ela daria para o pai, quando ele os encontrasse juntos.

A ama de Natalia entrou no quarto sem bater, como era de costume. Sufocou um grito de pavor e saiu do aposento sem fazer barulho. Enquanto voltava para a cozinha, esbarrou com Ernesto no caminho. Quase desmaiou quando o viu.

-O que tem mulher? Onde está Natalia?
-Natalia? É...
-É, você não ia chamá-la? Preciso falar com ela.
-É que...
-Deixa, eu mesmo vou chamá-la.
-Não senhor!
-Por que não?-Ele desconfiou.-O que está acontecendo aqui?
-Nada. É que... Senhor... espere.

Ernesto entrou no quarto. Cuspiu marimbondos quando viu Natalia e Enzo abraçados. Se ela estava pensando que iria fazer o que quisesse embaixo de seu teto, estava muito enganada.

-Natalia!
-Oi.-Ela esfregou o rosto e se espreguiçou, estranhou quando sentiu um corpo ao seu lado.-O que está acontecendo aqui?
-Eu é que pergunto.-Ele estava vermelho, a ponto de estourar.-Quero uma explicação para isso.
-Eu também.-Ela deu um soco no peito de Enzo.-Acorde seu desaforado. Anda!
-Bom dia querida.-Ele a beijou nos lábios.-Dormiu bem?
-Eu vou sair, quero os dois na sala em cinco minutos.
-Cafageste.-Ela bateu nele com mais força.-O que pretende com isso?
-Ter você de volta querida.-Ele segurou as mãos dela e a tombou na cama.-Depois dessa conversa com seu pai, irá voltar pra casa comigo.
-Mas nem morta.
-Prefere que eu diga a ele, como foi nossa última noite?
-Pode dizer, vai ser desmentido. Eu já tratei disso.
-E como explica o fato de não ser virgem?-Ele beijou o rosto dela, porque ela virou na hora.
-Eu disse que o imperador fez o trabalho.
-Podemos chamá-lo aqui. Ou levamos seu pai até a casa dele. O que acha?
-Você não vai me conquistar dessa forma.
-Não quero conquistá-la.-Ele segurou o queixo dela.-Você é minha e deve ficar ao meu lado.
-Não sou sua Enzo. Precisa me deixar em paz.-Ela soltou os pulsos e se enrolou no lençol.-Não quero ficar ao lado de um traidor. Ainda mais, um que mente para me prejudicar.
-Não quero prejudicá-la.-Ele se levantou e começou a se vestir.-Apenas fazer o que é certo. Venha, vamos conversar com seu pai.
Não volto para sua casa.
-Volta sim querida.-Ele puxou o lençol de cima dela e sorriu.-Mais bela a luz do dia, do que sob a sombra da noite.
-Aposto que Sofia ouviu o mesmo, a noite passada.
-Esqueça Sofia. Eu estava bêbado.-Ele beijou a mão dela.-Vista-se. Coloque uma roupa qualquer, tudo fica perfeito em você, minha rainha.

Ela sorriu e baixou a cabeça para que ele não notasse. Se levantou, procurou pelas roupas que havia separado no dia anterior e se enfiou de qualquer jeito em um vestido azul florido. Enzo amarrou os cordões do espartilho dela e fez questão de lhe pentear os longos cabelos.

Natalia se arrumou como pôde, suas coisas ainda estavam na casa de Enzo. Optou por prender os cabelos em uma longa trança e saiu ao lado dele do quarto.

Ernesto sorriu quando viu os dois chegando de mãos dadas. Isso era bom sinal. Fizeram as pazes, acabariam com aquela loucura.

-Então, têm algo a me dizer?
-Claro sogro.-Enzo abraçou Natalia.-Vamos voltar para nossa casa. Que é de onde Natalia nunca devia ter saído.
-Está certo.-Ele sorriu para ambos.-Então minha filha está feliz?
-Não.-Ela sentou-se em seu lugar costumeiro.-Mas quem se importa, não é mesmo?
-Natalia.-Enzo sentou-se ao lado dela.-Deixe de fazer pirraça.

Natalia ia voltar, mas para fazer da vida de Enzo um inferno. Se ele gostava de jogar com a vida dela, ela teria um jogo pra ele.

Ao chegarem a casa, ela correu para o quarto, fez uma trouxa com a roupa de cama e jogou pela janela, depois, com muito custo, ela conseguiu tirar o colchão, mas por ser muito pesado, foi atrás de Enzo.

-O que está fazendo mulher?
-Não vou deitar na cama aonde outra esteve.
-Natalia, o que pretende?
-Coloque esse colchão junto com o resto das coisas no quintal, se não quiser que eu incendeie a casa inteira.
-Você só pode ter enlouquecido.
-Se não fizer, vou atrás do imperador e digo que me estuprou, para que eu voltasse para sua casa.
-Não se atreveria.
-Pois então deixe a cama aí, estou indo lá.-Ela tentou passar, porém, ele a deteve.-Então?
-Eu vou fazer. Mas aonde vamos dormir?
-Dê um jeito. Até o final da tarde, quero nesse quarto uma cama de madeira maciça, com dossel e lençóis de cetim.
-Está brincando? Assim, vou a falência.
-Sei que tem dinheiro.-Ela se aproximou dele e pôs a mão em seu peito.-Você está me devendo uma noite de amor. Uma que me faça sentir prazer, não só a você. E não vai ter nada comigo encima dessa cama.
-Tudo bem Natalia, você venceu.-Ele lhe deu as costas.-Vou mandar alguém levar a cama para o quintal. A tarde terá sua cama nova.

Natalia sorriu ao ver seu reflexo no espelho. Enzo como sempre, estava em suas mãos. Enfeitiçado, era a palavra certa. Agora lhe restava dar um jeito em Sofia, para que esta não voltasse a mexer com ele.

E depois que cuidasse de sua vingança, voltaria sua atenção ao imperador. E teria dele o que queria.

Após ver o quarto arrumado com a cama nova, Natalia voltou a si. Parecia estar em transe. Viu quando Enzo entrou no quarto sorridente.

-Então, está de seu agrado?
-Sim.-Ela olhou em volta, perdida.-Aonde conseguiu?
-Favores que me deviam.
-Anda prestando favores há muito mais gente do que imaginava.-Ela parou em frente ao espelho grande e começou a pentear os cabelos.-Vou sai.
-Nada disso.-Ele a segurou pelo braço e a prensou contra a penteadeira.-Você me prometeu que eu a teria quando trocasse a cama. Sua cama está aí. Agora, me dê o que quero.
-Agora não tenho tempo.
-Natália, não me tira do sério.-Ele a puxou para si.-Você prometeu.
-Enzo, eu não quero.-Ela tentou empurrá-lo.-O que vai fazer? Tomar a força? Me violentar?
-É o que está passando pela minha cabeça.-Ele viu o medo nos olhos dela e respirou fundo, afrouxando o abraço.-Você me tira do sério mulher.
-Eu preciso ir a casa da Sofia.-Ela falou em tom acusador.-É um assunto sério.
-O que vai aprontar?
-Vou me certificar de que ela não volte a sujar minha cama.-Ela o empurrou com ambas as mãos.-Com licença.

Natalia saiu da casa apressada. Se livrou por pouco. Atravessou a praça em direção a casa de Sofia. A mãe dela a aguardava para o chá.

-Boa tarde Natalia.-Ela sorriu quando a viu se aproximando.-Está linda. O casamento está lhe fazendo bem.
-Mais ou menos.-Ela sorriu.-Podemos conversar?
-Claro. Mandei servir o chá na sala. É uma pena que Sofia não esteja. Foi fazer um serviço para o pai.
-E por falar nele, se encontra?
-Está no armazém.-Ambas sentaram-se a sala.-Mas o que de tão importante quer me falar?
-Bom, é um pouco delicado.-Ela suspirou, precisava de um empurrãozinho E logo esse empurrãozinho veio de dentro.-Conheço um senhor de muito boa família, que está procurando esposa.  Pensei em Sofia. Ao que me recordo, esteve falando que procurava um marido pra ela.
-Ah sim. Quem é esse senhor?
-O senhor Joaquim Ferreira.-Ela fez uma cara enojada.-É um bom homem, rico.
-Ele tem uma filha da idade da Sofia.
-Mas é uma ótima porta de escape para ela.
-Sofia ainda é nova. Creio que possa arrumar pretendente melhor.
-Sofia jogou a chance pelo ralo.-Natalia se arrumou melhor enquanto pegava a xícara de chá.-E o que ela fez não é perdoável.
-O que Sofia possa ter feito?
-Na noite do meu casamento.-Ela fingiu pesar.-Enquanto estava presa na casa do imperador. Sofia passou a noite com meu marido.
-Impossível.-Ela ergueu o nariz.-Quem te contou uma barbaridade dessas?
-Eu vi.-Ela deixou a xícara sobre a mesa e aprumou o corpo.-Consegui fugir pela madrugada. Quando cheguei em casa, Sofia e Enzo estavam... bem, a senhora pode imaginar o que estavam fazendo. Enzo estava caindo de bêbado. Isso quase custou meu casamento.
-Ora, Sofia terá que me explicar isso direitinho.
-Enfim senhora Marques.-Natalia puxou a bolsinha que estava pendurada ao pulso.-A oportunidade de se casar com um senhor experiente, dará a Sofia a disciplina que ela não teve. E evitará o escândalo, caso ela tenha ficado grávida.
-Vou providenciar isso agora mesmo.-Ela estava vermelha.-Sinto muito Natalia, que tenha passado por isso. Ser seqüestrada pelo imperador, dizem que eles são brutos. E depois... ah nem consigo imaginar.
-É, realmente não é fácil.-Ela suspirou.-Pois bem, vou indo. Preparar o jantar para meu... marido.
-Assim que estiver tudo pronto, a convidaremos para o noivado.
-Sim. Obrigada por me ouvir senhora Marques.

Natalia ergueu a cabeça e desceu os degraus da casa. De longe viu o imperador saindo do armazém. Seu coração pulou. Suas faces ficaram coradas. Ela continuou seu caminho e ele foi ao seu encontro.

-Boa tarde senhora.-Ele a ofereceu o braço.-Fiquei sabendo que fez as pazes com seu marido?
-Sim. Ou era isso, ou me casar com um velhote.
-Espero que tenha tomado a decisão acertada.-Ele sorriu.-Então, irá a festa?
-Não sei. Creio que não será apropriado.
-Claro que será.-Ele a deixou na porta de casa e lhe beijou a mão.-Conto com sua presença.

Ela entrou em casa sem olhar para trás. Daniel sorriu, arrumou a casaca e tomou seu rumo de volta ao armazém.

Natalia não lhe saía dos pensamentos. Até nos sonhos, ela o atormentava. Não via a hora de toma-la. E sabia que na noite da festa, ele a teria.
Uma semana se passou. E lá veio o dia da festa. Enzo estava irritadiço. Dormia no quarto vazio desde que Natalia voltou para casa.­ Sabia o quão vingativa ela era. Mas isso não foi mais fácil.

Soube do futuro noivado de Sofia pela boca da mesma. Sabia que aquilo era obra de Natalia. E achou que ela teve bom coração. Se fosse em outros tempos, Natalia teria aprontado feio com a garota.

Natalia era impulsiva. Tinha duas personalidades. Uma meiga igual a uma menininha. E outra forte igual a uma bruxa. E só ela sabia escapar da mira das carolas da cidade. Tinha um bom coração, estava sempre assando bolos para alguém e fazendo favores. Quando “Eva” aparecia, ninguém se importava.

Eva era a personalidade forte. Ele havia lhe dado o nome uma vez e pegou. Sempre que ela estava impulsiva e impossível de se conviver, ele sabia que era Eva, quem estava ali.

Mas naquela tarde era Natalia. Deitada na cama, com o olhar vago e perdido nas flores de um quadro antigo.

-Querida, o que tem?
-Não me sinto bem.-Ela empurrou um livro que estava lendo.-Não vou a festa de hoje a noite.
-Mas querida, você estava tão animada.
-Desanimei.
-Então fico com você...
-Não, por favor. Ana espera por essa festa a semana inteira. Leve ela, procure um bom pretendente. Toda a cidade estará lá. Mas procure um bom homem, de boa família e que seja leal. Não case sua irmã com um homem que possa trair ela na noite de núpcias.
-Você ainda não me perdoou, não é?
-Não.-Ela fechou os olhos.-Estou com dor de cabeça. Podemos conversar quando voltarem da festa?

Enzo levantou sentindo-se o maior canalha do mundo. Fez um esforço para sair da casa. Detestava ver Natalia triste daquela forma. E saber que ele foi o culpado por essa tristeza, o deixava pior.

Durante a festa Daniel fez negócios, desviou de várias mulheres solteiras com intenções de casamento. Trocou olhares com algumas casadas, que tinham intenções maliciosas. Mas não encontrou Natalia em lugar algum. Viu o marido dela conversando com um rapaz. Estava de braços dados com a irmã. Olhou em volta, mas nada. Então teve uma idéia. Já que estavam todos ali, ele se retiraria.

Mas como se retirar de uma festa em sua homenagem, sem ser descoberto? Foi quando se lembrou de Luiza. Ela estava na cozinha. Subiram pelos fundos, ele lhe arrumou o vestido mais bonito que tinha na casa.

-Iremos fazer um pequeno teatro.-Ele segurou as mãos dela.-Comporte-se como uma dama. Terá uma recompensa.
-Sim meu senhor.

Ele a transformou em uma mulher de classe, bem vestida, adornada com jóias. Ela mesma ajeitou os cabelos. Saiu pelos fundos e entrou pela porta principal.

Ninguém conhecia aquela dama. Muitos ficaram encantados com a beleza dela. Uma bela mulata, bem vestida. Não parecia em nada uma criada.

Daniel desceu as escadas e a conduziu para o meio do salão, aonde dançaram por um longo tempo. Pouco antes do banquete ser servido, ele fez um pequeno anuncio e subiu com Luiza.

-Fique aqui, não saia até meu regresso.
-Sim senhor.

Desceu pelos fundos, foi até o estábulo, montou no cavalo e galopou para fora dalí, antes que o notassem.

Daniel galopou até a cidade. Ela estava deserta, todos estavam em sua casa. Todos, menos Natalia. Desceu em frente a casa dela e bateu na porta.

Ela abriu ajeitando o xale nos ombros e ficou espantada quando o viu.

-Daniel?-Ele entrou na casa e ela trancou a porta.-O que faz aqui? E a sua festa?
-Por que não esteve lá?
-Não tive vontade de ir.-Ela cruzou os braços.-O que quer aqui?
-Você.-Ele segurou a mão dela e a puxou para si.-Desejo você desde aquela noite. E quero aplacar esse desejo.

Ele a puxou pela cintura e pousou os lábios sobre os dela. Natalia ofegou quando sentiu seus lábios juntos, ele a apertou com força ao abraço. O beijo se intensificou.

Ele a conduziu para o quarto, Natalia virou de costas para que ele desamarrasse seu vestido.

Ele a beijou no pescoço, a abraçou, apertou-se os seios. Isso só fazia o tesão entre ambos aumentar.
Ela sentia o corpo esquentando, em especial o ponto entre suas pernas. A respiração ficou mais pesada, ele desamarrou os fios do espartilho e o jogou no chão. O vestido foi o próximo, ela ficou de combinação a sua frente. Os cabelos foram soltos em cascatas cacheadas.

Ela se voltou para ele. Tinha os lábios separados, respirava devagar, parecia não saber lidar com tanta excitação.

As mãos delicadas pousaram sobre seu peito, desabotoando o traje formal. Deixando a mostra uma camisa branca, que se moldava ao peito musculoso. Ela prendeu o ar por um instante, enquanto ele mesmo tirava a camisa, ficando com o peito nu.

Os lábios voltaram a se encontrar. Ele desceu a mão por entre suas pernas e subiu um pouco a barra da combinação, tocando entre as pernas dela. Sentiu úmido, liso. Fechou os olhos sendo possuído por uma atitude animal. A empurrou pra cama, ela caiu sentada com as pernas pra fora. Ele ajoelhou a sua frente, o bafo quente fez com que ela se arrepiasse.
Daniel afastou as pernas dela e a beijou. Natalia gemeu de expectativa, pouco tempo depois, ele estava sugando e lambendo, estimulando, penetrando os dedos.

Natalia não sabia lidar com aquelas sensações. Gemia e se contorcia, pensando que estava a ponto de morrer. Aquela sensação sufocante era ótima. Pensou que estava saindo do corpo, quando estremeceu e gozou.
Daniel estava louco, possuído pela insanidade. Já estava com a calça aberta, sentou-se na cama e pôs a mão dela em volta de seu membro.

Natalia não conseguia tirar os olhos daquele membro. Subia e descia as duas mãos sobre ele, enquanto Daniel tirava as botas e arrancava as calças. Por iniciativa própria, Natalia baixou a cabeça e o colocou na boca. Ele gemeu alto, quando ela sugou a cabeça de seu pau, um tanto desajeitada.

A boca dela era quente, macia. Ela não conseguia chegar à metade de seu membro, mas o que restava, compensava estimulando-o com as mãos.

Natalia gostou de ouvi-lo gemendo enquanto ela o acariciava. Mesmo desajeitada, sentia que estava se saindo bem.

Daniel estava a ponto de se acabar, quando a puxou para si. Natalia ajoelhou, ele a abraçou e tombou ambos os corpos sobre  a cama. Faltava tão pouco para possuí-la, queria observar a expressão dela enquanto penetrava seu corpo.

Natalia lutou contra aquela força que queria dominar seu corpo. Queria estar consciente quando ele estivesse dentro de seu corpo. Não deixaria esse prazer para Eva.
Subiu as mãos para a cintura dele, Daniel posicionou-se entre suas pernas.

Devagar escorregou pro aconchego úmido e quente entre suas pernas. Natalia parou por um instante de pensar e se entregou ao prazer. Daniel ficou imóvel, era linda, abraçada a ele, com os olhos fechados. O calor apertava seu membro, fazendo-o latejar, prestes a explodir.

Instantes depois, ele penetrava cada vez mais forte e Natalia gritava, sem saber o que fazer com tanto prazer. O abraçava, arranhava, os lábios se moviam um contra o outro. Daniel ergueu o corpo, a segurou pela cintura e começou a estocar com mais força.
Natalia perdeu os sentidos. Baixou a guarda um instante e Eva tomou conta. Agora, mais confiante, rolou Daniel para a cama e se pôs por cima. Rebolava sobre o corpo dele, as mãos firmes acariciavam seus seios. Estava aponto de sucumbir. Natalia estava diferente, menos entregue e mais ativa.

O fogo percorria seu corpo, estava sentindo novamente o orgasmo. Um mais intenso, que iria tomar suas forças. Começou a rebolar com maior intensidade e quando se entregou ao clímax, caiu deitada sobre o peito dele.

Daniel sentiu o corpo dela sugando o seu. Estava mais quente, foi ótimo vê-la se entregando ao clímax daquela forma. A segurou pela cintura e arremeteu mais forte, sabendo que estava por conta e iria gozar, penetrou e penetrou mais forte, até finalmente se derramar dentro dela. O corpo dela caiu trêmulo sobre o seu. Ele a deitou melhor ao seu lado e a abraçou.

Ficaram em silêncio, se beijavam e acariciavam, não precisavam dizer nada um ao outro. Daniel estava louco por ela. Apaixonado. E ela também estava. Só que entre eles havia Enzo. E um casamento, que não devia ter acontecido.

Quando Natalia voltou a si, ele estava acariciando seus cabelos. Ela o abraçou com mais força, aspirando o perfume másculo. Daniel sentiu os seios dela roçando seu peito e sentiu um calafrio subindo por suas costas. A deitou sobre a cama e se pôs por cima de seu corpo, a observando.

-Você me enlouquece. Esperei a semana inteira por essa festa e quando não a vi lá, tive que vir atrás.
-Sabia que viria.-Ela acariciou o rosto dele com a ponta dos dedos.-É melhor encontrá-lo em uma casa vazia, do que em sua mansão cheia.
-Não posso ficar muito tempo. Queria estar com você uma noite inteira, mas daqui a pouco seu marido deve estar voltando.-Ele acariciou o rosto dela.-Gostaria de ficar mais.
-Então fique.-Ela segurou a mão dele contra seu rosto.-Eu quero mais.

Daniel sorriu e capturou os lábios dela. Natalia desceu a mão para o membro dele, sentiu ele endurecer enquanto fechava os dedos em volta. Em um piscar de olhos, ele já estava sobre seu corpo. Dessa vez, arrancou-lhe a combinação, a colocou de pé segurando o balaustre da cama e a penetrou devagar por trás.

Natalia ofegou quando o sentiu enterrar-se em seu corpo mais uma vez. Ele apertava seus seios, entrava e saía devagar, beijava-lhe as costas, descia as mãos pelas curvas dela. Natalia viu seus reflexos no espelho, era erótico, vê-lo tomando seu corpo daquela forma. Não conseguia desviar os olhos, até que Ele percebeu e a abraçou por trás. Ficaram parados alguns instante, procuraram os lábios um do outro. Daniel a apertou mais contra si

Em poucos instantes, estavam deitados no chão, ela com as pernas abertas, ele investia contra ela devagar, lambia seus seios, acariciava-os, apertava-os. Natalia gemia cada vez mais auto. Em poucos instantes, estava se entregando ao clímax.
Daniel enlouqueceu vendo-a entregue daquela forma. De olhos fechados, os lábios semi-abertos, os gemidos que fluíam deles.
Isso lhe deu forças e ao mesmo tempo as tomou. Ergueu o corpo, a virou de bruços e voltou a penetrá-la, logo após colocar uma almofada confortavelmente embaixo dela.

Natalia fechou as pernas em um movimento involuntário e Daniel enlouqueceu. Estava cada vez mais apertada. A segurava pelo quadril, estocava devagar, mas não era o suficiente. Seria consumido mais uma vez. Então, deitou-se sobre ela e continuou com as investidas. Sentia o aroma dos cabelos dela, os gemidos o deixavam mais excitado. Beijava-lhe as costas e o pescoço.

Eva não se meteu daquela vez. Natalia estava se saindo bem, Daniel estava gostando. Então, só lhe restava compartilhar do prazer de ambos.

Daniel não conseguia mais. Segurou o mais firme que pôde e começou a estocar, dessa vez mais rápido e com um pouco mais de força. Natalia gritava a cada investida. Mexia o corpo junto com ele, jogava o traseiro contra ele, Daniel não suportou e a prendeu junto a si enquanto estava gozando.

E Natalia, sentindo o membro dele pulsando em seu íntimo, gozou junto, pela última vez.

Ambos caíram ofegantes sobre o carpete. Daniel a acolheu nos braços, dessa vez exausto. Ficaram ali, se amando em silêncio, sem ato. Apenas com o coração.
-Preciso voltar.-Ele falou respirando pesado.-Mas gostaria muito que voltasse comigo.
-E dizer o que para meu marido amanhã? Que... fui seqüestrada... de novo?
-Não diga nada.-Ele a beijou nos lábios.-Apenas venha comigo.
-Não posso.-Ela se voltou para ele.-É arriscado de mais. Essa noite devia ter acontecido uma semana atrás.
-Quero você de novo.
-Já?
-Já.-Ele se levantou e a ajudou a levantar.-Mas não dá mais tempo. Acenda algumas velas, precisamos nos vestir.

Ela foi até a cômoda grande e acendeu três velas que estavam sobre um castiçal. Quando se voltou para ele, observava algo que estava na cama, quieto, um tanto... intrigado.

-O que aconteceu?
-Você disse que não era virgem.
-Não.-Ela se aproximou e viu manchas de sangue no lençol.-Impossível.
-A menos que sejam suas regras.
-Não.-Ela corou.-Quando estive com Enzo... não sangrou.
-A semana inteira?
-Não estamos dormindo juntos.-Ela pegou suas roupas e as vestiu rápido.-Eu não imaginava... Pensei que...
-Pensou o que?
-Nada.-Ela se calou antes que falasse sobre Eva e ele a chamasse de louca.-Eu vou levar isso pra lavar antes que eles cheguem.
-Espera.-Ele a puxou para o abraço.-Quero você de novo.
-Já teve o que queria.-Ela ergueu o nariz em confronto.-Pensa que sou um brinquedo?
-Nunca pensei isso.-Ele tocou os lábios dela com a ponta dos dedos.-Estou louco por você. Por favor, venha me ver durante a semana. Pode vir à hora que for.
-Não, isso é loucura.
-É loucura.-Ele acariciou a nuca dela.-Mas sei que gosta desse tipo de loucura.

Natalia o empurrou e foi levar o lençol para lavar. Quando retornou, ele estava terminando de calçar as botas. Levantou-se e foi até ela, com passos lentos e firmes. Tocou-lhe o rosto e quando ela o ergueu, capturou-lhe os lábios. Foi um beijo intenso, apesar de breve. Lhe deu as costas sem dizer mais nada e saiu.
Agora doía. Natalia ajoelhou-se no chão, finalmente deixando-se consumir pela dor de amar o homem errado.

Eva a esperava no espelho. Quando Natalia se levantou e a viu, se aproximou devagar.
-Enxugue as lágrimas. Não vale a pena chorar por homens.
-Até quando vai se meter?
-Sempre que eu achar necessário, vou me meter.-Ela a desafiou com um olhar amedrontador.-Não gosto de estar presa a você menininha, mas está dando certo até agora. Então me escute. Quer o imperador aos seus pés?
-Sim.
-Então deixa comigo. Sei o que fazer.
-Mas Enzo...
-Aquele lá não é problema. Faz tudo que eu quero e come na palma da minha mão.
-Na próxima vez... com o Daniel. Não quero que tome conta de mim.
-Está certo. Vou deixá-la brincar com ele.-Ela fechou o semblante.-Mas e Enzo? Vai conseguir se deitar com ele?
-Só em pensar, me dá náuseas.
-Então deixa que faço isso. Também quero diversão.-Ela sorriu.-Mas teremos que nos cuidar, se não quiser que um pirralho estrague nossos planos.
-Conheço ervas.
-Até parece que a bruxa é você.-Ela riu.-Pois muito que bem. Vá se deitar. Amanhã será um longo dia.

Daniel entrou pelos fundos, disfarçado. Encontrou Luiza no quarto, costurando. Era um anjo de mulher, apesar de quase não falar muito e fazer tudo que ele pedia, sem pestanejar.

-Vamos descer. Está na hora de acabar com a festa.
-Meu senhor.-Ela colocou a costura de lado.-Sei que não gosta que eu fale muito.
-Não sei de onde tirou essa idéia.
-Só queria te alertar. Por favor, tenha cuidado com essa mulher. Pode acabar morrendo por causa dela.
-Não irei morrer por mulher nenhuma.
-Se a ama.-Ela se levantou e se aproximou.-Fuja, volte pra sua terra e leve-a consigo. Mas não deixe que descubram antes. Irão matá-los.
-Terei cuidado Luiza.-Ele lhe ofereceu o braço.-Vamos, minha dama?

O casal desceu as escadas. Todos que estavam ali já estavam um tanto alterados. Riam e dançavam. Daniel pediu atenção.

-Gostaria de agradecer a presença de todos em minha humilde residência.-Ele sorriu satisfeito, quando viu Enzo em um canto com Sofia.-Foi de bom grado que ofereci essa festa a um povo tão amistoso. As portas da minha casa estarão abertas a vocês.
-Vida longa ao imperador!

Em um coro só, todos os que estavam presentes gritaram. “Viva”. Daniel pegou um copo de conhaque e tomou com um só gole. Deixou tudo nas mãos de seu capitão de guarda e subiu.

Foi uma noite maravilhosa. E ter o corpo de Natalia duas vezes, não foram o suficiente. Queria mais, muito mais. E sabia, que mais cedo ou mais tarde, ela iria ao seu encontro.

*****
Enzo chegou em casa bem tarde. Acompanhou Ana até o quarto e seguiu para o quarto de Natalia. Ela estava adormecida, como uma ninfa. Os cabelos espalhados sobre o travesseiro, a luz da lua entrava pela janela e a banhava.

Ele tirou as roupas e foi para a cama. Dessa vez, não se imitaria a dormir com ela. Iria tomar sua mulher. E pega-la desprevenida, era sempre a melhor saída.

Devagar tirou o cobertor que a cobria. Estava com uma camisola transparente cor de rosa. Subiu a mão por baixo da camisola, tocando e apalpando.

Natalia acordou quando Enzo estava montando em seu corpo, a penetrando. Ainda estava meio sonolenta, em poucos instantes, Eva tomou conta de sua mente.

-O que pensa que está fazendo?
-Tomando o que é meu.
-Mas eu não quero.-Ela tentou empurrá-lo, mas ele a segurou contra a cama.-Ah claro, você bebeu.
-Bebi.-Ele baixou os lábios até ela.-E de agora em diante, a terei sempre que quiser.

Eva o empurrou pra cama, na mesa ao lado, havia um jarro. Ela o alcançou e acertou-lhe em cheio na cabeça.

-Pensa que vai ser fácil querido?-Ela saiu de cima dele.-Mas terá muita dor de cabeça comigo ainda.

Ao raiar do dia, chegou às mãos de Daniel, um envelope com o selo real. Teve receio de abrir, sabia que boas notícias não poderiam vir naquele momento. Estava sempre esperando o pior.

E quando abriu, chegou a rir de frustração.

-É notícia boa, meu senhor?-Perguntou o capitão de guarda.
-Nada boa.-Ele sacudiu a cabeça.-Ele quer que eu volte. Precisa de mim em batalha.
-Mas senhor, não está aposentado?
-Aqui diz que ele precisa de minhas estratégias.-Ele dobrou a carta.-Viajo em dois meses.
-Mas senhor, não seria uma volta imediata?
-Vou escrever de volta. Invento uma desculpa qualquer. Mas não volto agora.-Ele dobrou a carta e colocou no bolso.-Agora, com licença. Tenho um plano, para por em prática.

Natalia acordou cedo, saiu da cama antes que Enzo acordasse da cacetada. Juntou os cacos do jarro e saiu do quarto. Encontrou Ana na cozinha, preparando o desjejum.

-Já de pé? Pensei que ficaria cansada, depois da festa de ontem.
-Estou tão feliz.-Ela pôs água no fogo e secou as mãos.-Lembra-se de Felipe?
-Sim.
-Enzo está arrumando nosso casamento.
-Jura?-Ela sorriu enquanto jogava os cacos no lixo e seguia para a lavanderia.-E você está contente?
-Claro. O que mais quero, é me casar.
-Bom, isso é ótimo.-Os pensamentos de Natalia estavam desalinhados demais, para se concentrar na conversa.-Espero que se apaixone pelo seu marido.
-Espero que ele seja apaixonado e romântico, assim como meu irmão.-Ela baixou o tom, se aproximou de Natalia hesitante.-Diga-me, como é.
-Como é o que?
-O... amor.-Ela sorriu igual há uma menina travessa.-Como é, quando o homem a toca, beija. As carícias...
-Depende Ana.-Natalia começou a esfregar as marcas de sangue do lençol.-Quando você ama, a todo momento, quer estar com o ser amado. E quando se entrega uma vez, não vê a hora para que aconteça de novo.
-É verdade que dói?
-Quando há amor e carinho, não.-Ela sorriu pensando na noite anterior.-Não há nada mais prazeroso, do que ter os lábios de um homem sobre seu corpo. Se entregar. Descobrir o amor. O melhor de tudo, é estar acolhida entre seus braços, depois do ato.
-Deve ser lindo.-Ela falou, sem notar a presença de Enzo atrás da porta.-Mal vejo a hora de poder me casar. Experimentar, tudo isso que você disse.
-Você terá sua oportunidade.-Ela suspirou triste.-E não irá querer outra coisa. Nem outro homem.

Enzo estava de sangue quente e com a cabeça doendo. Empurrou a porta com força, assustando as duas.

-Devassa ordinária.-Ele deu um tapa estalado no rosto de Natalia, chocou tanto ela, quanto Ana.-O que pensa que está ensinando a minha irmã? A ser uma qualquer igual a você?
-Enzo!-Ana puxou Natalia pelo braço e se colocou a frente dela.-O que pensa que está fazendo? Enlouqueceu?
-Vá para o quarto.-Ele apontou para Natalia.-E você Ana, não se meta.
-O que pensa que vai fazer?
-Natalia, para o quarto.
-Eu não vou.-Ela falou em tom autoritário.
-Vai por bem, ou por mal.-Ele a segurou pelo braço.-Nem que eu tenha que arrastá-la.
-Enzo, solte-a.-Ana tentou puxar a cunhada de volta, mas ele a empurrou.
-Já falei, não se meta.

Ele a puxava pela casa adentro. Quando passaram pela sala, viram uma moça parada a porta, assustada com a cena.

-E você, quem é?-Enzo sabia que a conhecia, mas não sabia de onde.
-Eu... meu nome é Luiza.-Ela segurou o vestido com as ambas as mãos e deu um passo a frente.-Sou a noiva do imperador. Vim aqui falar com a senhora Natalia.
-Ela agora está ocupada.
-Enzo, solte-me.-Ela puxou o braço com força.-E não se meta. Vou conversar com a moça.

Ele hesitou por um instante e se afastou. Volto para o interior da casa. Natalia tremia, mal sabia o que fazer. Indicou uma cadeira para a moça.

-É, desculpe-me por isso.
-Está sangrando.-A moça se aproximou dela com um lenço na mão e pressionou sobre o lábio.-Meu senhor não irá gostar nada de saber que ele tocou em você, de forma violenta.
-Seu senhor não deve saber de nada.-Ela respirou fundo.-O que quer comigo?
-Meu senhor deseja vê-la.
-Não posso ir.-Ela respirou fundo.-O que digo a meu marido?
-Por isso estou aqui.-Elas sentaram-se.-Ele tem um plano.

*****
Daniel observou a moça a sua frente. A coisa mais chata que havia naquela aldeia, era ter que ficar distribuindo permissões de casamento. Tanta coisa para se fazer e tinha que estar ali, determinando o destino de uma debutante, com um velho.

Assinou o documento, quando ambos disseram estar e acordo com o casamento e se levantou.

A moça não tirava os olhos de cima dele. Era do tipo perigosa. Tipo que ele conhecia muito bem. E não estava a fim de passar por aquilo outra vez.

-Bem, se é só isso, com licença, tenho um trabalho a fazer.
-Muito obrigado senhor.

Os pais da moça saíram junto com o casal. Daniel estava com o pensamento longe. Esperava que Luiza trouxesse boas notícias. Queria Natalia por perto. E daria um jeito de convencê-la a viajarem para a França juntos. Se precisava voltar, iria levá-la consigo.

Sophia saiu da casa do imperador com o coração espatifado. Sua esperança, era que ele não concedesse a permissão para o casamento. Mas ele não chegou a notar seu olhar de súplica.

Na ultima noite, durante a festa, o arranjo havia sido feito. Enzo estava lá, ela queria poder ter se atirado em seus braços, mas precisou se contentar com uma dança e algumas palavras trocadas, na presença da irmã dele.

Desde menina, era apaixonada por ele. Mas este só tinha olhos para Natalia. Quando ela aparecia, a ofuscava e Sophia deixava de existir. Na noite do casamento, foi sua ultima tentativa de fazê-lo se arrepender e voltar atrás. Mas a miserável tinha que fugir e aparecer na hora, para estragar tudo.

Sophia era amiga de Natalia. Por isso, sabia da paixão momentânea que ela sentia pelo imperador. Estiveram juntas, quando ele chegou à cidade. Viu o brilho nos olhos dela. Ela só falava nele. E como já tinham a permissão para o casamento, usou isso para estar co mele, para que ele a notasse. Quando o imperador apareceu, Enzo deixou de existir para Natalia. Assim como era com Sophia.

Ela ia acabar com Natalia. Por sua culpa, estava agora para se casar com um homem grosso, cruel. Mas Sophia não desistiria de seu amor. Enzo seria dela. E o imperador, esse também voltaria sua atenção para ela. E Natalia, iria pagar pelo dia em que entrou em seu caminho.

*****
-Você o que?-Enzo se levantou.-Não vai a casa do imperador.
-Luiza e Daniel irão se casar em breve. Tenho pouco tempo para ensinar regras de etiqueta a ela.
-Ensine aqui.
-Com talheres de latão? Copos de barro? Canecas? Aposto que ela já sabe usar estes instrumentos.
-Não a quero na casa do imperador.
-Por quê?-Ela fechou a cara.-Diga-me, pensa que irei me atirar na cama dele? Com a noiva dele por perto? Está me confundindo com Sophia?
-Enzo, essa moça esteve com o imperador na festa.-Ana tentou intervir.-Você viu. Se eles vão se casar, deixe Natalia ajudá-la.
-Duvido que se casem.-Ele riu.-É uma criada, negra.
-Fale baixo, se não quiser ir a forca.-Ela respirou fundo.-Vou me arrumar.
-Não vai comer antes?-Ana indagou preocupada.
-Não.-Ela lhes deu as costas.-Não quero passar muito tempo perto desse bruto.

Enzo tentou segui-la, mas Ana o deteve.

-O que pensa que está fazendo? Irá perdê-la se continuar com isso. Primeiro a trai, logo em seguida a agride.-Ana o fez sentar-se a mesa.-Coma alguma coisa e vá trabalhar. Se fosse você, compraria um presente para Natalia, isso que fez, foi grave.

Quando as duas passaram pelo portão principal, Daniel sorriu triunfante. Estava cedo ainda. Mas o desejo por Natalia era intenso. E ela devia desejá-lo da mesma forma, senão, não viria logo.

Ele a aguardava no quarto, havia frutas e doces em uma mesa bem posta. Sobre a cama, uma colcha de cetim e pétalas de rosas. Teve ajuda de uma das criadas. Esperava que aquilo agradasse Natalia.

Pouco tempo depois, ouviu batidas a porta. Respirou fundo e foi atendê-la. Ela estava lá, tão linda, em um vestido verde claro, bem decotado. Mas quando tirou o chapéu e descobriu o rosto, o bom humor dele foi por água a baixo.
-O que houve em sua boca?
-Um acidente.-Ela baixou o rosto, segurando o chapéu com as mãos ainda tremulas.-Isso é loucura.
-Venha até aqui.-Ele a puxou para si e a fez erguer o rosto, para checar o ferimento.-Foi ele?
-Daniel...
-Foi ele.-Ele afirmou enquanto suspirava.-Vou mandar prende-lo por isso.
-Não.-Ela o segurou.-Todos irão descobrir se mandar prende-lo.
-Ele a agrediu.
-Também o agredi.-Ela baixou a cabeça.-Quebrei um jarro na cabeça dele.
-Você o que?-Ele riu.
-Também irá me prender?
-Sim.-Ele afastou os cabelos dela, para trás do pescoço, enquanto erguia o rosto delicado.-Irei prende-la a cama comigo.

Natalia deixou-se guiar para a cama. Mas antes de deitá-la, Daniel a despiu. Descobriu o corpo dela a luz do dia. Pode observá-la melhor, admira-la. Natalia era uma criatura linda. Perfeita. Ele estava cada vez mais enfeitiçado.

Quando deitaram-se a cama aquela manhã, o casal ficou em silencio, apenas observando um ao outro. Sem dizer palavra alguma, apenas se namorando com os olhos. Abraçados, começaram a se beijar. Beijos lentos, demorados. Beijos que excitavam. E com os beijos, vieram os carinhos. Primeiro nos cabelos, depois na pele.

E mutuamente, se acariciando e beijando, se uniram. Dessa vez devagar. Apenas deixavam acontecer, como se fossem os donos do tempo. E sendo os donos do tempo, ele estava parado para eles. Amaram-se com beijos, carinhos, olhares. E o tesão não foi menor por isso. Claro, naquela época, não se usava esse termo. Mas não há outra forma de expressar o que sentimos quando estamos excitados.

Abraçados, suados e aumentando o ritmo aos poucos, sentaram-se na cama, encaixados. Natalia sentada no colo de Daniel. Sentiu desconforto quando ele a penetrou fundo, mas um desconforto gostoso. Bom. “As dores do amor”. Era o que sua mãe dizia.

Amor. Daniel não conseguia pensar em outra palavra, enquanto olhava nos olhos azuis mais belos que já havia visto. Enquanto a penetrava, acariciando o corpo mais quente que já esteve em seus braços. Desejava-a. Além da cama, além do sexo. A queria como sua mulher. E a teria. Levaria Natalia consigo. E que Deus estivesse ao seu lado. Porque seria uma batalha árdua.

Deitados na cama, sem se preocupar com o horário que já ia avançado, o casal finalmente descansava. A noite foi longa, a manhã também. Agora, à tarde se deram ao luxo de almoçar no quarto e dormir abraçados. Era domingo. Não havia trabalho, nem afazer algum para se preocupar.

-Natalia?-Daniel a despertou devagar, com beijos.-Meu anjo, acorde.
-O que aconteceu?-Ela se assustou.-Ele veio me buscar?
-Não.-Ele acariciou o rosto dela.-Preciso lhe falar uma coisa importante.
-Então diga.-Ela sentou-se.
-O rei me convocou em batalha.
-Mas... não veio em missão? Já terminou?
-Não.-Ele segurou a mão dela.-Mas minha presença lá, é mais importante do que aqui.
-Não pra mim.-Ela acariciou o rosto dele.
-Quero que venha comigo.
-O que?-Ela pensou ter ouvido coisas.-Mas... por que?
-Posso passar anos fora.-Ele beijou os dedos dela.-Não vou agüentar ficar anos longe de seu corpo.
-Meu corpo.-Ela sentiu uma pontada no peito, matando ali a esperança.-Haverá outras mulheres. Em todo lugar que for, terá mulheres aos seus pés. Por que precisa do meu corpo?
-Porque amo você.-Ele disse isso, tomando os lábios dela.-E não quero vê-la ao lado de um miserável.
-Mas ele é meu marido.
-Você o ama?-Ele perguntou com esperanças.
-Não. Eu já disse que não uma vez.
-Então, fuja comigo.-Ele a abraçou.
-Mas ainda sou casada. É um pecado enorme o que estamos fazendo.
-Também está pecando dormindo com ele.-Ele lhe acariciou os cabelos.-Ou não se lembra que anulei o casamento de vocês?
-Mas...
-Assim como tenho poder para conceder permissão, tenho para anular.-Ele a afastou.-Minha palavra basta.
-Então, não tenho compromisso algum com ele?
-Não.
-Mas seu idiota, só agora me fala isso?-Ela bateu nele com força.-Por que não avisou quando soube que eu havia voltado para a casa dele?
-Achei que havia ido, porque o amava.-Ele sorriu.-Venha comigo.
-Quando será a viajem?
-Daqui há dois meses.
-Até lá, o que faço?
-Continue vindo visitar-me com a desculpa de instruir Luiza.-Ele lhe acariciou os cabelos.-Pode vir, a hora que for.

Natalia considerou. Em sua mente, a voz de Eva soava.
“Vá em frente”... “É a aventura que queríamos”... “Não temos nada a perder”.

Mas ela não queria Eva em seu caminho. Não gostava quando ela lhe tomava a consciência. Ou falava em sua mente. Logo as pessoas achariam que ela era louca.

-Eu vou.-Ela falou por fim.-Mas ninguém pode desconfiar.
-Vou preparar tudo.-Ele a beijou mais uma vez, tombando os corpos na cama.-Faça amor comigo, antes de ir.
-Não antes de me prometer uma coisa.
-Tudo que quiser.
-O casamento de Sophia, será na próxima semana.-Ela ficou séria.-Não ouse chegar perto dela.
-Não chegarei minha dama.-Ele a beijou.-Daqui pra frente, só você e mais ninguém.

*****
“Esse amor, será sua perdição”.
Natalia acordou com um grito vindo da própria garganta. Por sorte, não acordou ninguém.

Deitou-se devagar, respirando pausadamente. Seria no outro dia. Estava ansiosa. Talvez com medo. Essa era sua última noite naquela casa. Última noite ao lado de Enzo.

Levantou-se com um pulo. Estava com o estômago embrulhado. A ansiedade era tamanha, que nem mesmo Eva a estava perturbando ultimamente. Sentia por se afastar de sua família. Mas sabia que era o certo a fazer.

Acendeu uma vela e olhou-se no espelho. Procurava uma voz que dissesse que tudo ficaria bem, que a encorajasse. Mas ela não vinha.

-Por que não aparece?-Ela tocou o espelho.-O que fiz para deixar você irritada?
-Não me irritou.-Eva falou finalmente.-Tenho cuidado de você, sua tola.
-Cuidou de mim? Como?
-Sente-se bem?
-Sim.
-Então.-Ela sorriu.-Amanhã é o dia. Vai ser melhor.
-Tenho medo. Não sei se terei coragem de ir.
-Precisa ir.-Ela fechou a cara.-Ou acabará morta pelas mãos de Enzo, em breve.
-Por que diz isso? Ele é estourado, mas não seria capaz.
-Será, quando ver nascer um menino de olhos verdes, iguais aos de Daniel.
-Por que diz isso?
-Pensa que esses últimos meses passariam sem conseqüências?-Ela olhou com raiva para o ventre de Natalia.-Falei para evitar que um moleque estragasse tudo.
-Mas... eu não posso.
-Está.-Ela parecia alterada.-Você pôs tudo a perder Natalia. Não evitou.
-Esqueci-me.-Ela encostou na penteadeira.-Mas... é uma coisa boa. Um bebê deixará Daniel feliz.
-Esse bebê irá separar nós duas.-Ela fez uma expressão de lamento.-A pureza dessa criança, irá me expulsar de seu corpo.
-Por isso não queria que eu engravidasse.
-Também, porque vou sentir tudo em seu lugar. A dor, os enjôos.-Ela suspirou.-Em breve, não estarei mais com você. Então, vá com Daniel, ele irá te proteger. Aqui, tem muita gente querendo te ver em uma fogueira. E não há mais o imperador Cornélio para salva-la.
-Eu vou com Daniel.-Ela sorriu.-E ele ficará sabendo no navio, que espero um filho dele.
-Esse será o fim Natalia.-Ela lhe deu as costas e Eva ficou observando, enquanto ela se deitava, sorrindo, cheia de esperanças.-Adeus minha irmã. Ao menos morrerá ao lado do homem que ama. A fogueira servirá para sua inimiga. Eu cuidarei disso.

*****
Sophia sabia que assim que o imperador fosse embora, ela poderia liderar o grupo de aldeões que levariam Natalia até a fogueira.
Estava marcado para o dia após a viagem do imperador. Todos trabalhavam em silêncio, com medo de que ela fugisse. Enzo poderia dar cobertura. E Sophia não desejava que ele ficasse contra ela. Queria estar ao lado dele, consolá-lo. E inventaria um filho. Um bebê que convenientemente, ela perderia, quando estivesse morando com Enzo. Um bebê que ela diria, ser fruto da noite em que estiveram juntos e não do marido velho.

A vingança estava armada. E Sophia veria o corpo de Natalia queimar com prazer. E faria questão de mostrar a ela, em seus últimos momentos de vida, que Enzo lhe pertencia. Era perfeito. Tão perfeito, que nada poderia estragar. Nada.

*****
-Meu senhor, tenho mau presságio sobre essa viagem.-Luiza falava, enquanto colocava documentos em uma pasta.-Tome cuidado.
-Tomarei.-Ele sorriu.-O que mais pode haver de errado?-Se aproximou dela e a abraçou.-Deseje-nos sorte.
-Vão com Deus.-Ela sorriu.-E não voltem. Sejam felizes.
-Seremos.-Ele se voltou para ela e a viu aflita.-O que tem mulher? Não disse que tudo ficará bem?
-Santiago.-Ela começou a dobrar roupas.-Não haverá jeito de ele ficar?
-Santiago é meu melhor guarda.-Ele começou a dobrar o punho da camisa.-Fique tranqüila. Em poucos meses, ele estará de volta. Já falou com ele,sobre seus sentimentos?
-Ainda não.-Ela se encolheu mais ainda dentro dos ombros.-Ele não se aproxima de mim. Não deve gostar de negras. Ou talvez... por que fui sua amante...
-Creio que ele só lhe tem respeito.-Daniel pegou uma caixinha e deu a ela.-Ponha isso em local fácil. É meu presente para ela.
-Conseguiu o que queria?
-Consegui sim.-Ele pegou o chapéu e abriu a porta.-Agora, só resta esperá-la.

*****
Natalia se arrumou aquela manhã, como sempre fazia. Preparou o desjejum, abriu as janelas da casa e pôs a mesa.

Enzo estranhou quando levanto eu a viu de bom humor.

-Fiquei sabendo que o imperador viaja hoje.-Ele sentou-se em seu lugar costumeiro.-Vai até a casa dele?
-Sim.-Ela também sentou para tomar o desjejum.-Em poucos dias, Luiza irá ao encontro dele. Tenho que deixá-la pronta, para ser apresentada ao rei.
-Essa criada tem muita sorte.
-Ela não é mais uma criada-Ela sorriu sonhadora.-Nunca vi amor igual.
-O que sinto por você, é maior.-Ele pousou a mão sobre a dela e sorriu.
-Ah claro.-Ela soltou a mão e se serviu.-Vai trabalhar hoje?
-Sim, até tarde.
-Devo voltar depois do jantar. Irei ensiná-la a preparar um jantar especial.
-Sei.-Ele deu de ombros.-Pois bem. Não devo jantar em casa então.
-E aonde jantará?
-Na taberna.-Natalia não se abalou.-O que foi? Não se importa?
-Desde que não gaste todo o dinheiro com prostitutas.-Ela se levantou.-Com licença, estou atrasada.

Natalia pegou um xale e foi para o quarto. Estava ansiosa para encontrá-lo. Ele havia preparado uma surpresa. Ela queria saber qual. Deu uma última olhada em suas coisas. Pegou a bolsa aonde escondeu as jóias e saiu.

Atravessou a rua e foi até a casa da irmã. Ela cantarolava feliz, enquanto varria a entrada. Sorriu quando a viu.

-Bom dia Mercedes.-Ela subiu os degraus e deu um beijo na irmã.-Como está?
-Bem.-Ela sorriu.-Que sorriso é esse? Diga-me, o que está aprontando?
-Nada, só estou feliz.-Ela levou a irmã há um canto.-Tenho uma coisa para contar. Mas prometa que não dirá a ninguém.
-Estou curiosa. Vamos, diga.
-Eu vou ter um bebê.-Ela segurou com força a mão da irmã.-Ainda não tenho certeza, mas não demora e terei a resposta.
-Um bebê?-O sorriso dela desapareceu.-Puxa, que bom.
-O que foi? Não gosta da idéia?
-Claro que sim.-Ela suspirou.-Se está feliz, também estou. Mas e Enzo?
-O que tem ele?
-Como está se sentindo? Ultimamente vocês têm brigado tanto.
-Ele não sabe. Por enquanto. Quero ter certeza.-Ela sorriu.-Bem, deixa-me apressar. Dê um beijo no papai por mim e diga que o amo muito.
-Está feliz mesmo.-Ela sorriu quando a irmã lhe deu as costas.-Não corra, não pode mais fazer essas coisas.

*****
Escondida em uma carruagem que levava alguns baús, Natalia rezava para que tudo saísse bem e eles pudessem fugir da cidade a tempo.
Foi transportada para dentro do navio escondida. A levaram até o camarote principal e lá ficou aguardando Daniel, que se despedia e dava ordens aos seus guardas.

Observava o mar a frente, aquele que os levaria para um novo lugar. Sentiu um arrepio ao imaginar os perigos que a aguardavam. Sentiu uma presença atrás de si, quando se voltou, Daniel a observava,com um sorriso no rosto.

-Você está linda minha princesa.-Ele se aproximou e a prendeu ao abraço.-Casa comigo?
-Como?-Ela sacudiu a cabeça, pensando ter ouvido coisa.-Mas... já? Pensei que esperaria mais... ou...
-Ou o que?-Ele afastou os cabelos dela para trás da orelha.-Não há nada que nos possa impedir. Então, diga logo se aceita.
-Sim, aceito.

Daniel a levou pela mão até uma mini capela, que havia no navio. Lá, havia homens de sua confiança, algumas criadas e o padre, que concordara com o casamento, contra sua vontade.

-Mas agora?-Ela olhou para ele assustada.-Por que não me disse?
-Falei que havia uma surpresa.-Ele a arrastou até o altar.-Pode começar padre, antes que a moça pule do navio.
-É por livre e espontânea vontade que aqui estão essa tarde?
-Sim.-Daniel olhou para ela.
-Sim.-Ela retribuiu o olhar sorrindo.

*****
Sophia andava nervosa de um lado a outro dentro da casa. O navio ainda estava no porto, ela queria que ele partisse de uma vez. Estava ansiosa pela chegada da noite.

-Há algum problema, senhora?-Joaquim olhou para a esposa intrigado.-Por que anda de um lado a outro? O barulho do seu salto está me desconcentrando.
-Por que não vai ler em outro lugar?
-Essa casa é minha.-Ele se levantou.-Leio aonde quero.
-Então, leia calado.
-Mulher, você me irrita.-Ele a puxou pelo braço.-Venha aqui, sei como calar sua boca.

Em instantes, Sofia estava ajoelhada a frente dele, com o membro duro na boca. Abocanhava como ele a havia ensinado. Sem usar os dentes, apenas sugando e deixando ir o mais fundo possível. E ela havia aprendido rápido, porque em poucos instantes, estava gemendo e a ponto de explodir em gozo.

-Levante-se e tire as saias.

Sofia se levantou devagar, desamarrou a saia e a deixou cair, em um amontoado de tecidos sobre seus pés. Joaquim a colocou deitada na cama, de bruços. Estava na hora de calar a arrogância daquela menina.

Enterrou fundo o membro no corpo dela. E ele sabia, que mesmo fazendo cara de contragosto, ela gostava. Ou não ficaria molhada daquela forma.
Ela segurou nas barras de ferro da cama, logo depois, estava gemendo, conforme ele enterrava mais fundo em seu corpo.

De repente ele se retirou de dentro de seu corpo. Sofia choramingou, queria mais, estava a ponto de gozar. E quando pensou que ele voltaria, sentiu que ele a visitava em um local inapropriado para o ato.

-O que está fazendo?
-Fique calada.-Ele encaixou a cabeça do pau na entrada no rabo dela.-E não faça um escândalo.

Sofia fechou os olhos. Momentos depois, sentiu a pior dor que já havia sentido na vida.

-Para! Está doendo!
-Cale a boca.-Ele tirou um pouco, tapou a boca dela e se aprofundou, enfiando até o talo seus dezesseis centímetros dentro do rabinho virgem da esposa.-Ao menos um lugar em você, que ainda não foi inaugurado.

Sofia grunhia com a boca tampada pela mão dele. Lágrimas fluíam de seus olhos. Ela gritava e o som não saía. Estava ficando vermelha. Joaquim começou a estocar, dessa vez devagar e com precisão. Deu-lhe um tapa na bunda que deixou as marcas de seus dedos.

A raiva e a humilhação a deixaram com ainda mais ódio de Natalia. Estava naquela situação, porque culpa dela. E se vingaria finalmente.

Em pouco tempo, Joaquim estocou e gozou fartamente dentro dela. Caiu ao seu lado sorrindo.

-Ao menos agora, acho que ficará quieta na cama. Duvido que se levante.

As lágrimas de ódio a cegaram. Depois de acabar com Natalia, acabaria com aquele velho e herdaria sua fortuna.

*****
Natalia era só sorrisos. Daniel e ela haviam acabado de trocar alianças. Após a descida do padre do navio, iniciaram sua viagem. Daniel a deixou sozinha no camarote e foi conversar com seus homens, para que tudo corresse bem.

Era difícil de acreditar. Ela deitou-se na cama, totalmente nua, esperando por ele. Finalmente casada. Com o homem que amava. E ele também a amava. Era perfeito.

Só sentia por estar deixando seus amigos, sua família e Enzo, que acabaria arrasado quando soubesse que ela fugiu com outro. Se bem o conhecia, ficaria furioso e tentaria ir atrás, somente para matá-los. Por isso, era bom manter-se longe de sua cidade natal, por muitos anos.

Daniel entrou no quarto ansioso. E vê-la nua, deitada na cama espaçosa, reacendeu a chama ainda mais.

Foi até o baú que estava encostado em um canto. Pegou uma caixinha de madeira e se aproximou da cama.

-Meu amor, acorde.
-Não estou dormindo.-Ela falou, ainda de olhos fechados.-Apenas descansando os olhos.
-Então abra os olhos para ver o que tenho pra você.
-Uma caixa?-Ela sorriu.
 -Abra.-Ele deu em suas mãos o objeto.

Natalia abriu a trava da caixa e encontrou um medalhão. Daqueles em que se colocam fotos. Abriu e viu a foto dele lá dentro. Sorriu, era um presente simples, no entanto, mais significativo, do que qualquer presente que já ganhara.

-É lindo.-Ela passou pela cabeça, o fazendo descansar entre os seios.-Você ficará em seu lugar favorito.

Ambos riram com cumplicidade, até que Natalia se acomodou nos braços de Daniel.

­O que vamos fazer agora?
-Que tal uma massagem?-Ele a deitou na cama e se levantou, pegou em um armário, o vidro de óleo aromático.-Me deixe massageá-la.

Natalia abraçou o travesseiro e deixou que ele cuidasse de seu corpo. Sentiu o óleo escorrendo sobre suas costas e logo depois, as mãos dele estavam ali, acariciando, espalhando o óleo e massageando.

Ele tocava em todas as partes, em poucos instantes, estava nu como ela, massageava o corpo delicado com o seu. Natalia ergueu o quadril e roçou no membro ereto. Daniel estava se segurando, queria ir com calma. Teriam o resto da vida para fazer amor.

Só não sabia ele, que o resto de suas vidas, duraria até aquela madrugada.

Natalia sentou-se na cama e o abraçou. Os corpos lambuzados de óleo, se esfregaram. Daniel a pôs sentada em seu colo, tomou seus lábios com um beijo, enquanto as mãos deslizavam pelas costas oleosas dela.Os dedos dela se perderam entre os cabelos dele, devagar ela ergueu o corpo e o encaixou no membro duro. A penetração foi lenta. Ela escorregou até embaixo, sentindo-o entrando milímetro por milímetro.

Natalia pegou a garrafa de óleo e despejou uma quantidade generosa, sobre as costas e o peito dele. Subia e descia devagar, esfregava o corpo contra o dele. Deslizavam um contra o outro, transformando aquela fricção em algo arrebatador.

Em poucos instantes, estavam ambos se movendo, um contra o outro, com mais ritmo, maior intensidade. Natalia, sentindo-o entrando cada vez mais fundo, gritava de êxtase, com a cabeça jogada pra trás, enquanto se entregava ao clímax. Ele com os dedos, massageava seu local mais íntimo. Isso fazia seu ventre esquentar, o coração bater mais rápido. Quando ele penetrou um dedo, ela já suava frio e pulsava contra o membro dele.

Se Daniel não estivesse muito empenhado em conseguir aquele intento, se entregaria naquele momento. Vê-la gozar daquela forma, uma vez atrás da outra. Senti-la mais quente e o sugando daquele jeito. Não dava pra suportar mais. Daniel há ergueu um pouco e desencaixou. Natalia ofegou quando o sentiu encaixar a cabeça do pau naquele lugarzinho aonde ele mexia antes.

Devagar e aproveitando a lubrificação do óleo, Daniel a conduziu para que sentasse em seu membro. Natalia estremeceu quando o sentiu entrando. Olhou para ele com os olhos marejados, continuou a rebolar, descendo devagar. Ele estava ficando louco. Não queria machucá-la, por isso, se segurou o máximo que pôde.

O prazer dela era tanto, que sentiu seu corpo inteiro esquentar. Passou a rebolar com mais vontade, parando quando havia algum desconforto. Finalmente ele entrou por completo. E quando retomaram o ritmo das estocadas, Natalia já não conseguia mais gemer. Agora gritava de prazer. Principalmente, quando Daniel massageava o ponto inchado entre suas pernas.

Natalia pensou que tinha encontrado o prazer antes. Mas nunca se compararia com aquilo. A sensação gostosa do dolorido, dava um sabor intenso ao prazer. Perdera as contas de quantas vezes o êxtase estalou dentro de si.

Daniel não suportava muito tempo. Deitou-se na cama e deixou que ela acabasse com seu corpo. Natalia estava possuída, entregue. Nunca em sua vida, conheceu mulher como ela. Nunca sentiu prazer igual aquele. Sabia que se não a tivesse para si, se voltaria louco. Agora sabia também, que ficaria louco há qualquer instante, com ela o cavalgando daquela forma. Deixou o corpo seguir seu ritmo. A segurou pela cintura e a segurou contra seu membro, enquanto gozava e se derramava dentro dela.

Natalia tombou o corpo com ele ainda atochado dentro dela e ela gostava da sensação de tê-lo ali. Ele a abraçou e ficaram alguns instantes deitados, ouvindo o coração pulsar, a respiração.

Até que Daniel quebrou o silêncio.

-Não vejo a hora de levá-la a Irlanda.
-Por quê?
-Foi onde eu nasci. É um lugar lindo, a propriedade que herdei de meus pais é vasta. A casa, dez vezes maior do que o palacete onde morava em Amaratta.
-Você nunca falou do seu passado.
-Você nunca perguntou.-Ele escorregou pra fora do corpo dela e a deitou ao seu lado.-O que deseja saber?
-Onde está sua família?
-Não tenho mais pais vivos. E nunca tive irmãos.-Ele enfiou o dedo entre os cabelos dela.-Mas minha mãe era a mulher mais bonita da face da terra. Ela e meu pai tiveram um casamento feliz. Brigavam a todo momento, mas eram felizes.
-Como podiam ser felizes, se brigavam?
-Tinham idéias contrárias quanto a tudo. Mas acabavam se entendendo quando alguém cedia. A maioria das vezes meu pai. Ele nunca desrespeitou ou ergueu a voz para ela.
-Agora entendo por que você é tão educado.
-Minha querida, fui educado na França.-Ele acariciou os cabelos dela.-E por falar nisso, como vai o seu Frances?
-Une merveille.
-Perfeito.-Ele sorriu.-Tenho certeza que o rei irá se encantar contigo, assim como me encantei.

Daniel escorregou a mão para as pernas dela, subiu até onde estava molhado. Deslizava os dedos pelas dobras macias. Natalia fechou os olhos e gemeu, quando ele deslizou o dedo por ali onde ainda estava inchado.

Os lábios dele desceram para os bicos dos seios, parou um momento para sugar ali e continuou seu trajeto.

Ele afundou o rosto entre as pernas dela, começou a lamber e sugar. A região estava avermelhada e inchada, mas ela não parecia sentir nenhum desconforto. Muito pelo contrario, gemia e falava coisas desconexas, enquanto enfiava os dedos entre seus cabelos, rebolava em seu rosto, indicando aonde gostava de ser sugada.

Daniel sentiu em poucos instantes o mel fluir entre seus lábios. Sentiu o sabor dela, o aroma. Ouviu os lamúrios, em poucos instantes, Natalia estava com os olhos pesados, com a respiração mais centrada.

Ele deitou-se ao seu lado. Abraçaram-se e adormeceram no começo da noite. Depois de um longo dia, finalmente encontraram os sonhos, saciados e exaustos, sem saber que a fagulha de um charuto, aceso por um marinheiro, começaria um fogo irreversível no porão, ali aonde guardavam barris de pólvora.

*****

Sophia viu a lua alta no céu e sorriu. Encontrou com os aldeões atrás da igreja.  Eles traziam consigo, tochas, machados e foices. Seria um dia perfeito de caça a bruxa.

A fogueira estava pronta no bosque perto do rio.

-Está na hora minha gente.-Ela falou acendendo uma tocha.-Precisamos exterminar o mal que está entre nós. Vamos queimar a bruxa!
-Queimem a bruxa!!! Queimem a bruxa!!!

O grupo seguiu em direção a casa de Enzo. Ana abriu a porta e se apavorou quando viu aquele monte de pessoas a sua frente.

-Onde está Natalia?-Perguntou um homem.
-Está no palacete, com a noiva do imperador.-Ela estranhou.-O que querem com ela?
-Vamos queimar a bruxa.-Gritou uma senhora lá de trás.-Rápido, antes que ela fuja.

Sofia ficou quando o grupo mudou a direção.

-Onde está Enzo?-Ela perguntou.-Precisamos avisá-lo.
-Está trancado no bordel bebendo.-Ela fechou a porta de casa.-Vou avisar Mercedes, avise Enzo por favor.

Luiza olhava o navio se distanciando, agora a escuridão atrapalhava a visão e nem mesmo com a luneta, conseguia enxergá-los. Respirou aliviada por tudo ter saído bem. Mas percebeu que comemorara antes do tempo. Um grupo de pessoas vinha em direção a casa, com tochas acesas.

-Capitão.-Ela chamou o homem que fazia guarda a frente da casa.-O que está acontecendo?
-Não sei.-Ele indicou dois guardas.-Fechem os portões.

O grupo chegou a casa, mas encontraram o portão fechado. Se puseram a esmurrá-lo.

-O que querem aqui?-Luiza perguntou da sacada.
-Viemos buscar a bruxa.-Disse um velho.
-Iremos queimar a bruxa.-Completou a velha que estava ao lado dele.
-Aqui não há nenhuma bruxa.
-Sabemos que Natalia está aí dentro.
-Natalia não está aqui.-Ela falou convicta.-Natalia se foi há alguns minutos. Deve estar em casa.
-Viemos de lá agora. Ela está aqui. Deixe-nos entrar, ou invadiremos.
-Não há ninguém aqui.-Ela falou irritada.-E não ousem invadir minha casa, ou eu mesma queimarei cada um de vocês.
-Ela deve ter fugido pelo bosque! Vamos atrás dela!

Alcançando o grupo, Ana, Mercedes e o marido, Enzo e Ernesto respiraram aliviados, pelos portões estarem fechados.

-O que está acontecendo aqui, em nome de Deus?
-Vocês não poderão impedir dessa vez.-O grupo avançou contra eles.-Iremos queimar a maldita bruxa.

A cidade transformou-se em um avermelhado. Só se via fumaça por todos os lados. As pessoas eram contagiadas por aquela sede de morte. O padre se aproximou quando a fogueira estava pronta e um grupo fazia um circulo diante dela

Os aldeões se aproximaram, não haviam encontrado Natalia em lugar algum, agora estavam montando um plano de busca pela região. E algumas pessoas ainda tentavam entrar na casa do imperador.

O padre subiu em uma carroça e pediu atenção.

-A bruxa está entre nós.-Todos se puseram a olhar em volta.-Ela nos está manipulando para matarmos uma boa pessoa. São Gerônimo esteve comigo em sonho. Ele me revelou a identidade da verdadeira bruxa. Aquela de cabelos louros, que inveja e se vinga. Que rasteja entre nós como há uma cobra, aquela que fala e fere com palavras, que está sempre contra a igreja. A verdadeira bruxa, não põe os pés na igreja há semanas.
-A bruxa é Sofia!-Gritou uma carola.-Ela nos fez a cabeça contra Natalia. E tudo que a menina fez, foi nos ajudar todo esse tempo, com chás e agrados.
-Queimem Sofia!!!

Não havia para onde correr. Sofia largou a tocha, deu as costas mas foi de encontro ao peito de Enzo.

-Por favor, me ajude. Não sou bruxa.
-Você mexeu com o que tenho de mais precioso.-Ele a empurrou para as mãos do carrasco.-Agora provará de seu pobre veneno.
-Eu não sou bruxa!
-É sim.-O padre se aproximou com uma garrafinha.-Vejam isso, água benta faz mal a ela.

Espirrou umas gotas e a mesma começou a corroer a pele do busto e do rosto. Sofia gritava e esperneava enquanto a levavam até a fogueira.

-O que está acontecendo lá?-Perguntou o capitão a Luiza, que assistia tudo do segundo andar.
-Estão amarrando uma mulher, mas não da pra ver quem é. Tem certeza que Natalia embarcou?
-Claro. Eu mesmo a levei ao camarote de Daniel.
-Então vá até lá com os guardas. Acabe com aquilo.

Sofia entrou em pânico quando começaram a acender a fogueira. O padre se afastou sorrateiramente, tirou o vidrinho do bolso e despejou o ácido que havia ali dentro na água corrente do rio. Lavou o mesmo e enxeu novamente, dessa vez,com água limpa.

Eva saiu do corpo do padre e pairou como uma nuvem sobre eles. Queria ver de perto a cena. Agora que Natalia não vivia mais, estava liberta para possuir outro corpo. Mas primeiro, iria vingar sua irmã.

Quando o capitão e seus guardas se aproximaram, o fogo estava alto. Sofia ainda estava viva, porem o vestido pegava fogo e os cabelos já não existiam.

-Parem com isso, ou eu mesmo irei por fogo em cada um de vocês.-Ele entrou na frente da fogueira.-Guardas, apaguem a fogueira e tirem ela com vida. E ai de toda a cidade se a moça morrer.

Conseguiram improvisar baldes e jogaram água contra a fogueira. Sofia já estava inconsciente.

Quando Luiza chegou, olhou horrorizada acena. A moça parecia morta. Sem Natalia ali e o conhecimento sobre ervas, talvez ela não sobreviveria.


*****
No outro lado do mar, no navio, Daniel acordou com batidas brutas na porta e gritos.

-Capitão! Emergência!
-O que.-Ele se levantou enfiando as calças e abriu a porta.-O que aconteceu? Por que esse alvoroço?
-Fogo.
-Aonde?
-No convés inferior.
-Os barris de pólvora?
-Questão de minutos para incendiar.
-Abandonem o navio.-Daniel encontrou um vestido de Natalia sobre a poltrona e jogou sobre ela.-Natalia acorde.
-O que está acontecendo?-Ela o viu se vestindo e pegando algumas coisas.
-Vista-se rápido, o navio está a ponto de explodir.

Natalia deu um pulo da cama e se enfiou no vestido de qualquer jeito. Sorte que estava bem laçado, era só amarrar. Pegou a bolsa de jóias e a prendeu no bolso interno do vestido. Saiu de mãos dadas com Daniel.

A fumaça cobria tudo. Alguns camarotes já estavam em chamas. Daniel olhou para o lado dos botes, mas estavam a pouco de explodir. O fogo estava intenso.

-Vamos pular na água, depois, quando tudo se acalmar, nadaremos até os botes.
-Daniel.-Ele a levou para a borda do navio.-Eu não sei nadar!

Daniel pulou na água, a levando consigo. Afundaram rápido, mas ele conseguiu levá-la até a superfície.

-Bata os pés.
-O vestido não ajuda.
-Apenas bata os pés.-Ele tentava puxá-la contra si, enquanto se afastava do navio.-Vai ficar tudo bem.
-Essa é uma boa hora para dizer que estou grávida?
-Você o que?-Ele parou por um instante.-Não me disse antes!
-Não tive oportunidade.
-E achou a oportunidade agora?
-Para não morrer com esse segredo.-Ela tentava se segurar a ele, mas escorregava.
-Sabe prender a respiração?-Ele falou pouco antes de ouvir a primeira explosão.
-Sim.
-Não solte minha mão.

Minutos depois, uma onda os arremessou para longe do navio. Natalia tentou segurar a mão dele, mas suas mãos estavam oleosas graças ao óleo de massagem. Tentou segurar, mas a pressão da água era maior que suas forças. Arranhou-lhe a palma da mão com as unhas pontiagudas.

A água a puxou para baixo. Ela não teve tempo de encher o pulmão, o vestido enrolava-se em suas pernas. Sentiu o impacto de algo contra suas costas e abriu a boca, tentando puxar ar. A dor era medonha e não poder respirar piorou as coisas.

E de repente, o torpor e a vida se foram.

Daniel tentou nadar a procura de Natalia, mas uma peça pesada do navio caiu sobre ele. Perdeu os sentidos antes de encontrá-la.

*****
Luiza saiu pela manhã. Foi até a casa de Mercedes entregar a mensagem que Natalia escreveu para ela. A criada informou que eles estavam todos na casa de Ernesto. Ela seguiu pra lá, preocupada com o que enfrentaria.

Quando chegou, encontrou todos sentados a mesa, não estavam tomando o desjejum, estavam preocupados. Enzo e Ana também estavam ali.

-Muito bom dia.-Ela desatou o chapéu e suspirou.-Estive a procura de Mercedes em sua casa.
-Estávamos nos aprontando para ir a sua casa.-Ernesto falou.-Imagino que esteja aqui, por causa de Natalia. Como ela está? Podemos ir buscá-la?
-Natalia não está em minha casa.
-Então, onde está?-Ele perguntou, já se levantando.
-No navio, a caminho da França.
-Senhorita, sente-se e nos explique o que sabe.-Mercedes puxou uma cadeira para ela e voltou a sentar-se, ao lado do marido.-O que sabe sobre minha irmã?
-Natalia e Daniel fugiram juntos.-Ela encolheu os ombros, estavam todos a fitando.
-Como minha mulher fugiu com o imperador?
-De navio.-Ela começou a achar que devia ter solicitado a presença de algum guarda ali para ajudá-la.
-Luiza, o que meu cunhado está querendo dizer, é como fugiram se vocês são noivos, vão se casar.
-Eles se casaram ontem a tarde.-Ela estava cada vez mais nervosa.
-Impossível, ainda somos casados. Aqui ou na França, ninguém pode mudar isso.
-Um documento assinado pelo imperador, anulou o casamento de vocês.-Ela tirou a carta da bolsa e deu a Mercedes.-Ela me pediu para entregar-lhe.
-Você sabe de algo mais menina.-Ernesto falou desconfiado.-Está muito inquieta.
-Estou com mau pressentimento. Ainda acho que seja por causa da situação causada a última noite. Alguém sabe da moça?
-Ao que parece, faleceu.-Ernesto falou.-Há quanto tempo minha filha e esse rapaz se encontram?
-Desde a primeira vez que se viram.-Ela ganhou um copo com água, da ama de Natalia.-Obrigada.
-Eu vou atrás deles.-Enzo se levantou furioso.-Vou matá-los.
-Enzo sente-se.-Ernesto falou irritado.-Essa história, está muito mal contada.
-Papai.-Mercedes levantou-se lendo o final da carta.-Natalia fugiu porque estava grávida. E sabia que o filho não era de Enzo. Temia pela vida dela e do bebê.
-Não pode ser! Natalia não pode ter feito isso.-Enzo ficava cada vez mais vermelho.
-Senhor, se Natalia não tivesse fugido, teria morrido ontem à noite na fogueira. Não haveria quem pudesse fazer nada.
-Ela está certa papai.-Mercedes deu a carta ao pai.-Se ela não estava feliz, foi melhor assim.
-E quem disse que ela não estava feliz ao meu lado?
-Ao lado de um homem bruto que erguia a mão contra ela?-Luiza acusou.-Meu senhor nunca machucaria Natalia.
-Enzo nunca bateu em Natalia.-Ernesto defendeu o genro.
-Bateu sim.-Ana levantou-se, tomando distância do irmão.-Chegou a machucá-la. E se Luiza não tivesse chegado, teria feito sabe Deus o que a ela.
-Por Deus Enzo, diga que não é verdade.-Mercedes fitou o cunhado, que agora baixava a cabeça, com os olhos cheios de água.-O que te deu meu cunhado?
-Ela se recusava a se deitar comigo. Me tirou do sério.
-És um homem, ou um monstro?
-Não sei mais quem sou.-Ele se levantou.-Mas sei que vou buscar Natalia, nem que seja no inferno.

Enzo saiu transtornado, com os olhos cheios. Tomou o rumo do bordel. Somente um bom copo de whisky barato para acabar com a dor no peito.

*****
-Estou vendo algo mais a frente.-O marinheiro falou de dentro do bote.-Acho que são eles.
-Parece ser só uma pessoa.
-O capitão não se solta daquela moça.-Ele suspirou.-Talvez não seja ele. Força no braço, vamos ver quem é.

O bote levou alguns instantes para se aproximar do corpo que estava preso há pedaços do navio que ainda flutuavam.

Quando desviraram, encontraram Daniel, com um ferimento feio na cabeça. Tentaram reanimá-lo, mas sem sucesso.
-Ele ainda está vivo.
-Vamos colocá-lo no barco antes que os tubarões sintam o cheiro de sangue.
-A moça deve estar por aqui.
-Não há nada em volta.-Eles olharam.-Estamos procurando o capitão a horas. Devemos levá-lo de volta, antes que ele morra por conta do ferimento.
-Mas ela pode estar viva.
-Acredita mesmo nisso?
-Tudo é possível embaixo dos céus.-Disse um marinheiro.
-Vamos nos dividir. O grupo do outro bote, que está mais machucado, seguirá de volta para Amaratta. Os mais fortes, ficarão e vamos varrer o mar a procura da mulher. Que seja o corpo para o capitão sepultar.

*****
-Senhora. Olhe senhora, estou vendo terra. Árvores. Não é miragem, estamos alcançando terra.-O moço falou com Natalia.-Agüente firme senhora, vou achar alguém para ajudá-la.

O marinheiro mais jovem, encontrou Natalia assim que ela encontrou a superfície, já desmaiada. Conhecia as técnicas de respiração boca a boca, apesar de não ser algo praticado na época.
Conseguiu fazer com que ela cuspisse a água que estava no pulmão, mas não conseguiu reanimá-la. A colocou sobre uma tábua solta do navio e se pôs a remar, a procura dos botes que foram arremessados a quilômetros de distância.

Agora, faltava pouco para encontrar terra. E rezava para que houvesse alguém para ajudá-los.

Enquanto remava, já confortado pela certeza de que estavam a salvo, ele sentiu algo morder sua perna. Em poucos segundos, foi puxado para o fundo do mar. E não voltou mais. Só o sangue que tingiu de vermelho a água.

Um pescador viu algo se aproximando da praia. Já haviam encontrado pedaços do navio aquela manhã. Agora, viam o corpo boiando. Correu para o mar seguido por dois companheiros. Se puseram a tentar resgatar o corpo, antes dos tubarões.  

Quando trouxeram Natalia até a praia, um deles, exausto, tropeçou e a deixou cair.

Natalia abriu os olhos naquele momento. O pescador mais velho ralhava com o que a deixou cair. Quando se deram conta, de que ela estava se mexendo.
-Ela não está morta. Vamos levá-la para a casa de Mãe Anita.

Levaram Natalia sobre a tábua, como se fosse uma maca. Ela olhava tudo em volta, sem saber onde estava. Ou como chegara ali. Nem ao menos sabia quem era. Sua cabeça doía tanto, a garganta ardia. Com alguns sacolejes, ela virou o rosto e começou a vomitar. O bebê também fazia sua parte, colocando para fora, o que podia lhe fazer mal.

*****
O capitão viu um bote de longe. Correu para o porto. Quando olhou na luneta, viu que se tratava da tripulação do navio de Daniel. Providenciou uma carroça, viu um homem seriamente ferido.

Quando o bote atracou, ele foi ajudá-los. Viu Daniel quase morto A hora já ia avançada. Pelo visto, passaram o dia embaixo do sol escaldante, navegando no bote.

-O que aconteceu?
-O navio explodiu.
-E onde estão os outros?
-Ficaram, estão procurando mais sobreviventes.-O marinheiro largou o remo e saiu do bote, para ajudar os mais afetados.-Não sabemos direito como aconteceu. Não sobrou muita coisa.
-Senhor.-Ele tentou reanimar Daniel.-Senhor, está me escutando?
-Ele não responde. Não se meche. Acho que está morto.
-Vamos levá-lo para casa. Luiza saberá o que fazer.

*****
Na manhã seguinte, toda a aldeia sabia sobre a explosão do navio. E todos já sabiam sobre a suposta morte de Natalia, já que o segundo grupo chegou sem ela.

Daniel foi reanimado pela noite. O ferimento era profundo, mas Luiza conseguiu suturar e cuidar dele.

Pouco antes do meio dia, Mercedes chegou a casa, exigindo falar com Daniel. Ele não falava muito, ainda estava em choque, ficava todo o tempo olhando a palma da mão, onde estava a marca profunda das unhas de Natalia. Quando viu Mercedes entrar, ergueu a cabeça, ela parecia transtornada.

-Seu maldito, como tem coragem de viver, depois de matá-la?
-Ele não a matou.-Luiza defendeu Daniel.
-Ele levou Natalia escondido.
-Ela foi porque quis.-Luiza começou a se alterar junto com ela.
-Natalia era uma criança. Uma criança sonhadora e inocente.-Ela chorava desesperada, tentou avançar sobre Daniel, mas um guarda a segurou.-Você a matou! A tirou de nós para levá-la a morte! Assassino!
-Tire-a daqui!
-Não. Ele matou minha irmã e o bebê que ela esperava. Amaldiçôo você. Espero que morra a míngua.
-Leve essa louca daqui.

Luiza se voltou para Daniel. Viu lágrimas escorrendo por seu rosto.

-Não leve em consideração o que ela diz. Está em choque.-Ela trocou o pano úmido que havia colocado na testa dele.-Agora me deixará cuidar de sua mão?

Quando ela tocou na mão dele, levou um tapa. Ele ainda não deixava, apesar de estar bem inflamado. Respirou fundo e se levantou. O deixou sob segurança de um guarda. Não queria correr risco.

*****
Meses depois...
-Moça?-Anita sorriu quando viu Natalia em pé, olhando pela janela.-Já está recuperada?
-Não sinto nada.-Ela apontou para a janela.-Algo me diz, que vim de lá.
-Não sei o que fica pra lá. Mas é bom você se cuidar. A qualquer momento essa criança vai querer vir ao mundo. Já que se recuperou da pneumonia, tente não abusar da sorte.
-Tenho aula essa tarde.-Ela sentou na cama.-Não posso ficar parada aqui. Minhas crianças devem estar esperando.
-Tenha cuidado. A lua vai mudar essa noite. Qualquer coisa errada, mande alguém me chamar.
-Tudo bem Mãe.

*****
Daniel estava sentado no salão real, esperando o rei para uma conversa séria. Desde que se recuperara, voltou para a França e não quis mais saber do clero.
Alguma coisa lhe dizia que o rei não tinha boas notícias.  E mesmo quando o viu entrando com bom humor, sabia que a notícia não iria lhe agradar.

-Daniel.-Ele sorriu quando lhe apertou a mão.-É bom vê-lo inteiro. A última vez que o vi, estava arregaçado. Como foi a última batalha?
-Exaustiva.
-Fez o que lhe pedi?
-Tenho cinco homens para apresentá-lo. Homens capacitados para tomar meu lugar. E creio senhor, quando os vir em combate, nem lembrará que existi.
-Isso é ótimo.-Ele sorriu satisfeito.-É difícil achar cavaleiros como você. Agora, vamos tratar do que me trouxe até aqui.
-Não veio falar sobre a batalha?
-Não. Vim falar sobre Isabel.-Ele colocou a mão sobre o ombro de Daniel e se pôs a caminhar ao seu lado.-Minha filha do meio. Já é moça, está em idade de se casar.
-Senhor, não sei aonde quer chegar.
-Estou lhe concedendo a mão de minha filha em casamento.-Ele sorriu amigável, mas logo percebeu a cara descontente dele.-O que há homem? Devia estar feliz, estará seguro até a sua última geração.
-Senhor, não o informei antes, foi um erro meu.-Ele se afastou um pouco do rei.-Há pouco mais de sete meses, eu me casei com uma moça do clero.
-Eu já fui informado sobre isso. E também sei que ela morreu.
-Não sei senhor, ainda tenho esperança de encontrá-la viva.-Ele respirou fundo.-Ela e meu filho.
-Você, melhor do que ninguém, devia saber que não há chances.
-Senhor, há chances.-Ele estava exausto e angustiado.-Não seria o marido apropriado para Isabel. Eu não... funciono com outras mulheres.
-Como é isso?-Ele serviu duas taças de licor e deu uma a ele.-Está... invalido?
-De certa forma.-Ele sorriu.-E creio que o senhor irá desejar netos. Não poderei dá-los ao senhor. Algo me aconteceu durante o acidente.
-Entendo.-Ele sorriu desconcertado.-Muito que bem. Ficará para o jantar, creio eu.
-Será uma honra senhor.

*****
-Vamos minha filha, faça força.-Anita falou preocupada.-Não posso fazer nada, se não fizer força.
-Estou fazendo.-Ela fechou os olhos.-Mãe Ana, vai demorar? Estou exausta.
-Vai ser a hora que tiver que ser.-Ela suspirou.-E pelo que estou vendo, irá entrar madrugada com essa criança na barriga.

Natalia suava, ofegava, a dor ia e vinha. Mas o que mais a incomodava, era a imagem de um homem. Bonito, com olhos verdes e a pele queimada de sol. Ela se esforçava para lembrar mais, para ver mais. Aquele era o mesmo homem da foto do medalhão. E o nome... faltava pouco pra lembrar o nome. Estava ali, só faltava sua mente se ajeitar.

-Daniel!-Ela gritou quando sentiu a dor forte da contração.
-Daniel, esse é o nome do seu filho?
-Não.-Ela sorriu com os olhos marejados.-É o pai dela.
-Dela? É uma menina?
-É uma menina.-Ela sorriu.-E vai nascer Mãe Ana, vai nascer.
-Então empurra menina empurra.

*****
Daniel não conseguia pregar os olhos. A imagem de Natalia estava tão nítida em sua mente, que perdia o sono com facilidade. E não havia nada que o fizesse dormir. Estava intranqüilo, talvez fosse à possibilidade de ela ter voltado a Amaratta e ele ainda estar ali, sem poder buscá-la. Ou ela poderia estar precisando dele. Mas ele sabia, ela não estava morta.

Olhou para a marca na palma da mão e lágrimas brotaram em seus olhos. Respirou fundo e se deitou. Precisava acabar com aquilo, iria enlouquecer sem ela.

O rei passou os olhos sobre as mulheres mais belas do castelo. Encontrou uma que batia com a discrição que lhe deram de Natalia. Cabelos negros, olhos azuis, pele branca. A levou até o quarto de Daniel. As ordens eram simples e precisas.

-Seduza-o. Não saia desse quarto, sem consumar o ato.
-Sim meu senhor.

A moça entrou no quarto sorrateiramente. Daniel estava deitado. Não se moveu. Ela tirou a roupa e foi até a cama. Deitou-se devagar, desceu a mão para dentro da calça. Normalmente, os homens já dormiam armados e prontos para a guerra do sexo. Mas aquele ali, parecia não estar a fim de lutar. Foi mais ousada, desceu os lábios até o membro. Se pôs a chupá-lo. Não havia movimento. Nada do que ela fazia, o estimulava. Então, resolveu acordá-lo.

-Querido, abra os olhos, tenho uma surpresa.-Daniel a jogou na cama e colocou uma faca afiada contra sua garganta, a moça ficou apavorada.-Acalme-se, não sou um inimigo.
-Por Deus mulher, o que está fazendo aqui?
-O vi no jantar. Gostei de você.-Ela sorriu e acariciou o rosto dele.-Que tal brincar um pouco?
-Não.-Ele guardou a faca.-Saia daqui.
-Ah que isso, você ainda não sabe o que posso fazer. Posso levá-lo ao paraíso.
-Não entende mulher, não vai adiantar.-Ele levantou da cama e acertou a calça.-Volte para seus aposentos. Não há nada aqui que lhe interesse essa noite.
-Posso voltar amanhã?
-Não! Saia daqui.

A mulher saiu frustrada. Como um membro daqueles estava sendo desperdiçado adormecido daquela forma? Um homem tão novo, se recusava a acreditar que sofria de impotência.

Alcançou o rei ainda em seus aposentos. Ele a olhou com cara de péssimo humor.

-Já? O que houve?
-Não houve nada.-Ela suspirou.-Ele não funciona.
-Como?
-É, tentei acordá-lo de todas as formas. Mas não funciona. Parece que é insensível.
-Entendo.-Ele fechou o semblante.-Mas isso irá mudar, quando vir a beleza de Isabel.

*****
Eva estava adormecida em um canto escuro que ela mesma não sabia onde ficava. Nem quanto tempo se passara. Mas sentiu-se sugada para algum lugar. Não sabia o que aconteceria, talvez, fosse o fim de sua existência.

Quando de repente se sentiu em casa. Abriu os olhos, viu um bebê roxo sendo posto em seu colo, um bebê que gritava e tremia. O que era aquilo? Olhou para suas mãos, ergueu o rosto. O que estava acontecendo? Não era possível que aquele corpo, fosse o dela.

-Um espelho.-Ela pediu e logo uma criada trouxe um espelho pequeno, ela se olhou e não acreditou no que viu.-Natalia!
-Será Natalia, o nome da sua filha?
-Não. Natalia é meu nome.-Natalia voltou a si.-Ela se chamará Eva.
-Eva é um nome bonito.-Anita a confortou melhor a cama.-Dê leite a ela. Está berrando de fome.

Natalia beijou a filha e sorriu. A criança era um anjo lindo. Cabelos negros, ainda estava com os olhinhos fechados, mas algo lhe dizia, que eram verdes como os olhos do pai. Abriu a camisola e ofereceu o seio a menina.

Eva, em seu interior, pela primeira vez na vida, se emocionou. Natalia estava viva. E deu seu nome a menininha roxa. E era uma menininha linda. Agora, precisava saber tudo que aconteceu em sua ausência e tentar levar Natalia para casa.

*****
Daniel atracou no porto de Amaratta com Isabel ao seu lado. Uma frota com os melhores homens do rei os seguiram. E as criadas mais bonitas, foram com eles.

Durante a viagem, a moça ruiva tentou usar artimanhas para prendê-lo a cama. Mas era impossível, nada o fazia se animar com uma mulher. Talvez o que diziam fosse verdade. Natalia era uma bruxa e ao enfeitiçá-lo, fez com quem ele só tivesse intenções para ela. Desde a primeira vez que a tocou, somente Natalia recebeu suas atenções.

E olhando para trás, o mar lhe trazia lembranças. Lembranças de um ano atrás, quando tentou levá-la dali e a perdeu. Mas tinha fé que a encontraria.

Ao chegarem a casa, se deparou com uma Luiza em estágio inicial de gravidez. Uma barriga pequena, que não mudava em nada sua silhueta. Quando o viu, ela se atirou em seus braços.

-Daniel, meu senhor, quanta falta fez nessa casa.
-Minha querida.-Ele segurou suas mãos e a afastou.-Está um encanto. E esse rebento? Finalmente Santiago...
-Estamos casados há cinco meses.-Ela sorriu.-Perdoe-nos, não pudemos esperar pelo seu regresso, para pedir autorização.
-Pois têm não só minha autorização, como também têm minha benção.-Ele a beijou na testa e se voltou para Isabel.-Deixe-me apresentá-la. Essa dama se chama Isabel, é filha do rei.
-Ó perdão.-Ela sorriu.-O que alguém tão nobre faz aqui nesse fim de mundo?
-Vim conhecer as terras de meu futuro marido.-Luiza abriu bem os olhos, quando a ouviu falar.
-Como? Outro senhor irá possuir essas terás?
-Lu, é uma grande e chata história. Chame alguém para acomodar as senhoras e me prepare um chá. Também mande alguém me preparar um banho.
-Sim senhor.
-Criadinha insolente não?-Isabel torceu o nariz.-Cheia de intimidades.
-Deixe-a em paz.-Ele a conduziu até as escadas.-Tenho que fazer uma coisa, creio que ficará confortável em seus aposentos.
-Claro. O estarei esperando, meu querido.

*****
-Está na hora de voltar.-Eva falou do outro lado do espelho.-Junte tudo que conseguiu, siga nesse navio que atracou no porto. Vamos voltar para casa.
-Tenho medo de enfrentar o mar mais uma vez. Minha filha...
-Dessa vez, vai dar tudo certo.-Ela sorriu.-Eva já está grande, está na hora de conhecer o pai. E temos que ir, antes que tudo se perca.
-Vou falar com o homem que está na pensão. Se ele puder nos levar, iremos nesse navio.
-Leve Henrique e Sara com você. Não vamos sair sem proteção.

Natalia colocou o medalhão com sua foto e a de Daniel, em volta do pescoço de Eva e a deixou descansando no berço. Saiu a procura do homem, ele lhe falou sobre Amaratta. Entregava condimentos e tecidos lá.

Conversou com Mãe Anita, ela lhe ofereceu o filho do meio para acompanhá-las. Henrique iria com elas de bom grado. E Natalia ainda tinha economias. As jóias, mesmo depois da explosão, continuaram presas no bolso da saia. Vendeu algumas e por sorte, a moeda de ouro, não valia tanto quando em Amaratta. Ali, com três moedas de ouro, ela conseguiu comprar uma casa pequena. Tinha uma criada que fazia queijo e doces que eram vendidos na pensão.

Conversou com Sara, sua criada. No outro dia, pela manhã, estavam embarcando no navio. Natalia não se desfez da casa. Sabia que algum dia voltaria ali. Despediu-se de sua nova família. Um ano passou com eles ali. Mas agora, era hora de encontrar sua família de verdade.

E pelo que se informou, teria três dias de viagem, até seu destino.

Estava no convés, perdida em pensamentos, com Eva nos braços, quando Henrique se aproximou e parou ao seu lado.

-Está distante ultimamente. O que tem passado?
-Tenho medo do que irá acontecer. Como reagirão quando me virem.
-E com o pai da Eva principalmente, não?
-Provavelmente, ele deve ter se casado com outra mulher.-Ela abraçou a filha junto ao peito.-Ele amava minha beleza e só isso.
-E se não for assim?-Ele falou pensativo, procurando as palavras certas.-E se ele estiver lhe esperando?
-Então vou lutar para ficar ao lado dele.
-Sabe como por o sentimento dele a prova?
-O que está querendo?
-Nada, você simplesmente disse que ele amava sua beleza.
-Sim.
-Então, peça a Sara para lhe fazer uma marca no rosto. Ela sabe usar argila e outros instrumentos, lhe fará um belo trabalho. Deixe Eva com ela e vá até ele. Se mesmo assim ele a quiser, fique ao lado dele. Caso contrário, volte e se case comigo.

Natalia enrubesceu ao ouvir o pedido. Henrique não era um homem feio, um moço cheio de boas intenções, muito bem criado e educado. Mas não o amava e nem ia se arriscar cometendo um desatino tamanho. Já havia Enzo em seu passado. E não sabia se Daniel estava mesmo vivo. Não queria se envolver com outro homem.

Levantou-se e se trancou no camarote com Sara. Não era hora para esquentar a cabeça, com pensamentos libidinosos.

*****
Isabel andava pelas ruas da cidade, torcendo o nariz para tudo e todos. Uma criada a seguia de perto. Entrou no armazém, olhou em volta e viu um moço muito interessante, comprando algumas coisas. Ele era forte, tinha a pele dourada, os cabelos louros presos num rabo de cavalo.

-Finalmente algo interessante nessa cidadezinha ordinária.
-Senhorita, cuidado. Seu noivo não irá se agradar.
-Meu noivo é um inválido. Estou pegando fogo.-Ela sorriu e encarou o rapaz.-Esse moço, irá me servir.

Quando trocaram olhares, o sorriso foi mútuo. Ele se aproximou devagar e as cumprimentou. Ela o observou se afastando e se voltou para a serva.
-Descubra quem é ele.

Isabel voltou para a casa do imperador. Subiu até os aposentos dele e entrou sem bater. Ele estava sentado em frente a lareira. Olhava um quadro. Quando ela se aproximou, viu uma moça bonita, retratada na tela. Longos cabelos negros, olhos azuis. Logo viu que se tratava de Natalia e isso a deixou furiosa.

-Pintura interessante.
-Acabei de receber, fiz a encomenda pouco antes de viajar.
-É ela? A mulher que o deixou impotente pra mim?-Ela começou a desabotoar o vestido e o deixou cair aos seus pés, se aproximou dele com uma combinação azul curtinha.-Aposto que consigo fazer você esquecê-la.
-Impossível.-Ele levantou-se e levou o quadro pra cima da lareira, o pendurou ali.-Não haverá no mundo, quem me faça esquecer Natalia.

Daniel percebeu a fúria dela. E se não quisesse problemas com o rei, teria que domá-la com sabedoria.

Ela estava agora sentada em seu lugar, contrariada igual há uma criança mimada.

-Você já se apaixonou Isabel?-Ele sentou-se na cama, um tanto afastado dela.
-Uma vez sim.
-O perdeu, ao que imagino.
-Casou-se com outra mulher.
-Ao menos não está morto.-Ele pigarreou.-Eu a amava. Ainda amo, com toda minha alma. Não consigo olhar para outra mulher. E sempre que outra mulher se insinua, me lembro dela. Na verdade, lembro-me dela a todo momento. E dói saber que ela foi arrancada de mim, com um filho no ventre. Por isso, espero que entenda.

Isabel baixou a cabeça e respirou fundo. Ao menos, tinha com quem se abrir.

-Meu pai quer que me case, para não ter dores de cabeça. Eu gosto de homens e tenho um par de conquistas.
-Entendo.
-Já que não me deseja, não se importa que eu veja outros homens, não é mesmo?
-Vá em frente. Só seja responsável. E cuidado para não se magoar mais uma vez.
-Quando estiver pronto para acabar com a farsa...
-Esse final de semana, será o nosso... noivado. Vamos levar adiante por mais algum tempo. Seu pai parece disposto a casá-la. Ao menos aqui comigo, terá mais liberdade.
-Está certo.-Ela sorriu e se levantou, enfiando-se novamente no vestido. Vou sair, não sei quando retorno.

Daniel respirou aliviado, ao menos estava livre das artimanhas dela.

*****
-Atracaremos na cidade, no começo da noite senhora.
-Obrigada capitão.-Natalia estava nervosa, parou em frente ao espelho a procura de conforto.-E agora?
-Vai devagar.-Eva também já estava entediada.-Desça no porto, use um chapéu que cubra o rosto. Arrume uma pensão. Depois, você vai vê-lo. Organize os pensamentos primeiro. Você não sabe o que está por vir.
-É bom não chamar atenção mesmo.

Ela olhou para o berço aonde a filha descansava e fechou os olhos, ficando um momento a sós com as lembranças. Lembranças dos toques, lembranças dos beijos. Será que era real? Será que ele ainda era o mesmo? Um ano se passou, ele poderia ter conhecido outras mulheres, ter se casado com outra mulher. Fosse o que fosse, ela tinha que ser forte para enfrentar.

*****
Isabel e sua dama de companhia passeavam pela cidade, a procura de algo interessante. Nada ali valia a pena, a não ser, aquele belo homem louro, suado, que estava passando pela praça.

-Descobriu algo sobre ele?
-Não é ninguém que valha a pena, é um reles ferreiro. Chama-se Enzo.
-Ferreiro é?-Ela sorriu.-Eles estão a me perseguir.
-Senhorita, esse homem, talvez não seja boa escolha.
-Não vejo defeitos nele. Vejo músculos, beleza... fogo. Adoro homens com porte e cara de mau.
-Senhorita, ele foi o primeiro marido da mulher do Imperador.
-Nossa, essa mulher tem bom gosto. Daniel é um belo homem, mas não sei porque em nome de Deus, alguém trocaria um tipo como estes, por ele. Tão sentimental e romântico.
-Talvez ela goste.
-Gostava. Não se esqueça que virou comida de peixe.
-Daniel que não a ouça falando assim.

As duas viram Enzo pregando a ferradura no casco de um cavalo. Quando notou a presença das duas, ele sorriu.

-Posso ajudá-las?
-É um belo animal.-Isabel falou o olhando nos olhos.
-É um dos cavalos do imperador. Estava com a ferradura gasta.
-Sei.-Ela sorriu.-Creio eu, que existem alguns outros cavalos no palacete, que precisam de ferradura. E potrancas.
-Bom, se a senhorita desejar, posso dar um jeito nisso.
-Ah você vai dar um jeito sim.-Ela sorriu esbanjando sensualidade.-Eu ouvi dizer, que por aqui há uma cachoeira. Pode nos levar até lá? Claro, se não estiver ocupado.
-Aguarde só um segundo senhorita...
-Isabel.-Ela tocou a mão quente dele e se arrepiou inteira.-Ficarei aguardando ferreiro.

Enzo sabia o que aquela mulher queria. Ela exalava luxúria. Tinha o cheiro de fêmea no cio. O aroma mais doce e suave que ele já sentira na vida.

Após entregar o cavalo nas mãos do capataz e lavar as mãos, ele voltou para onde estavam as duas. A moça que acompanhava Isabel, parecia desconcertada. Mas ela parecia não se importar.

Pegaram o caminho para o rio conversando sobre coisas da cidade. E Isabel falava sobre a França e os lugares aonde morou. De repente, uma figura apavorante pulou de dentro do mato. O susto foi tamanho, que Isabel adiantou suas intenções e sem querer, se atirou nos braços de Enzo.

-O que é isso, em nome de Cristo?
-A brincadeira não teve graça Sofia.-Enzo falou irritado.
-Não foi uma brincadeira.-Ela fuzilou a moça em seus braços, com um olhar medonho.-Quem é ela?
-Não lhe interessa.-Ele enfiou a mão no bolso e tirou algumas moedas.-Está com fome?
-Sim.
-Compre algo para comer. E pare de importunar as pessoas.
-Obrigada querido.-Ela sorriu e saiu mancando.
-Santo Deus misericordioso, o que é aquele ser horripilante?
-É Sofia. Há um ano, tentaram queimá-la em uma fogueira. Foi na noite em que explodiu o navio do imperador. Por sorte, os guardas conseguiram tira-la de lá com vida.
-Chama aquilo de sorte? A criatura está desfigurada.
-Foi ela quem procurou. Acabou enlouquecendo, vive na floresta, pensa mesmo ser uma bruxa. Algumas pessoas se assustam, outras têm pena.
-Você é um dos que têm pena.
-De certa forma, contribuí para que ela chegasse a esse ponto. Mas é uma história longa, não vale a pena ouvir.
-Muito pelo contrário. Finalmente encontrei algo interessante nessa cidadezinha empoeirada.

Os três continuaram sua caminhada até a cachoeira escondida dentro da mata. Não estava um dia muito quente para nadar, mas Isabel era levada. Ia até os extremos, só para conseguir um homem em sua cama. E Enzo não seria diferente.

A dama de companhia ficou de longe, espreitando caso alguém aparecesse. Isabel tratou logo de tirar o vestido longo e, como gostava de se sentir sensual, arrancou também a roupa de baixo. Pulou na água congelante, deixando Enzo bastante excitado.

-Hei, vai ficar aí parado? Vem também, a água está ótima.

Ele se deixou guiar pelo instinto, arrancou as roupas e mergulhou. A água fria serviria para seu auto-controle, caso a intenção dela, fosse somente jogar.

-Sabe o que sempre quis saber?
-Não, o que?
-Como são os beijos de um ferreiro.-Ela falou se aproximando dele, deixando os seios fora da água.-Sempre quis saber se são selvagens, ou carinhosos.
-E o que prefere?
-O que você quiser.
Ele a puxou pela cintura e tomou os lábios dela de uma forma possessiva. Um gemido de prazer surgiu dentro dela e foi abafado pelos lábios dele. Enzo deslizou as mãos pelas costas dela e a ergueu pelas pernas, fazendo o corpo dela friccionar com o seu.

Isabel desceu as mãos para o membro dele, sufocou um gemido quando o sentiu duro feito ferro e quente feito brasa. Queria sentir aquela ferramenta dentro de seu corpo naquele instante.
Enzo a segurou pelos cabelos, puxando sua cabeça para trás, deixando seu pescoço livre para beijar e morder. A pele dela era branca, contrastava com o dourado de sua pele. Suas mãos arranhavam a pele dela de tão ásperas, mas isso fazia com que ela gostasse mais ainda.

As pernas dela se envolveram em sua cintura e ele devagar encaixou seus corpos. Isabel jogou a cabeça pra trás e gritou. Há tanto tempo estava em jejum. Nenhum guarda, nenhum nobre, ninguém que apagasse seu fogo, porque seu pai descobriu suas escapadas e a trancou no castelo.

E pensar que estivera a ponto de enlouquecer, quando soube que Daniel não conseguia mais. Agora daria um jeito de manter Enzo por perto, para não perder a sorte que voltara ao seu caminho.

Enzo pensou estar sonhando. Um, sonho bem louco, aonde uma mulher se excitava com ele pelo que era e não pelo dinheiro que tinha para pagar. O corpo dela era tão macio, cheiroso, que se envergonhava de ter mãos tão ásperas e ser tão bruto. Em um momento parou os movimentos e a levou para a margem.

-Estou te machucando?
-Não, eu gosto assim.-Ela o beijou.-Continua.

Ele voltou a se afundar entre suas pernas. Não demorou estava ambos gemendo e se entregando ao êxtase.

-Senhorita, rápido. Os guardas!

O encanto se quebrou na hora. Isabel empurrou Enzo para um lado e correu para se vestir. Ele também foi atrás de suas roupas, sabia que ela não era qualquer pessoa, mas não tinha idéia de quem fosse.

Quando terminaram de se vestir e subiram o caminho de pedras, encontraram dois guardas com a dama.

-Droga, são os piores.
-Se quiser, eu dou conta disso.
-Não, com essa prole eu me entendo.
-Senhorita.-O guarda mais velho fuzilou Enzo com o olhar.-Está tarde. Daqui a pouco começará a festa, o imperador mandou buscá-la.
-Mas será que não posso me distrair um pouco? Não estamos na França Henry, largue do meu pé!
-Senhorita, tenho ordens do seu pai...
-Ele não ficará sabendo.-Ela se voltou para Enzo sorrindo.-Muito obrigada por me mostrar a... cachoeira.
-Estou ao seu dispor senhorita.

Isabel e a companheira foram andando na frente, acompanhadas pelo guarda mais novo. O mais velho, Henry, ficou para trocar algumas palavras com Enzo.

-Não volte a se aproximar dela. Não é para o seu bico. E se o imperador descobrir que estava mostrando... coisas a sua noiva, pode mandar prende-lo ou até enforcá-lo.
-Ah, é a noiva do imperador?-Ele sorriu.-É, a vida dá voltas, ontem foi Natalia, hoje Isabel.

Daniel viu Isabel chegar a casa com uma cara péssima. Se bem a conhecia, iria fazer um de seus escândalos costumeiros.

-Onde estava?
-Por aí, com um ferreiro. Meu noivo não me deseja, tenho necessidades...
-Por Deus Isabel, com o ferreiro?-Daniel respirou fundo.-Ele a forçou?
-Não, muito pelo contrário, eu o forcei.-Ela sorriu cheia de malícia.
-Cristo.-Ele sacudiu a cabeça.-O que direi a seu pai, se aparecer com o filho de um ferreiro nos braços?
-Não dirá nada.-Ela ergueu a saia.-Se fosse pra acontecer, já teria acontecido faz tempo.
-Isabel, podemos conversar um instante no escritório?

Os dois subiram as escadas e se trancaram no escritório. Daniel pegou um copo de conhaque e deu a ela.
-É para se aquecer.-Ele sentou-se e indicou a poltrona para ela.-Agora, diga. Há algo que eu deva saber?
-Desde nova eu não consigo me controlar.-Ela baixou o rosto envergonhada.-Sinto desejo pelos homens e são sempre os piores. Mercadores, ferreiros, guardas.
-Seu pai sabe? Foi por isso que a enviou comigo?
-Sim. Ele me mantinha trancada no quarto, com um guarda a porta. Mas não deu certo, porque consegui atrair o guarda para minha cama. Alguns dizem que é o demônio que tenho no corpo, mas creio eu, que seja apenas um pouco mais... afoita que as outras mulheres.
-E o homem de hoje?
-Não foi culpa dele. O atraí e seduzi. Fazia meses desde a última vez...
-Isabel, tente controlar isso.-Ele respirou fundo.-Se não puder, da próxima vez seja mais discreta, não deixe os guardas te pegarem. Se seu pai souber, serei um homem morto.
-Não vai me trancar e proibir de sair também?
-Não posso dar o que procura.-Ele falou com pesar.-E não quero que sofra por isso. Mas tome cuidado. Essa cidade é estranha, não fique pulando de cama em cama. E não se meta com homens casados. Aqui, qualquer falha que uma mulher cometa, eles logo armam uma fogueira.
-Entendo.-Ela se arrepiou inteira, quando lembrou-se de Sofia.-Vou me arrumar agora. Prometo ser a mulher mais bonita que essa cidade já viu essa noite.
-Faça isso.

Daniel respirou fundo. Estava sendo um covarde, não querendo enfrentar o problema. Mas não queria outro problema ainda maior. Mandaria homens de sua confiança atrás de Isabel, só para garantir sua segurança. E não interferiria. Talvez ali, nos braços de um bruto, ela encontrasse o amor selvagem que tanto procurava.

*****
Ao cair da tarde, ela já podia avistar a cidade. Estava um pouco tumultuada. Seria difícil não esbarrar em conhecidos ali. Foi para seu camarote terminar de aprontar suas coisas. Sara e Henrique estavam prontos, a pequena Eva estava acordada brincando com uma boneca de pano, feita por mãe Anita.

-Está tudo bem senhora?
-Sim, estamos chegando. Estou ansiosa.
-Não fique,vai dar tudo certo. A senhora vai ver.

O navio atracou ao cair da noite. Natalia desceu com a ajuda de Henrique, pegou Eva dos braços de Sara e quando se virou, tomou um baita susto.
Uma mulher desfigurada estava atrás dela. Um manto negro cobria todo seu corpo, tipo uma capa, dos pés a cabeça.

-Me deixe ler sua mão, posso ver seu futuro senhora.
-Sofia?-Ela recuou um passo e foi de encontro ao peito de Henrique.-Santo Deus...
-A morta.-Sofia olhou Natalia por baixo do véu do chapéu.-Você voltou dos quintos dos infernos para me assombrar. Mas você não vai conseguir, não vai!

A mulher saiu correndo o máximo que podia, enquanto puxava da perna.

-Não se assuste senhora.-Um homem falou enquanto a ajudava com as malas.-É uma pobre diaba que vive na cidade há muitos anos e encontrou um destino cruel.
-Deus tenha misericórdia.-Ela falou assombrada.
-Mas diga-me, têm lugar para ficar, ou precisa de hospedagem?
-Precisaremos de hospedagem por essa noite.
-Tenho um quarto sobrando. Hoje é a festa de noivado do imperador. A pensão está cheia de viajantes.
-Noivado do imperador?-Ela fitou Henrique nos olhos.-Na verdade, preciso de dois quartos. Um para mim e meu marido e outro para a babá e a criança.
-Daremos um jeito, fique tranqüila.

Natalia corou pela mentira, mas sabia que precisaria de ajuda para enfrentar aquela situação. Nada melhor, do que contar com a ajuda de um homem forte e que estava disposto a ajudá-la.

Logo depois de se acomodarem, ela penteou os cabelos de forma elegante, se perfumou, arrumou as roupas mais bonitas que tinha consigo e deixou Eva sob os cuidados de Sara.

Henrique a acompanhou pela cidade. Ela estava usando o chapéu, para não ser reconhecida. Sentiu um frio na barriga, quando cruzou com Enzo no meio do caminho. Por sorte, ele estava com a cabeça em algum outro lugar, porque não notou sua presença.

-Está tudo bem?
-Não.-Ela apertou o passo para não esbarrar com Enzo.-É um conhecido.
-Entendo.

O caminho até a casa do imperador, nunca pareceu tão longo. Natalia tremia ao ouvir de longe, a música. Noivado! Aquele maldito estava noivo! Ele não a procurou, ela estava a três dias de distância.

As lágrimas de raiva iam fluindo, até que chegou ao portão e tentou se recompor. Era mais fácil enfrentar aquela situação com a cabeça erguida.

-Senhora, o convite.
-Não preciso de convite pra entrar nessa casa.-Natalia falou com o nariz erguido.-Sou a senhora dessa casa.
-Sem convite, nem o rei entra.-Falou o guarda com prepotência.
-Lhe dou dois segundo para sair da minha frente-Ela falou irritada.
-Ou a senhora fará o que?-Ele indagou irônico.

Natalia se voltou para Henrique um instante e no seguinte, desferiu um soco com precisão no queixo do indivíduo, fazendo com que sua mandíbula saísse do lugar.

-Caramba!-Henrique segurou a mão dela enquanto entravam.-Por que não deixou que eu fizesse isso?
-Sei cuidar de mim, já disse.
-Guardas, intrusos!-Grunhiu o guarda indo atrás deles.-Prendam essa mulher!
-Não ouse tocar em mim.-Ela falou, já se preparando para golpear o outro que vinha em sua direção.-Exijo falar com Daniel e vou falar!
-Senhora, a festa é particular.
-Deixará de ser agora!

Quando Natalia tentou ultrapassar, os guardas a cercaram. Um deles, com a espada em punho.
-Identifique-se!
-Ora seu. Tem dois segundos para abaixar essa arma, ou verá a forca ao amanhecer!

*****
Enzo entrou em casa e notou uma presença. Ficou alerta, podia Ser Ana que passara para uma visita, ou podia ser um intruso. Quando se aproximou do quarto, percebeu alguém escondido atrás da cama.

-Quem está aí?-Ele acendeu um lampião e se aproximou.-Sofia? O que faz aqui?
-A bruxa está lá fora. Ela quer me pegar.
-Que bruxa? De quem está falando?
-Natalia, ela veio no navio. Ela está aqui.-Ela o abraçou.-Não deixa ela me pegar Enzo, por favor, não deixa.
-Hei, acalme-se. Você deve ter visto alguém parecido.-Ele a afastou e a ajudou a deitar na cama.-Fique aqui, vou lá ver quem é essa mulher.

Enzo se dirigiu para a hospedaria. Sabia que Natalia estava morta, mas se existisse alguém no mundo que tivesse a mínima semelhança com ela, ele queria conhecer.

Logo no bar viu os viajantes. Mas todos homens, marinheiros, nenhuma mulher estava ali.

Se aproximou do homem que estava menos embriagado, tinha o semblante sério e pensativo.

-Boa noite.-Ele sentou ao lado do homem, ambos de frente para o balcão.-Ouvi rumores de que chegou com esse navio, uma mulher.
-O que quer saber?
-Sabe o nome dela? Como ela é?
-O nome eu não me lembro.-Ele tomou um gole da bebida.-Mas as duas mulheres eram diferentes. Uma é baixinha e gordinha, morena, estava sempre com o bebê. Deve ser a babá. E a senhora era alta, pele clara, cabelos longos negros, olhos azuis. Uma mulher linda. Mas estava sempre acompanhada do marido.
-Marido?
-Acho que é. Afinal, viajaram juntos e têm um bebê também.
-Sei.-Ele reforçou.-Tente lembrar o nome da mulher.
-Não sei.-Ele virou pra trás.-Ô Lucas, lembra o nome da senhora que trouxemos?
-Só quem sabe é o capitão.
-Aonde posso encontrar o capitão?
-Está ali, com as duas moças.-Ele apontou para um canto, aonde um homem ria e se divertia com duas das prostitutas da cidade.-Mas se fosse você, não ia lá não. Ele detesta ser interrompido.
-Sabe o que essa mulher veio fazer aqui?
-Parece que nasceu aqui. Estava em uma ilha há alguns dias daqui. Quase ninguém sabe da existência do lugar, fica no caminho do redemoinho. Poucos são os que se aventuram.
-Entendo.-Enzo se voltou para o garçom.-Mais um copo para o cavalheiro, por minha conta.

Enzo se levantou e entrou na pensão. Demorou a encontrar o dono, estava saindo de um quarto, bastante risonho.
-Enzo, meu rapaz. O que faz por aqui?
-Ouvi falar de um casal que chegou mais cedo no navio. Sabe alguma coisa sobre eles?
-Não. Mas parece gente fina. A mulher anda com um chapéu cobrindo o rosto. E o homem, todo elegante.
-Em que quarto estão hospedados?
-Nos fundos. Mas nem adianta ir até lá, eles saíram. Acho que vieram para a festa do imperador. Foram para lá há pouco.
-Entendo.-Ele respirou fundo.-Você viu o rosto da mulher?
-Não, estava coberto por um véu. É gente que você conhece?
-Acho que sim. Alguém que estou esperando há algum tempo.-Ele apertou a mão do homem.-Obrigado. Se precisar de algum serviço, pode falar comigo.
-Amanhã passo lá pra acertarmos as contas.
-Estarei aguardando.

Enzo voltou para casa, a fim de tomar um banho e se vestir. Iria penetrar na festa do imperador, e descobrir por que a tal mulher misteriosa, incomodou tanto Sofia.

*****
Daniel ouviu o falatório e barulho de espadas. Viu alguns guardas seguindo para a entrada principal.
-Com licença Isabel.-Ele se afastou e viu um guarda.-O que está acontecendo lá?
-Alguém exige entrar. Deve ser algum bêbado.
-Um bêbado não moveria tantos homens.

Ele seguiu atrás dos guardas. Quando chegou, viu uma mulher e um homem com espadas nas mãos, três guardas estavam caídos no chão feridos. Quando um deles avançou sobre a mulher, ela conseguiu se livrar do golpe e com perfeito equilíbrio o rendeu, enquanto o homem lutava com outro guarda.

Um deles a segurou por trás. Ao tentar ergue-la do chão, o chapéu que ela usava caiu, aproveitando-se disso, a mulher deu-lhe uma cabeçada no nariz, fazendo com que o guarda se soltasse.

Quando ela se voltou, Daniel ficou sem reação. Os cabelos se soltaram e ao ver aquele rosto lindo, ele quase não acreditou. Um guarda avançou sobre ela e ele a defendeu, empunhando a espada e desarmando o homem. Ficaram os dois frente a frente. Respirações ofegantes, os dois guardas que sobraram de pé, observavam a cena com espadas em punho.

-Natalia.
-Senhor Imperador.-Ela soltou a espada no chão e pegou o chapéu que estava preso em seus cabelos.-Que surpresa chegar em sua festa de noivado. Onde está a noiva? Quero vê-la, parabenizá-la e colocá-la para correr com um ponta-pé.
-É você mesma.-Ele a puxou pela cintura e lhe deu um beijo cheio de saudades e desejo.-Meu amor, se não estou sonhando, devo estar morto no paraíso.
-O que significa isso?-Isabel apareceu à porta e cruzou os braços.-Como beija outra mulher assim, em nossa festa de noivado? O que meu pai irá dizer quando souber... Ah meu Deus, é ela...
-É.-Daniel se aproximou de Isabel, puxando Natalia consigo.-Isabel, Natalia, minha esposa. E a mulher da minha vida.
-Não acredito nisso.-Ela olhou em volta, ainda havia curiosos.-Vamos sair daqui, conversar no escritório. Isso aqui vai ferver daqui a pouco.
-Quem é essa mulher?-Natalia perguntou a Daniel, enquanto rumavam para as escadas dos fundos.
-Isabel é um tanto fútil, mas é uma mulher sensata e inteligente. Já irá descobrir o que está acontecendo aqui essa noite.

Henrique os seguiu, não queria deixar Natalia desamparada. Se trancaram os quatro no escritório. Daniel conduziu Natalia até sua cadeira, em frente à mesa.

-Antes de mais nada, quero saber o que está acontecendo aqui? Desapareço por um ano e você arruma outra mulher?
-Não arrumei outra mulher.-Daniel voltou-se para Isabel.-Isabel é filha do rei. Ele, sabendo do acidente e pensando que você estava morta, forçou um noivado entre nós. Viemos para Amaratta para que não houvesse um casamento forçado.
-Essa festa de noivado é apenas um embuste.-Isabel falou com a cara amarrada.-Não há nada entre mim e Daniel.
-E já que estão aqui, por que essa festa?
-Vieram conosco, uma corja de guardas do rei. Para mantermos as aparências, fizemos a festa. Mas o rei tem tanto que se preocupar com seu reino, que não viria até Amaratta nunca, descobrir se é verdade ou não nosso noivado.
-Certo.-Natalia respirou fundo.-Um ano se passou. Por que não me procurou?
-Eu procurei.-Ele ajoelhou-se aos seus pés.-Pelas cidades vizinhas, ilhas, tudo que estava próximo do acidente. Mas encontramos o redemoinho e não conseguimos ir além.
-Se tivesse se esforçado um pouco mais. Boa vontade não mata ninguém.
-O capitão que conhecia aquelas redondezas morreu no acidente.-Ele lhe beijou os dedos.-Mas agradeço tanto a Deus por estar aqui de novo. Mesmo que não me perdoe pela falta que cometi com você. Só em saber que está bem.
-É, estou bem.-Ela baixou os olhos e viu a cicatriz na testa dele.-O que foi isso?
-Foi durante o acidente, não lembro muito bem como aconteceu.-Ele beijou seus dedos e a abraçou pela cintura.-Meu amor, eu sei que temos muito que conversar, mas devemos resolver essa questão. Lá embaixo há um salão repleto de convidados.
-Irá prosseguir com o noivado?
-Não.-Ele olhou para Isabel.-Sinto muito, mas não posso desperdiçar essa oportunidade.
-Eu não me importo, você não me vale de nada mesmo.-Ela abriu a porta do escritório.-Vou me trocar. Acabe com essa festa de uma vez por todas.
-Isabel...
-Deixa ela ir.-Natalia o segurou.-Ela pode estar apaixonada por você. Imagino que estejam dormindo juntos.
-Não imagine.-Ele se levantou.-Precisamos conversar. Há muito que conversar, mas não agora.-Ele se voltou para Henrique.-E esse, quem é?
-Henrique é um bom amigo. Veio me acompanhando, para que não viesse sozinha em um navio repleto de homens.
-Vocês viajaram juntos?-Ele ficou sério e se levantou.
-Pare de pensar besteiras.-Ela também se levantou.-Acabe com a festa. Não terá mais noivado.

*****
Enzo viu um bocado de gente voltando da casa do imperador, estranhou. Estava cedo, a festa devia estar começando agora.
Encontrou o padre vindo com sua carroça e o deteve.
-Boa noite Padre. O que aconteceu lá? Por que estão voltando?
-Acabou a festa, não haverá noivado.
-Sabe me dizer o motivo?
-Um guarda disse que foi uma mulher que chegou e beijou o imperador. A noiva dele viu e não gostou. Deve ter sido fricote de mulher.
-Uma mulher? Esse guarda disse quem foi?
-Não.
-Vou até lá.
-O homem já se recolheu.
-Não tem problema, ele irá me receber.

Enzo continuou seu caminho. Viu dois guardas em frente à porta principal. Sabia que não iria conseguir entrar facilmente. Deu a volta pelos fundos e pulou o muro. Foi caminhando devagar sobre o muro, como um gato bem equilibrado. Viu luz em uma janela, ao se aproximar, viu Isabel soltando os cabelos em cascatas de cachos ruivos.

Sem pensar, pulou no balcão de sua janela, fazendo com que ela se assustasse.

Quando Isabel viu de quem se tratava, largou a escova na penteadeira e foi correndo abrir a janela para ele entrar.

-O que faz aqui ferreiro? Enlouqueceu?
-O que aconteceu? Por que não tem mais festa?
-Assuntos pessoais do imperador.
-Que tipo de assunto?
-Diga-me o que quer.
-Você.-Ele sorriu, Isabel era esperta, era melhor manipulá-la lentamente.-Vim invadir a festa, só pra te ver. E não há mais festa.
-Ótimo.-Ela sorriu enquanto tirava o robe de seda lilás.-Aproveite que não tem ninguém aqui e termine o que começou essa tarde.

Eles ouviram uma discussão no corredor e Enzo a afastou de si. Devagar se aproximou da porta do quarto e ouviu a voz feminina se afastando.

-Ferreiro, é melhor não se meter nesse assunto.
-Você sabe da história?
-Sei que ela o preferiu. Entenda isso de uma vez e seja feliz.
-Não é assim tão simples.-Ele abriu a porta.-É questão de honra.

Isabel ficou irritada quando o viu correndo atrás da outra, assim como Daniel correu quando a viu.

Enzo seguiu pelo corredor e desceu as escadas. Viu o casal abraçado no meio do salão, sozinhos. Daniel falava algo no ouvido dela, acariciando-lhe os cabelos.

O coração duro de Enzo apertou quando a viu sorrir e beijá-lo. A revolta, o rancor, a raiva, na verdade, o ódio que sentia ao se deparar com aquela cena veio a tona.

Natalia sentiu a presença de alguém encima da escada e quando voltou-se, perdeu a cor da face. Daniel seguiu o olhar e fechou o sorriso quando o viu parado encima da escada.

-O que faz aqui?
-Ouvi rumores de que uma mulher muito parecida com Natalia estava aqui. Resolvi ver com meus próprios olhos.-Ele desceu alguns degraus, parando perto deles.-E olha, parabéns, conseguiu a cópia exata. Até parece a mesma.
-Pare de brincadeiras Enzo.
-E olha, fala igualzinho a ela.-Ele riu e se aproximou.-Quando terminar de brincar, me empresta.
-Ora seu...
-Enzo, vá embora, por favor.-Natalia falou, segurando Daniel.-Não é hora, nem o lugar.
-E quando será à hora? E o lugar? Acho que a hora é agora, vocês podem querer fugir de novo.
-Não temos mais por que fugir.-Natalia falou.-Tudo já está feito. Sei que doeu, mas já paguei pelo que lhe fiz.
-Enzo, eu peço que se retire.-Daniel puxou Natalia para  perto de si.-Temos assuntos a tratar, está tarde.
-Não saio daqui sem a cabeça de um de vocês.-Ele puxou a espada que estava presa a bainha.-Um dos dois, tanto faz se forem os dois.
-Está louco? A casa está repleta de soldados. Você não sairá daqui vivo.
-Há essa altura dos acontecimentos, acha que alguma coisa me importa?-Ele viu Daniel puxando a espada.-Você era tudo que eu tinha. Casou-se comigo para chegar ao imperador, não se preocupou com o que eu sentia. Simplesmente fugiu com outro.
-Eu já paguei por tudo que lhe fiz. Agora, por favor, me deixe em paz.
-Não Natalia, não vou deixá-la em paz. Eu poderia ter deixado esse infeliz morrer naquele incêndio, vou matá-lo de uma vez por todas.
-Natalia, afaste-se.-Daniel a colocou atrás de si.-Ele quer luta, é isso que vai ter.

Daniel e Enzo ficaram frente a frente, segundos intermináveis de silêncio e momentos seguintes de tensão, quando as duas espadas começaram a se tocar, em uma luta violenta. Enzo era rápido, Daniel sabia esquivar no momento certo, ambos tinham bom treinamento. Um, por ser capitão da guarda real, outro, por confeccionar espadas e ensinar esgrima.

Natalia se desesperou, segundos que pareciam minutos, minutos que pareciam horas. Enzo tentou acertar Daniel no estômago, esse se livrou por pouco. Um grito de pânico sugeriu de dentro dela e foi sufocado com a mão.

Um guarda apareceu à porta, ela pensou em pedir ajuda, mas sabia que matariam Enzo. Se deixasse tudo nas mãos de Daniel, ele saberia como contornar a situação.

As espadas pararam no alto, ambos respirando pesado, um fitando os olhos do outro. Fúria e sede de sangue. Eva sabia no que aquilo resultaria.  Os homens eram animais estúpidos, lutavam por honra, mulheres, objetos e até, ceroulas velhas. Era hora de acabar com aquilo, antes que algum deles saísse seriamente machucado.

-CHEGA!-Ela gritou e chamou a atenção dos dois para si.-Vocês pensam que são o que? Acabem com isso agora, ou passaremos a noite aqui.
-Isso só vai acabar, quando um de nós estiver morto.-Enzo se voltou para Daniel e lhe deu uma rasteira, jogando-o no chão, aproveitando de seu momento de distração.-E esse alguém será você.
-Enzo, não.-Natalia se jogou sobre o corpo de Daniel e a espada de Enzo parou a poucos centímetros de suas costas.-Não pode matar o pai da minha filha. Mate a mim, fui eu quem o feriu, não o mate.
-Intruso, guardas!-O guarda que passeava por ali ouviu os gritos e momentos depois, a sala estava repleta de guardas com espadas em punho.
-Levem-no para a prisão do porão.-Daniel falou enquanto ajudava Natalia a se sentar.-Você está bem?
-Hum?-Natalia voltou a si e viu Enzo sendo levado dali.-O que houve?
-Como assim o que houve? Você se jogou na frente da espada dele.
-Agi pela emoção eu acho.-Ele a ajudou a levantar.-Não me dei conta.
-E foi a emoção que o deteve. Natalia, onde está o bebê?
-Está em um lugar seguro.-Ela respirou fundo.-Henrique irá cuidar dela.
-Quero vê-la.
-Hoje não.-Ela respirou fundo e se afastou dos braços dele.-Temos que conversar. Vamos para o quarto?

Subiram ambos para o quarto principal. Natalia estava séria, sabia que Eva havia precipitado as coisas, não queria ter que falar sobre o bebê agora. Tinha medo de perdê-la. Afinal, não sabia realmente quem era Daniel e do que ele era capaz. O tempo que ficou fora, serviu para lhe abrir os olhos. Fizera uma loucura e só agora, pensava nas conseqüências dela.

-Então, o que quer falar?
-Em primeiro lugar, isso.-Ela lhe deu um tapa estalado e forte no rosto, que deixou marcas de dedos avermelhados.-Agora me beija.

Daniel sentiu falta daquela mulher. Só agora se dava conta disso. E seu corpo concordava, finalmente dando sinal de vida.

Ele começou a puxar os fios do espartilho dela, soltando a roupa com pressa. Acabar com a vontade de ambos e matar o desejo que ficou preso um ano inteiro.

Natalia também o despia com pressa, fome de sexo. Estar nos braços de seu homem. Não queria mais esquentar a cabeça com o que passou, queria amar e ser amada. E nesse momento, queria sexo. Queria sentir os beijos, queria retribuir e fazer com ele, tudo que imaginou que faria.

Ajoelhando-se no chão, pôs seu primeiro desejo em prática. O tirou de dentro das calças, fazendo-o pulsar entre seus lábios. Alojá-lo dentro da boca era difícil. Só cabia mesmo a cabeça avermelhada. Conteve-se com isso, sugando a cabeça e lambendo o corpo duro e cheio de veias. Daniel lhe segurou os cabelos, puxando mais contra si, fazendo movimentos leves. Estava muito excitado. Um ano sem funcionar. Não tinha controle sobre seu corpo. Sensações se apoderaram dele e o tesão foi impossível de segurar. Tentou tirar da boca dela, mas ela o segurou e massageando suas bolas, punhetando o corpo do pau molhado de saliva, conseguiu fazer com que ele gozasse em sua boca.

Chupou e chupou, o limpou inteiro e engoliu não por gosto, mas por prazer. Foi ótimo ver a cara de satisfação dele, quando a viu engolindo.

Ele a puxou para si, ainda com a mão emaranhada em seus cabelos. Ambos voltaram a se beijar, dessa vez, um beijo mais tranqüilo, cheio de carícias. Daniel sabia que era sua vez de retribuir. E sentiu o cheiro dela, cheiro de desejo, desejo que ele compartilhava. A fez se deitar na cama, com as pernas para fora, ajoelhou-se entre elas e se pôs a acariciar o corpo feminino, cheiroso e um tanto queimado de sol.

Os seios dela estavam maiores e mais sensíveis, o toque dele a fazia estremecer e suspirar, ansiando por mais. E ao chegar em seu lar, o centro dela, lugar de onde nunca mais iria se afastar, sorriu feliz da vida, enquanto depositava beijos sobre a pele lisa e sem pêlos.
-Como consegue?
-O que?
-deixá-la assim, lisa.
-Isso?-Ela sorriu e relaxou.-Passei a vida fazendo a barba do meu pai e sei muito bem manusear lâminas.

Daniel lambeu bem ao centro, sabia e ainda lembrava-se de como ela gostava. Seguiu pressionando o clitóris dela até deixá-lo inchado e sensível. Natalia gemia baixinho, enquanto as carícias eram leves. Conforme ele foi dando intensidade, sugando e lambendo, usando os dedos, ela já não conseguia mais se conter e gemia, gritava e pedia mais. Enterrava os dedos entre os cabelos dele, rebolava e quanto mais se contorcia, mais próximo chegava do êxtase.

Estava em agonia, quando finalmente se libertou e gozou. Já não conseguia mais receber afagos na região, estava sensível de mais. E sentia-se vazia, queria que ele a invadisse e acabasse com a agonia e a penetrasse naquele instante.

Os homens não lêem pensamentos, as mulheres mostram o que querem e na hora que querem. Ela o puxou para si, Daniel a ajeitou ao meio da cama, deitou por cima dela e ficou alguns instantes a observando, devagar direcionou o membro para a entrada e a penetrou.

Naquele momento, ambos concordavam que aquele era o lugar do qual nunca deveriam sair. Enroscados em braços e pernas, com beijos longos e demorados, se movendo um contra o outro. Não havia mais nada no mundo que importasse. Estavam em casa.

*****
Isabel revirou na cama, mas o barulho do quarto ao lado havia matado seu sono. Pois sim que ele não funcionava. Nunca na vida havia gritado daquela forma, nem mesmo com o melhor homem com quem se deitou. Aquela mulher devia mesmo ser uma bruxa. Já tinha a fama mesmo.

Batidas na porta a tiraram do momento de angustia. Ela se levantou e abriu para a dama de companhia.

-Senhorita, lhe trouxe um chá. Ouvi Luiza comentar que seria assim a noite inteira. Como seu quarto fica ao lado, pensei que estivesse com problemas para dormir...
-Não pense besteiras.-Ela suspirou.-Sabe o que foi feito do ferreiro?
-Está trancado no porão. Será julgado pela manhã. Talvez, irão enforcá-lo.
-Desperdício.-Ela  pensou um instante.-Me dê cobertura.
-O que irá fazer, senhorita?
-Não pergunte, apenas me ajude.

Isabel colocou o robe e desceu as escadas. A criada foi na frente, indicando onde ficava a entrada para o porão. Havia um guarda no lugar. Isabel havia treinado bem sua dama. Em poucos instantes, estavam ambos jogados atrás de sacos de farinha, trepando feito loucos.

Isabel conseguiu as chaves e foi até a cela. Enzo estava lá, sentado na cama, olhando para uma mancha na parede.
-Hei ferreiro, não me diga que não sabe abrir essa fechadura?
-O que faz aqui mulher?
-Cale a boca e saia daí.-Ela abriu a porta de ferro.-Vamos, temos pouco tempo.
-Deixe-me aqui.
-Está louco? Será enforcado pela manhã.
-Não importa.
-O que?-Ela se indignou.-Com tantas mulheres no mundo, se deixará ser enforcado por uma que não o ama? Saia daí ferreiro, antes que eu o tire com sopapos.
-Você não entende...
-Não preciso entender.-Ela largou as chaves no chão.-Se acha que vale a pena. É uma lástima, você sabe manusear o ferro como ninguém.

Enzo sorriu com o trocadilho e se levantou. Isabel estendeu a mão para ele e ele a aceitou, ambos esgueiraram-se pelas escadas e saíram pela porta dos fundos.
-Leve-me com você.-Ela pediu.-O imperador me deve um pedido. Não o matará.
-O imperador não é confiável, quando se trata em pagar favores.
-Ele fará tudo, para que ninguém se coloque entre o amor deles.-Ela o beijou cheia de fogo.-Não sei cozinhar, nunca dobrei uma peça de roupa. Preciso de criadas para tudo. Mas sei fazer coisas, que mulher alguma faz... na cama.
-Você é louca, sabia?-Ele a puxou pela cintura.-Vamos logo, quero descobrir o que sabe fazer.

Eles roubaram um cavalo no estábulo e desceram a trilha galopando. Enzo se enfiou no bosque, construiu uma cabana confortável ali, era seu lugar favorito. Até Sofia encontrar e passar a dormir lá. Como ela estava em sua casa, era o momento perfeito para levar Isabel até lá.

Quando chegaram, ele a ajudou a descer e amarrou o cavalo em uma árvore. Entraram na cabana, não havia luz alguma. Os olhos estavam acostumados a escuridão. Enzo encontrou uma vela, acendeu. Sofia escondia os fósforos, tinha pavor de fogo.

A cama rangeu quando ele deitou Isabel sobre ela, o robe foi desamarrado, ficando uma camisola a mostra. Curta e decotada. Aquela mulher se vestia para o sexo, há qualquer momento que fosse.

Ele ergueu o corpo e arrancou a camisa e as botas. Instantes depois, estava sobre a cama, rasgando a camisola ao meio, descobrindo o corpo feminino e macio.

Os seios eram pequenos, mamilos rosados. Os lambeu a procura dos gemidos dela. Gemidos precipitados, de alguém que estava sempre pronta e sedenta por mais. Isabel arqueou as costas, empinando o busto em direção ao rosto dele. Fechou os olhos e gemeu mais alto, quando ele sugou com vontade. Adorava ser acariciada nos seios. E se entregava aos carinhos dele como nunca se lembrara de ter se entregado um dia.

Enzo tirou as calças enquanto pulava de um seio a outro, queria ela inteira e tinha pressa. Libertando o membro, ele a colocou de quatro e o conduziu até o ponto molhado, penetrando de uma vez, fazendo um grito de prazer sair dos lábios dela.

Isabel lembrou dos gritos de Natalia e entendeu o que ela sentia. Era amor, finalmente entendeu o que era aquilo. Senti-lo penetrando seu corpo, no mesmo ritmo em que seu coração batia. Enzo mexeu não só com seu corpo, mexeu com sua alma também.

Com mãos calejadas, ele a puxava pela cintura e se enterrava por inteiro dentro dela. Dava tapas estalados no traseiro, deixando a pele dela marcada e dolorida.

Ele tirou o pau de dentro dela, conduzindo-o um pouco mais acima, usando a lubrificação natural do corpo dela, forçou a entrada.
-Pode entrar com força ferreiro.-Ela bradou desorientada pelo êxtase.-Estou louca pra sentir o seu ferro aí atrás.

Enzo riu enquanto entrava devagar. Não daria esse prazer a ela, porque seria o seu limite. Sentiu a pressão sobre seu pau, a sucção, quando entrou por inteiro, a danada o prendeu. Tentou se mover, mas não conseguiu. Momentos depois, sentiu novamente a sucção. Ela o estava mamando literalmente por trás. Alucinado pela sensação, Enzo tentava tirar o pau e voltar a enterrar. Devagar ela soltou e deixou que ele se encarregasse de lhes dar prazer.

Arremetendo direto e dessa vez com toda força que pôde, Enzo gozou com um urro que fez estremecer a casa.

Isabel também gemia e gritava ao ser atingida pelo clímax. Ambos caíram sobre a cama, abraçados, com a respiração ofegante. Isabel suspirou, finalmente encontrou algo que preencheu o vazio.

Enzo por sua vez, estava tentando entender as emoções. Como uma mulher que acabara de conhecer, o fizera esquecer Natalia daquela forma? Ele não a tocava esperando encontrar a outra. Ele queria e sentia a necessidade de tocar e amar Isabel. Fechou os olhos aspirando o aroma dos cachos acobreados dela e suspirou.

-Moça?
-Sim?
-Como é mesmo o seu nome?
-Isabel.-Ela sorriu.-E você ferreiro?
-Enzo.-Ele beijou o pescoço dela.-Seu criado.
-A partir de hoje, será sim.

*****

Irlanda, dois anos depois...

-Querida, suas cartas chegaram.-Daniel entregou um maço de cartas nas mãos de Natalia.-Espero que sejam boas notícias.
-Obrigada.-Natalia sentou em frente a lareira e começou a ler as cartas.
-Entao, alguma novidade?-Daniel sentou ao lado dela e a abraçou, cobrindo a ambos com um cobertor pesado.
-O filho de Mercedes e Nicolas completará um ano daqui há dois meses. Ela nos convida para festejar com eles. E também diz que Enzo e Isabel também terão um filho. Ao que parece, tudo está bem na aldeia.
-Foi uma boa escolha, deixar Enzo e Isabel juntos. Imagino a cara do rei, quando descobrir que ele não é conde e sim, um simples ferreiro.
-Agora já está fetio. Fico feliz, Enzo é um bom homem, merece a felicidade de ter uma mulher que o ame.
-Concordo.-Ele a beijou.-Eva está dormindo?
-Está tirando um cochilo. Por que?
-Estive pebnsando em fazer um pouco de barulho com você.
-Aproveite querido, aqui as paredes são grossas e podemos fazer o barulho que quisermos.
-Então, com licença minha rainha.-Daniel tirou Natalia da poltrona e viu um envelope pequeno cair.-E isso, o que é?
-Tem o selo real, acho que é pra você.
-Espero não ser má notícia.-Ele a depositou na cama e abriu o envelope.-Isso só pode ser brincadeira.
-O que?
-O rei está exigindo o direito de pernada sobre você.
-O que? Está brincando?-Ela ajoelhou na cama e tomou o envelope.-Não se preocupe, Eva dará um jeito.
-Eva?
-É uma longa história meu amor. Te conto hoje a noite, antes de dormir. Agora, me beija, vamos acabar com esse silêncio.
-Princesa, a melhor coisa que aconeceu na minha vida, foi te encontrar. Agora, só me resta mante-la para sempre ao meu lado.
-Serei sua pra sempre meu querido.-Ela olhou no espelho e piscou para Eva.-Seremos suas para sempre.

Daniel sorriu enquanto a beijava. Tinha um milhão de mulheres em uma. Uma amante, companheira, esposa, gladiadora, mãe, professora, amiga, confidente. Natalia era o suficiente, por isso não conseguia olhar para outra mulher. E se todos os homens do mundo encontrassem em suas muilheres todas essas outras, não haveria desavença entre casais.

Natalia e Daniel deram sorte de encontrar um ao outro. E na vida é assim, quando menos esperamos, o amor aparece.

Tenham uma vida feliz. Aproveitem e façam bastante amor, não façam guerra. Beijos a todos.